sábado, outubro 30, 2004

Sempre na memória, O Poeta do Courel

Estou nas últimas horas do dia, deste Sábado chuvoso. Estou a ponto de nom fazer o sacrificio para ir a Compostela e ir a Ferrol. A consciência tira-me para um lado, o coraçom para outro. Nom sei. Incertidom de novo, ainda que esta incertidom seja bastante pouco séria a respeito das incertidons das que falava ontem. Nom me apetece ir a Compostela, ainda consciente de que desaproveito umha oportunidade. Irei a outros seminários, seguramente. Mas a este, que para mim era necessário, justo nom me resulta cómodo de assistir. Já veremos o que fazemos.

Hoje, por certo, há cinco anos da morte do Poeta do Courel, o irrepetível Uxío Novoneyra. Outro vulto da literatura galega que destacou polo seu compromisso social. A defesa deste país e as suas gentes estava presente na sua obra e na sua atitude. Sei que às vezes a poesia que se posta aquí nom resulta de fácil compreensom para @s
noss@s visitantes do Brasil e Portugal, pola barreira ortográfica, polos abondantes castelhanismos, palavras falsamente galegas ou falsos cultismos...pensem estes e estas amig@s que na Galiza estivemos a sofrer cinco séculos de submetimento a Espanha, com a conseguinte perda da norma culta do galego, pervivente no português em todos os padrons vigorantes e participantes dos acordos ortográficos, mas impedida de se desenvolver aquí, ao ter sobrevivido a nossa língua apenas a nível de fala popular durante centos de anos. Quem começarom no S. XIX de novo a escrever em galego, fixerom-no para um público alfabetizado apenas em espanhol e nom houvo um consenso sobre o padrom ortográfico a seguir; houvo intentos de tomar como referente o português, e houvo quem optou por transcrever segundo a ortografia espanhola a fala popular. Por isso há tanta diferença, ainda hoje, entre lêr um autor e lêr outros. A homenagem, dentro das nossas modestas posibilidades, ao Poeta do Courel, é obrigada, porque ele tinha umha qualidade, a pesar das suas humildes origens, superior a outros da sua geraçom, ou de posteriores geraçons que tinham a sua carreira de Filología e umha cultura literária de partida superior. Também porque até os seus últimos dias, igual que Manuel Maria, igual que Luisa Villalta, salvando as diferenças que se queiram salvar, mantivo o seu compromisso exercendo-o com factos concretos. Lembro ainda aquele Uxío Novoneyra que formara parte da Mesa polo Traslado á Terra d@s Pres@s. Eram anos aqueles, para mim, de marchas a Teixeiro, de viagens constantes a Ferrol e Compostela, de activismo anti-repressivo ao lado de pessoas como Joam Peres, Henrique Nunes Barreiro, Inácio Martins...alí estava ele, ainda que só fosse para emprestar o nome...a umha causa esquecida e difícil. Apenas, e aínda assim nada menos, estes versos breves, mas carregados de força, do Novoneyra.

DO COUREL A COMPOSTELA

Os que así nos tein
Só tein os nosos nomes no censo,
Que astra a nosa suor sin alento se perde na terra.

GALICIA, ¿será a nosa xeración quen te salve?
¿Oreo un día do Courel a Compostela por terras liberadas?
¡Non, a forza do noso amor non pode ser inútil!

sexta-feira, outubro 29, 2004

Hoje pode ser o derradeiro post da semana, ou quiçá o penúltimo. Depende de como se me apresentem as cousas para o Sábado. Fechamos semana. Levo dias a falar com amig@s de um tema: fechar capítulos. Deixar atrás cousas, lugares, pessoas. Antes foi com Elvira e Alberte. Os dous, por separado, falavam-me de que estes dias estavam marcados, para cada um deles por circunstáncias diversas, pola incertidom e, às vezes, pola necessidade de tomar decisons nom sempre fáciles de tomar. O outro dia, falei de algo parecido com Sônia. Sônia nestes dias, tivo que tomar umha decisom muito difícil para ela. Os acontecimentos, como digo, dam abalos sem avisar. E nós somos tam complexos, que fazemos o mundo aínda mais difícil do que é. Eu também estou abalado pola incertidom, porque se estám a produzir cámbios na minha vida. Parece como se tudo estivesse mutando porque umha espécie de relógio invissível estivesse a marcar umha hora fatídica, ou algo polo estilo. Nom quero entrar em detalhes sobre vidas alheias. Nom vou fazer público aquilo que nom devo fazer público. Sim direi que a estes três amigos lhes desejo o melhor. Que lhes desejo força no caminho, vaiam onde vaiam a partir de agora. E que eu hei de estar um pouco com eles. Quando o necessitem, nom tenhem mais que lembrar-se de que tenhem o meu alento.

Hoje decidim postar um poema de um autor corunhês. Sei de outra amiga que no seu dia se sentiu culpável por lhe ter superado num concurso...nom fai mal, Henrique Rabunhal é Henrique Rabunhal, ainda que o concurso o ganhe Alízia e o mestre fique no áccessit.


A ILHA DOS AMORES


Que todo regresse a ser esta loucura da tarde,
Remoínho de incenso a esvarar polos corpos,
Ilha de consumados amores, de vitoriosos erectos
Músculos, de clítores alimentados de goços e saudades.
Que todo venha da mao da ousadia e do prazer,
E que todo vibre ao som das músicas mais antigas
E ao calor da incerteza que sucede e acompanha
As cicatrizes de umha memória rebelde e quebradiça.
Que todo, os corpos e as almas dos que somos,
Lembre a raça da discórdia e as cores da rebeldia.
Que a nacionalidade dos que somos seja a ternura,
Harpa intrépida que nos adentre nos dinteis
E nos acentos do sonho, e na terra feliz da existência.

Que todo regresse a ser esta loucura da tarde
Onde meu canto verte humidade e deita paz.
Simpatizo profundamente com esta tarde enigmática
Em que enarbolo ensenhas entranháveis que vestem
E me ilham da negrura dos dias que nom vivirei.

quinta-feira, outubro 28, 2004

Solidariedade perante a repressom política

Os inquisidores andam ao axexo de novo. Atençom, porque nos tempos em que corremos nom é fácil exercer a disidência. Nem sequer é fácil exercer a legalidade. Pode-se acreditar que te acusem de falsificar a tua própria assinatura?

Já sabemos qual é a materializaçom das ameaças de cam raivoso que proferira o Fiscal Geral do Estado espanhol quando ameaçara de maneira bem expressa a candidatura de NÓS-Unidade Popular. Estava claro que, de algumha maneira, o inimigo se ia vingar do golpe que para ele supuxo o facto de apoderados de Herritarren Zerrenda poder contar os votos da sua anulada candidatura, graças à acreditaçom por parte de NÓS-UP, avalada com a assinatura do Carlos Morais. Nom puiderom impedir pola via legal a presença de apoderados e apoderadas de HZ nos colégios eleitorais bascos, e agora pretendem desacreditar a imagem pública de Carlos Morais e de NÓS-UP, acusando ao responsável nacional da candidatura de falsificar a assinatura que possibilitou que tais apoderadas e apoderados exercessem a sua labor, evitando que os votos de cento setenta mil cidadaos e cidadás bascas e bascos nom ficassem silenciados.

O estado fascista espanhol deve levar um novo nabo nos fozinhos...vendo as mostras de solidariedade com NÓS-UP e com Carlos Morais que estám a chegar de diferentes lugares do mundo. Apelo à vossa solidariedade!!!

Mandade mensagens a
nos-unidadepopular@nosgaliza.org ou a nosgaliza@nosgaliza.org mostrando o vosso rejeitamento às manobras anti-democráticas da Espanha e a vossa solidariedade com a organizaçom de massas do MLNG, que demostrou, pola sua parte, a sua solidariedade internacionalista com o irmao povo basco com factos, e nom apenas com palavras.

terça-feira, outubro 26, 2004

Manuel Álvarez Torneiro para umha tarde triste

Hoje temos umha tarde triste, de frio e névoa. Apetece...nom sair da casa para nada. Ficar a lêr um livro, de poesia, de narrativa, de ensaio...é o mesmo, o caso é dar-lhe alimento aos neurónios e ao espírito. Apetece lêr, bem quentinhos na casa, e acompanhando a boa leitura com um bom chá ou um bom café. Hoje compadeço aos que tenhem que trabalhar de tarde, porque os partes climatéricos vaticinavam ventos de cem quilómetros hora e fortes chúvias. Nom se cumpriu por enquanto, mas ainda assim nom está a tarde como para estar por fora. Eu ando agoviado de trabalho, com umha agenda apertada, sem dinheiro, mas tenho a fortuna de poder trabalhar desde a casa. O que mais me agóvia é a actividade política. Dezia-me há um par de semanas um amigo que nom há cousa pior que políticos metidos a literatos, salvo literatos metidos a políticos. E eu em quê grupo estou? A verdade é que nas mais das ocasions, devo confessar que o político lhe ganha o pulso ao literato. Nom som um bom político, mas a política tem mais peso na minha vida do que a literatura. Provavelmente se estiveramos noutro país eu nom seria político, sobraria quem fixesse o que eu fago na política.
Como digo, nom tenho dinheiro. Esta fim de semana vou a um seminário de formaçom que me vai custar bastante dinheiro em matrícula, e aliás da matrícula está a estadia, com os gastos que comporta ( o seminário será em Compostela). Por certo, que o seminário de marras me vai deixar em augas de bacalhau a minha intençom de ir a Ferrol na fim de semana, à festa do Colectivo Opaííí. E eu tinha vontade de ir a Ferrol e ver à gente de Ferrol. Em realidade, tenho a todo o mundo abandonado, e também nom me vejo muito com a gente da Corunha. Mas bom, a impossibilidade de fazer planos de umha semana para a outra praticamente nom é nada em comparaçom com as dúvidas a respeito do futuro mais ou menos imediato em temas tam trascendentes como o trabalho, as relaçons sentimentais, ou outro tipo de questons que che condicionam a vida. Estivem estes últimos dias a falar deste tema com Elvira e com Alberte. Por separado, mas coincidindo em linhas gerais, porque somos os três refens de umha situaçom sócio-laboral desastrosa e de um mundo que, em geral, nom está feito para nós. Elvira aliás tem outro tipo de problemas, que a mim nom me som alheios ainda que se me manifestem de maneira diferente. A ninguém lhe som alheios. A questom é que estamos tod@s absolutamente pres@s da incertidom e a mercê de um futuro fatalmente caprichoso.
Eu hoje também escolhim um autor a capricho...Álvarez Torneiro...porquê? E porquê nom? Desfrutemos da sua poesia e já está. Que seja este o livro que acompanhe as nossas horas de estufa, radiador ou lareira. Do seu livro “Habitante Único” extraím este poema. Se opinades que nom escolhim o melhor, seguramente teredes razom.

ÓXIDO DE SOMBRA

Están no luminoso horror dos días dun pasado perpetuo.

Están nalgún perfil de ferro frío.
Presiden unha infancia.
Ocupan unha trama de fantasmagoría.

E ás veces ven un día
Dese tempo memoria:
Sucede unha tormenta,
Avanza unha queixada mecánica de morte.


Vén un medo de limo onde a noite libaba.

E veñen nomes propios.
E cristos de castigo.
E mestres da mentira.
O grande agravio.
Unha pupila lacerando adentros.
Aquel berro insonoro.
Un ferro de cruzada, rectilíneo.
Un dominio furriel a ser futuro.

Veñen mulo e polaina.

(asubiaban un himno moi privado.
Berraban “¡Viva a morte!” na súa prehistoria.)

...ese tempo
que nin o olvido quere para cinza.

segunda-feira, outubro 25, 2004

Ferrol está morto?

Seguindo coas súas actividades dinamizadoras, o colectivo ferrolán Opaíí!!! celebrará na noite de difuntos (31 de outubro) unha festa no pub Manchita Cosa de Ferrol.
Baixo o nome de ¿Ferrol está morto?, o colectivo celebrará o seu particular samaín-halloween-noite dos mortos chamando a atención sobre a situación de Ferrol e bisbarra.
As portas abriranse ás 21 h e cobrarase unha entrada simbólica de 2 € destinada a seguir recadando cartos cos que financiar a equipa técnica necesária para pór en marcha Rádio Filispim, emisora ao servizo da comunidade.
Aparte doutras sorpresas, a selección musical irá "acorde coa situación": desde o "Back in Black" dos ACDC ata o "Thriller" do Michael Jackson, pasando polo Bowie máis "berliniano" e o compromiso de Skalariak, Desechos ou Sargento García...Escuridade urbana e reivindicación proletária.
Seguiremos informando.
Recoméndase vir acorde coa causa.
Mais info em abretedeorellas

domingo, outubro 24, 2004

A pegada da Galiza na Argentina

Depois de algum tempo sem postar, volto para vos contar umha experiência realmente interessante que venho de ter. Esta quinta-feira na Corunha, tivem o honor de apresentar e moderar umha palestra sobre o nacionalismo galego na Argentina, na que participarom Xosé Rivera, operário reformado de ENDESA, Bernardo Penabade Rei, Presidente da Associaçom Galega da Língua e Paco Pacheco, argentino descendente de galegos, hoje residente na vizinha localidade de Arteijo.

Foi emotivo ter notícia da actividade dos herdeiros directos da Sociedade Nazonalista Pondal, da ADIGAL de Buenos Aires, da intensidade com a que pessoas que levavam mais de meia vida a morar fora do seu país, a miles de quilómetros, viviam a realidade da Galiza.

Mas foi especialmente impactante para o auditório escuitar umha muito singular história da que nos deu conta o Paco Pacheco. Este homem foi o promotor de um monumento na Patagónia de umha das vítimas galegas na guerra das Malvinas, o fisterrao Manuel Olbeira. Este marinho mercante alistou-se nas tropas argentinas para luitar na guerra contra os británicos. O buque no que estava embarcado afundiu-se, e muitos dos companheiros de Manuel Olbeira nom sabiam nadar. O Manuel Olbeira , em lugar de se preocupar pos pôr a sua vida a salvo, estivo a nadar para ajudar a alguns dos seus companheiros a alcançar as balsas. Parece ser que colocou nas balsas a dúzias de pessoas. E desapareceu. Seguramente, ficaria sem forças para seguir nadando e engoliriam-no as ondas. A travês de um programa de rádio para a comunidade galega na Argentina que coduzia o Paco Pacheco, éste tivo notícia desta história heróica e comovedora. Umha descendente de Manuel Olbeira chamou ao programa. O Paco Pacheco, atraido por aquela história decidiu promover um monumento para aquele galego que morreu heroicamente numha guerra que nom era a sua, e que morreu nom matando, nom rendendo-lhe tributo à morte, mas salvando vidas. Contou-lhe a história o Pacheco a um escultor de origem ucraíno amigo seu e este aceitou realizar o monumento sem cobrar nada. O monumento fixo-se de cimento, porque nom havia dinheiro para bronze. A estrutura metálica a fixo um judeu. Algum dia relatarei todos os pormenores da construcçom do monumento, que em si é umha história de solidariedade humana realmente interessante.

O monumento inaugurou-se na Patagónia com a assistência de umha representaçom da família de Manuel Olbeira, e intencionadamente nom se chamou a nengum partido político. Este monumento consistia na figura do Manuel Olbeira a arrastar umha bandeira galega e outra argentina. Contou-me o pacheco “off the record” que este monumento tem oculto algum piscar de olhos ao nacionalismo galego, e que também o artista deixou umha pequena impronta própria. Nas calças de ganga que no monumento veste o Manuel Olbeira, há gravada a palavra “ceive” e a estrela da liberdade, um símbolo nacional ucraíno.

Eu puidem ver a emoçom nos rostos do público. Foi impressionante. Prometim-me que faria em breves um relato sobre a história de Manuel Olbeira.

quarta-feira, outubro 20, 2004

As Horas Violadas - Poema de Ramiro Vidal

AS HORAS VIOLADAS

As feras violadoras
Das horas que respiramos
Invadem a noite
A sua oraçom macabra
Tem eco na rua molhada.

Horas violadas
O oxigénio negado do povo
A fenda do grito desesperado
Furtivos ministradores de terápias marciais

O pêndulo insano
Parece pôr música à noite infame
E o cuvil aguarda
Para cozer a justiça infectada.

Rádio fórmula e electrodos
E o triscar de um novo limiar de dor tronçado
E o zoar das suas acusaçons

Violadores
Das horas que respiramos
Que um novo sol vos engola
Que a vossa noite se disolva
Num amanhecer de esperança

Corre mais que as tuas lágrimas, corre mais que os teus uivos
Além da dor está o futuro

terça-feira, outubro 19, 2004

Pequena homenagem a Inadaptats

Há alguns anos soubem da existência dos Inadaptats. Umha banda de Barcelona que como tantas outras com as que partilha ideologia e contexto, expediciona polas sendas entrecruçadas da música, percorrendo os caminhos do heavy metal, o hardcore, o punk e o oi!, com algumha pequena incursom no ska e o reagge...em definitivo, o que pretendeu ser na recta final dos anos noventa esse novo som da classe operária e da juventude anti-globalizaçom, no que podiam estar incluidos desde Negu Gorriak ou Manu Chao até Rage Against the Machine ou a Banda Bassotti; desde A.N.I.M.A.L. até Vantroi, desde Todos Tus Muertos até os Garotos Podres, passando por Barricatta Rossa, Hechos contra el decoro, El Corazón del Sapo ou Nen@s da Revolta...bandas que tinham em comum um novo conceito de intervençom e que, nalgum caso, transgrediam as fronteiras estilísticas; mesturavam metal com rap e funky sem complexos, fusionavam a épica metaleira com a atitude libertária do hardcore ou o histrionismo punk, e inclusso declaravam compatível o espírito do reagge, o soul e a salsa com as descargas decibélicas do techno.
E alguns tinham letras memoráveis. Esta letra dos Inadaptats, que nos acabam de deixar trás umha gira de despedida apresentando o seu derradeiro disco “Homenatge a Ovidi”, está incluida no seu CD “Motí! Avalot...” e para mim está carregada de autêntica épica revolucionária. É um hino, para muita gente.


CANVIAREM LA HISTÒRIA

Passen els anys hem de saber el que fer no caure al parany de les jerarquies si al passat ja ens van dividir això és l’estratègia del nostre etern enemic davant d’ell no hem de tenir por les nostres pors son el que fan fort Unitat, lluitan, Països Catalans obrers u pagesia fem forta la revolta Pas endavant per canviar la història cal l’unitat per canviar la història sangnant, contant canviarem la història analitzant, canviarem la història El capital torna a fracassar u davant d’això torna el feixisme cada cop més policia als carrers més retalls socials i fent lleis més repressives sempre busquem una solució però cadescú pel seu cantó Parem-ho aquí o no anem bé si et tenques a un cantó no aconseguirem ser lliures I som els joves els que hem d’agafar el relleu analitzant els errors del passat preparem-nos i unim forces Ningú no podrá aturar-nos

MUDAREMOS A HISTÓRIA

Os anos passam, temos que saber o que fazer / nom cair na rede das hierarquias / eis a estratégia do nosso eterno inimigo / perante ele nom podemos ter medo / Os nossos medos som os que o tornam forte / Unidade, luitando Països Catalans / Operários e campesinato fazemos forte a revolta /Passo avante para mudar a história / Fai falta a unidade para mudar a história / Sangrando, cantando, mudaremos a história / Analisando, mudaremos a história / O capital volta fracassar / E perante isto, volta o fascismo / Cada vez mais polícia na rua / Mais recortes sociais e leis mais repressivas / Sempre procuramos umha soluçom / Mas cadaquem polo seu lado / Detenhamo-lo aquí ou nom vamos bem / Se te encafuares no teu / Nom conseguiremos ser livres / Passo avante para mudar a história / Fai falta unidade para mudar a história / Sangrando, cantando, mudaremos a história / Analisando, mudaremos a história / É tempo de os jovens revezamos os velhos / Analisando os erros do passado / Preparemo-nos, unamos forças / E ninguém poderá deter-nos

segunda-feira, outubro 18, 2004

Luísa Villalta na Quintana dos Vivos

Luísa Villalta vive. Está na Quintana dos Vivos, com o punho em alto e desafiando a chúvia. Aguarda-nos alí. Ela já sabe que o meu caminho é sempre ir ao seu encontro. Todos vamos à Quintana dos Vivos, para nos somar ao coro das vozes generosas...
QUINTANA DOS PUÑOS FECHADOS

Multitude de mortos van cantando
Na hora póstuma do dia que é a vida
en nós, en min, multitude de nós e de min
que non pasamos e somos carne comovida
sobrevivendo as idades da derrota.

Ano a ano a vida cumpre o que cantamos,
Repetimos multitude simultaneamente o canto
Talvez xaculatoria, por veces mansedume,
Obediencia sen sinal, fe do nada na súa órbita
Pero que non deixa de cantar
Para existir profunda e lentamente
E ser eu en nós umha voz soia.

Estaba a Quintana dos Mortos posta de Vivos
E éramos en tropel a multitude inteira
Que parte en dúas a metade mais auténtica
Da terra, a imediata, a inevitábel,
A metade de abaixo, a que canta escondida,
Xunto a tumba da fe que desconfia da vida,
Do gozo de ser, en nós eu, sendo tan múltiple
De cumprirmos nun pobo a vida desmiuzada
Xunto à Porta dos Mortos, a Porta Santa
Pola que entra a época e trae para afora o Paraíso
Que é o gozo de ser, eu en nós, ser pedra inteira
Aberta como o sexo de quen confía aínda
A voz que xorde en cada ventre
Da metade da terra, a metade de abaixo,
Esa que xa foi cara á morte
E xa volveu da vida unha e outra vez e aínda queda
E ven polos camiños cansados que encanecen
Nas cabezas dos vellos, nos seus rostos de papel
Como cartas de ausentes, nas mans grosas de sementar
Esa forza de máis que non se exerce dabondo
Contra os poderes sen nome
Pero que cantan unidas confiando na morte,
Cantando en nós, tan eu unicamente,
As mans dos vellos tan grosas de traballo e de tempo
Que apenas os puños se poden fechar
Cando se erguen fechados para cantar o destino.

sexta-feira, outubro 15, 2004

"Toulouse"...lembrando a Zebda

Zebda...umha banda de Toulouse, formada por inmigrantes magrebís, que se fixo famosa por aquí a finais dos anos noventa.Caminham polo gume do raï, jogando arriscadamente nas fronteiras do reagge, o rap e o funky. As suas letras estám cheias de ironia e mordacidade, de denúncia, de realismo...às vezes, a letra de umha música é poesia e nom apenas recheio, ainda que às vezes se tende a fazer da letra um simples recheio vogal. Lede e disfrutade de Zebda.

Y’ a les arnaqueurs, il sont la rue saint Rome / tu sais le revendeurs de la fripe nippone / Et les taverniti, les Naf Naf et l’arôme / Des vendeuses aux aguets / Les bas sur le pallier / Prêtes à dévaliser / Prêtes à tout pour fourguer la marchandise au rabais / C’est larue interdite au petit portefouille / si t’est pas bien fringué, t’es triqué l’accueil / les mémés mon cher Claude son désormais en deuil / Elles te flinguent au néon / Les vendeuses en jupon / si téntres t’es marron / et cali cali, cali cali, calicali /Caleçon // y’a tous ceux qui croient / qui’ci la cuisine est un rite / le zebda catapulte, catapulte / y’a pas de cassoulet non pas dans toutes les marmites / non si’l vous plait d’insultes / Mais des milliers de restos / Sont remplacés aussitôt / Par des milliers de Mac Do / MOI / dans mon quartier .../ Dans ma cité / C’est épicé / et moi j’aime ça / je butine /Mes racines / Sont latines / Et de bien au delà / J’ai dans l’idée / qu’on peut aimer / Et la violette et l’odeur du Tajine au naseau / Même l’espoir / Qu’on peut avoir / l’accent du canal sans porter les même drapeaux // Toulouse, c’est la ville rose / Toulouse, de plus en plus rose / Toulouse c’est la ville Toz! / Toulouse on t’explose // Ya la rue qui douille con / La rue des magouilles con / La rue qui te dépouille con / c’est la rue des fastes / la rue qui te démasque / Et la tu casques, tu casques // Y avait le Scalp et son action / Sanitaire et sociale / Les réfugies anarco-espagnols assimilés / Il reste les hereux bosseurs de l’aérospatiale// Le dimanche ils sont cleans / Le matin un jogging / L’àpres midi en jeans / On déjeune, on disserte sur la démocracie / En chine // / le zebda vous confirme qu’ici / Y’a moins de briques rouges et la Garonne a tari / El quand il pueit, “il pieut”/ le ciel bascule dans le gris / J’efface les ragots / Des monsieurs Météo/ de Cabrol a Gillot / Si j’étais paysan moi je leur aurait fait la peau // Nous qui vivons de Raï, de Rock et de Musette / a la périferie des succès cathodiques / On assume le peuple qui vient faire sa fête / Sur des hymnes romantuques / ils tortillent du slip / Ca manque de pratique / Ils font qu’on leur explique... Ne persons pas qu’à Toulouse / Toutes les villes ont leur loose / Ne persons pas qu’á / La région PACA / Qui a ses “yaka” et pourquoi pas / Les cités

quarta-feira, outubro 13, 2004

Idiotez

Antontem fum a Lugo, a fazer a visita de rigor à cidade da muralha polas suas festas grandes, e também a me despedir do maravilhoso combinado música ao vivo-ao ar livre-de balde. Fum com o meu primo e umha amiga da Bretanha. Escolhemos, de entre todos os eventos musicais do Sam Froilám, o concerto do Carlinhos Brown. Este gajo é idiota, sinto-o.

Nom o poido qualificar de outra maneira, e se algumha conclusom tirei do concerto é que nunca mais irei a um show do Carlinhos Brown. Eu compreendo que som as instituiçons leais a Espanha, geridas polos partidos políticos leais a Espanha, as entidades que maiormente pagam as actuaçons do Carlinhos na Galiza. Compreendo-o, e compreendo portanto que tanto ele como outros artistas brasileiros evitem a polémica omitindo meter-se em determinados assuntos. O que nom entendo é porquê teima em tomar partido em cousas que desconhece. Ou é imbécil, ou é um reaccionário.

Porque necessidade de se pronunciar tam claramente em certas questons, nom creio que a tenha. Um pode perfeitamente ficar bem com todo o mundo, sem necessidade de fazer continuamente auto de fé espanhola. Singelamente, nom é necessário. Nom é umha demanda explícita do público, nem sequer do espanholista. Embora, sim pode amolar a bastante gente o estar continuamente a fazer alusons a Espanha e dando-lhe vivas. E depois, essa teima “bilingüista”, consistente em pretender demostrar que tem um domínio do espanhol que nom tem, dificultando ainda mais a compreensom. Ou fala umha cousa, ou fala a outra, e seria de agradecer que falasse em português.

Quando este homem tocou em Oleiros, na Festa dos Mundos, tivo que fazer mençom a um facto que o surpreendera; a chegada ao seu e-mail de centos de mensagens solicitando que falasse na nossa língua comum quando actuar na Galiza. Também tivo que mencionar o facto de que recebera umha carta do vereador de juventude de Oleiros, apelando-o no mesmo sentido. A verdade é que, ainda que o Carlinhos fixera umha interpretaçom muito sui generis de tudo aquilo, mesturando factos históricos e falando sem vir demasiado a conto da opressom que exercia o português no Brasil sobre as línguas indígenas, e dizendo que a reivindicaçom do portugês no Brasil era reaccionária, tinha a leve esperança ainda de que aquele facto lhe fixesse reflectir e mudar a sua atitude. Ainda a pesar de que daquelas dixera, sem que isso vinhera tampouco muito a conto, que ainda que o galego fosse português, Galiza era Espanha.

Sem meter-me já em quê grau de cumplicidade seria desejável dos artistas brasileiros para com nós, galegas e galegos que reivindicamos a língua, ou com nós, galegas e galegos que reivindicamos a soberania para o nosso povo, polo menos podiam compreender que a língua opressora aquí é o espanhol, ou ainda que nem isso reconheceram, polo menos podiam compreender que nós nom somos soldados do império luso, somos umha comunidade humana que reivindica os seus direitos. E merecemos tanto respeito como essa maioria que nom se pronuncia e que aceita por activa ou por passiva a Espanha.

A fim de contas, as festas do Sam Froilám fam-se também com o dinheiro dos nossos impostos. Merecemos que quando assistamos a um concerto, aquilo nom se nos converta num acto de exaltaçom extemporánea de Espanha. Aliás, penso que os artistas brasileiros, deveriam utilizar o português na Galiza por respeito a si próprios e ao que representam. Porque representam a um sistema cultural que se manifesta em língua portuguesa, para bem ou para mal. E porque tenhem que dar umha imagem digna do Brasil. É muito patética a imagem do músico brasileiro servil ante o público espanhol, tratando de ficar bem fazendo como que fala espanhol. Afinal dá umha imagem ridícula e distorsionada do carácter brasileiro. Para o único que serve isso é para que os espanholeiros continuem a parodiar o jeito de falar dos brasileiros e continuem a circular os estereótipos do Brasil. Espero que estas linhas sirvam para que algumha pessoa brasileira que me leia entenda a minha postura, que é mais ou menos a postura de quem adoita reclamar o uso do português por parte dos artistas brasileiros. A Carlinhos Brown, inútil dizer-lhe nada.

domingo, outubro 10, 2004

Próximo destino, Lugo

Amanhá visitarei a cidade da muralha. Serei um turista mais a disfrutar do Sam Froilám. Alí estarei com o meu primo Pepe Teixido e outros amigos de Ferrol. Será um dia feliz, com música e cerveja. Também com aglomeraçons. Será quiçá o ponto negativo. Relativamente. Porque, também será em certa medida, parte do encanto da festa. Trasnoitaremos e seguro que voltaremos com algo agradável que contar. Tenho a esperança de atopar a alguém conhecido a quem nom veja habitualmente, porque as festas do Sam Froilám som festas às que acode pessoal de toda a Galiza. Bom, hoje a poesia vem da mao de Carlos Fuentes. Espero que a disfrutedes. Quero-lhe dedicar este poema especialmente à minha caríssima Elvira, que voltou de um pequeno exílio hoje mesmo.

En todos os sentidos

A miña boca
Calma a fame de pampillos
Co teu nome.

Como un argueiro,
Apóstanse as milicias túas
Para invadirme a mirada.

Síntome contento
De verte entrar en sabor
Polo fachinelo da tua respiración.

Arredada está a noite
Se a maraxe do teu rostro
Non alcanza os meus dedos.

A proclama
Faise crista de escuma
Cando me beliscas co teu sufoco.

sexta-feira, outubro 08, 2004

Alerta por Indymedia!!!

Prometim que hoje haveria poesia e haverá poesia. Ainda que de novo este post vai ter que falar de política. De liberdade de expressom, esse bem tam prezado para os que somos proclives a revirar-nos ao pensamento único. E tam atacado últimamente. Desta vez, nom é a pulsom destrutivo-nihilista de um hacker a que agride à liberdade de expressom. É o próprio Tio Sam. O império. O FBI incautou dous servidores de Indymedia, com o que ficarom inactivos os sites desta agência alternativa de notícias em vários países, entre eles Galiza, Brasil e Portugal. Melhor seleccionade o link e lede a história, que nom tem desperdício. Dedicamos, pois, este poema de Alberto Augusto Miranda, grande reivindicador da utopia, às companheiras e companheiros de Indymedia.

Neste histérico silêncio
Do gado

Näo quero contar histórias
Näo quero desistir delas
Näo quero que montem as minhas histórias
Quero esquecer.

Quê fazem os contadores?
Recentes bostaram toda a noite
Teresa Amarela atirava olarés
Ao dorso da cantata.

Morreu ontem o homem
apaixonadíssimo por ti.
Nunca to disse.
Foram vinte e dois dias
À procura do cristal.

Aínda vejo o menino
Por entre o produto
De caxemira sem ninguém
Estendendo uma mäo
Para lhe limpar o rabo.

quinta-feira, outubro 07, 2004

O Circo Político II

Hoje acabo com as minhas impressons acerca do panorama político-institucional no meu país. Um panorama marcado polo estado de saúde do presidente e a crise interna do Partido Popular, a força política no governo galego a dia de hoje.

Já dixem com anterioridade que tinha a impressom de que no entanto Manuel Fraga vivesse iamos ter fraguismo. Também acho que, a pesar de que a morte, eu penso que próxima, de Fraga, vai abrir umha nova crise interna no Partido Popular, esta crise nom vai significar necessariamente a quebra do projecto fundado polo próprio Fraga. Porquê a oligarquia galega ia estar interessada em rachar com um partido que lhes assegura o poder político e económico e o controlo social praticamente absoluto no país? Poderá haver brigas polos pedaços mais grandes da torta, mas... erra o nacionalismo reformista em ter esperanças em que o confronto já manifesto entre o clam da boina e o do birrete vaia derivar na apariçom em cena de um partido galeguista de centro-direita ou direita. Polo geral, todas as cisons que foi sofrendo o PP, desenvorcarom no próprio PP. A última experiência, a de Enrique Marfany. Forom os confrontos polo poder entre ele e Romay – Beccaria os que o colocarom fora do partido, mas agora voltou ao redil. A burguesia galega é burguesia, mas antes que galega é espanhola, nom tem nengum interesse em montar estruturas de carácter netamente galego, nem as suas reivindicaçons para com Galiza passam polo confronto com o poder central. O parachuvas político do Partido Popular é perfeito para o que eles pretendem, que nom é mais que manter as estruturas de poder herdadas do franquismo intactas. Assim que, nem havendo diferenças ideológicas entre “famílias” ou “correntes”, que as haverá, vai quebrar o partido, e no caso muito excepcional de que isso acontecesse seria umha etapa transitória, que duraria como muito um par de anos.

Quê me resta por dizer a respeito do Debate sobre o Estado da Autonomia, que era o motivo que me trazia a fazer estas reflexions? Pois que no que di respeito à oposiçom, nengum dos dous portavozes me surprendeu nem para bem nem para mal. Simplesmente que já se escuitam os tambores de guerra eleitoral, e isso puido-se constatar no tom empregado tanto por Beiras como por Touriño. Quiçá mais claramente no caso de Touriño. O próprio Fraga dixo com certo xorne que a sua intervençom parecera um discurso de investidura. A mim também mo pareceu. Parecia talmente como se estivesse a fazer um relatório do seu programa de governo. Aliás, com o estilo pessoalista (próprio de um regime presidencial) que o PP e o PSOE importarom nos últimos anos directamente dos USA, onde os processos eleitorais tenhem pouco de festa da democracia e muitíssimo de espectáculo circense.

Beiras enterrou a cachimba da paz, pola sua parte. Seguramente o motivo será que albisca a fim de Fraga, e também que sabe que o tom moderado e cooperante de começos da legislatura lhe erosionou confianças ao projecto político do qual ainda segue a ser principal referente. Em qualquer caso, o BNG segue na linha errada de querer demostrar que eles defendem as instituiçons que sempre lhes acusarom de atacar. Errada ou interessada? Provavelmente em certa medida se trate das duas cousas. A tentaçom de viver ao abeiro do poder institucional e os seus réditos é forte, máxime quando falamos de projectos derrotados historicamente. Mas do BNG já falarei. Da sua errática trajectória e do seu labirinto interior. Dentro de alguns dias, porque se nom há amanhá nengum imprevisto, a poesia voltará ao Tangaranho.

quarta-feira, outubro 06, 2004

O circo político

Venho de presenciar o Debate sobre o Estado da Autonomia. Seguim-no por televisom e por rádio. A verdade é que eu sigo estas cousas desde certa distáncia, porque, a verdade, nom sinto a mais mínima identificaçom com nengumha das forças políticas representadas no hemiciclo galego. O único que me levou a seguir o debate foi a curiosidade e o morbo. Nem mais nem menos. O irresistível magnetismo da política espectáculo. E o irrefrenavel morbo carronheiro de ver se Fraga desfalecia novamente ou nom.

Desde essa distáncia puidem aprezar a imagem de um presidente da Junta francamente nas suas últimas horas de vida...nom política, mas física. Independentemente de se se lhe ocultam dados à opiniom pública ou nom acerca do estado de saúde real de Manuel Fraga, cada vez é mais manifesto que este homem nom resiste a pressom. Está nas últimas, e pronto. Nom é que importe demasiado, a verdade. Que faga o que lhe pete, e se quer ser candidato às próximas eleiçons, pois que seja. E se à militança do Partido Popular lhes vale, pois nom som eu quem de contradizer-lhes...se nom tenhem um candidato melhor...

O único que digo é que vendo as imagens do desfalecimento de Fraga ontem, puidem visualizar os dias agónicos que nos estám tocando viver. Fraga aferra-se ao poder, ainda atopando-se numhas condiçons manifestamente penosas; trémulo, incapaz de falar, dormindo-se nos actos públicos, sofrendo desmaios, rompendo a chorar sem razom...nom se sabe se será demência senil ou quê será...se as condiçons físicas som más, as condiçons sico-somáticas também parecem pouco propícias para desempenhar cárregos políticos. E, a pesar disso, será candidato do PP nas próximas eleiçons. Morrerá entubado..e presidente da Junta.

Porque essa é outra, voltará ganhar as eleiçons. Serám mais quatro anos de Fraga, quatro anos duríssimos nos que o ex - ministro de Franco, hoje máximo mandatário autonómico, botará o pulso definitivo para acabar a sua “obra” na Galiza. Em Fraga se pode aprezar a síntesse de umha Galiza que morre, mas que morrerá escaralhando o país. Fraga e a sua geraçom estám decididos a destroir a Galiza, com o de Vilalba à cabeça. Como tem que ser.

Para mim nom há dúvidas em que o PP ganhará de novo as eleiçons autonómicas. O que há que ver é se depois de Fraga, que aguentará estes últimos quatro anos, mas que serám os seus últimos anos de vida física, se dam mudanças substanciais neste país. Amanhá seguirei falando do tema.

terça-feira, outubro 05, 2004

As nossas balas

Esta manhá assistiamos atónitos e indignados a umha notícia francamente desagradável, realmente dramática. O Portal Galego da Língua era atacado por um hacker desaprensivo e a página desaparecia. Este hacker deixava umha mensagem, no que parecia espanhol de México, argumentando que a página era destroida em resposta de umha ofensa que, aparentemente,ele recebera das pessoas que gerem o PGL. É apenas um pretexto, claro. A imensa maioria dos hackers nom tenhem um motivo especial para escolher as suas presas, nem perseguem nengum horizonte em particular. O único que procuram é destroir, polo simples prazer que isto proporciona. Som vándalos, que pretendem canalizar um malestar ou umha rebeldia primários, claro que como som vándalos e nada mais, pois a sua capacidade destrutiva é muita, mas a sua capacidade para ganhar o respeito de ninguém é nula, a pesar de que sementam o caos, a confusom, e causam danos muitas vezes irreparáveis. O medo nom é respeito. Os vándalos investem as suas capazidades na destrucçom, mas som vistos pola imensa maioria da gente como indivíduos caricatura de ser humano. Pensam que som temidos rapazes maus, e som descerebrados aos que o poder deixa fazer, até que um dia se precissa um chivo expiatório.

A espécie de símio que atacou a página da AGAL jamais se atreveria a destroir a página de um banco ou de umha secta religiosa. Vai sobre seguro. Sabe que o mais provável é que, se ataca determinadas páginas, nom tenha nunca umha puniçom. Por isso as ataca. Estes que pedem compreensom estám a fazer da rede um espaço onde só poderám, com o tempo, desfrutar das avantagens de internet aquelas pessoas ou entidades que poidam pagar pessoal especializado. Um lugar elitista. Onde os que estejam com o pensamento maioritário e estabelecido jogarám com avantagem.

Afortunadamente, o servidor conservava cópias, o que permitiu recuperar na sua maioria os arquivos da página e os conteúdos. Esperemos nom levar nunca mais sustos como este, e desejo aos companheiros e companheiras da AGAL a melhor das sortes e muito ánimo no que fica de luita

A eles e elas lhes quero dedicar este poema. É umha letra da minha autoria, de um tema da banda de nu-metal
Meninh@s da Rua, da que fazia parte o meu irmao. Um canto à liberdade de expressom. Chama-se “As nossas balas”.


Informa-te na nossa frequência, escuita a
Dissidência, segue o caminho da insurgência,
Passa-te à resistência
Armada de ondas
Rebeldes e tinta libertada. A opressom combatida e derrotada
Com a palavra. Propaganda e repressom contra a nossa informaçom.
Nom dizemos a verdade, conquistamos a nossa parte de razom
Desafiando a marginalidade, replicando aos líderes de opiniom.
Contra-informaçom.. Livre expressom.
Contra-infomaçom,
Mercaderes da palabra,
Sicários do sistema
Contra a nossa voz
Alçada em espaços
Abertos onde segue acessa
A chama da oratória, das barricadas.
As nossas balas som ondas no vento.
Odiam as nossas ideias , às que nom despejaram
Odiam o nosso espírito, ao que nom destroiram.
Nom podem criminalizar-nos como a outros movimentos,
Odiam e morrem com a raiva
Porque as nossas balas som ondas no vento.

segunda-feira, outubro 04, 2004

Aurelino Costa

Vam uns versos do Aurelino Costa, um dos meus companheiros de filo-café. Prometim poesia portuguesa, e aquí vai. Este é o primeiro poema do seu livro "Amónio".


amónio


É inverno a alma,
o espólio

restam ratazanas
entre papeis alegria
e mágoa.

Em cantar dissecou propósitos de ir cedo para casa. Medrou. Lavadura certa. Nervoso, o discreto, o a esperança de comer.

cabeça de pescada em restaurante de cidade
mercedes em brinco

Algarve a rota
certa:

As sobrinhas estranharam ter saído cedo
e com olhar.
a explosäo. ninguém

haja cheiros

domingo, outubro 03, 2004

Maltreito trás a batalha...

Já estou de volta de Alhariz, de participar no Filo-café. Foi umha experiência agradável, divertida, enriquecedora, e nom isenta de incidências com certa carga humorística. Mas ante tudo houvo um maravilhoso feeling entre @s participantes no evento. Umha grata experiência de intercámbio galego-português, com a concorrência aliás de umha poeta asturiana, tendo também a oportunidade de escuitar como sonavam alguns poemas de Xavier Frías em checo... música, curtas metragens e performance, completarom esta jornada de arte interactiva. Tenho que dizer que desfrutei das horas prévias à minha participaçom no filo-café, deambulando polas ruas da fermosa vila de Alhariz, comendo a tortilha insuperável que fam em Roi Xordo, o local que acolheu o acto, visitando por fora alguns dos monumentos que tem o concelho (Convento de Santa Clara, Igreja de Sam Bieito, Igreja de Sam Pedro, Igreja de Sant-Iago, moínho do Burato...) monumentos que até o de agora apenas conhecia de internet e por fotos em livros e revistas. Nom só o evento, mas todo o facto do convívio foi agradável e foi um imenso prazer estar de novo com Elvira Riveiro, com Alberte Momán, com Diego Taboada, com Carlos Fuentes, com Brais González...agradecer a hospitalidade e amabilidade da gente do Roi Xordo, e a hospitalidade também da minha caríssima Elvira. Amanhá, de novo volta à actividade normal.

Deixo-vos com a portentosa poesia de Brais González, um rapazolo de 16 anos, que fai cousas como ésta (e, no entanto, eu vou cear algumha cousa e marchar para a cama, que forom dous dias intensos)
Desfrutade do poema, e amanhá poesia portuguesa, que a concorrência chegada a Alhariz do país vizinho, encheu-nos de presentes magníficos. Mostras de algumhas das muitas cousas interessantes que se estám a fazer por lá.

Principio.
II.
Tranviario.

Ris-toi de ceux qui ont une autre façon de pleurer

...a Alice Dréano, grande parladora do bretón,
a cuxos beizos ergo estas palabras.

E ti dis dama montada
“esculcarei as ruinas de todas as Provenzas
a baba que lles subsistia aos avós no espazo
ermo entre os dentes, o froito, cereixo,
Galiza, Breizh, Éire, unión”
E o carballo de Gernika gorentaba o descanso eterno,
Eterno descanso dirías sen os contínuos farrapos que o suxeitan.

Lurpias verdes nos zapatos
E “malpocado sexa o pobo
Que nasce na morte dos mártires”
Non hai esquenzo, non,
Doce amiga, tranviaario,

Dicer Existo é non dicer asasino,
Senón vingador das vilas do cinto de coiro
Morrentes.
E dis soñadora, namentres te entregas
Á simple tarefa de encamiñármonos
Nas congostras non trazadas:
“alcéndelle o facho ao ceo que se demora
confesándolle o amor ás alboradas,
atinxe o berce falto
dos habitantes que de seu non nacen”

Asín sería de ter iste tempo que posúo intre a intre
Por descer nas ponlas devoradas da estirpe
E atoparte soia, desfacéndote
Das terras non fértiles en número mínimo.

E ti dis non, vagalume mineral dos tempos eses:
“chora ledo o pranto da Caeira
coma un berro da pedra grisalla contra
a partida sen retorno”

toldado viñedo nas silveiras.

Síntote no interior e non
sinto nada
pois adoezo de serme eu mesmo
cando ti dis na derradeira
badalada do reloxio
“estúpida me reencontro no sangue antigo
ao forxar en nó parello Galiza,
Breizh;
Éire
E digo, moito máis”

Levantemos pois, Gwenn ha du!

E ti dis non, dama!
Dama montada.