quarta-feira, junho 17, 2009

A banca e as fichagens do Real Madrid

O futebol espanhol está de festa, a competiçom vai elevar o seu nível ainda mais (se couber) porque o eterno rival do flamante tricampiom desta temporada fichou a Kaká e a Cristiano Ronaldo, com o intuito de fazer-lhe duramente a guerra ao Barça, e, se calhar, emular a sua proeza. Em época de crise, falar de fichagens multi-milionários dá como quase entre vergonha e nojo. A qualquer pessoa com um mínimo de princípios, nom lhe pode parecer correcto. Escandalizar, nom é que escandalice muito, pois o esbanjamento e a obstentaçom entram dentro dessa faceta pornográfica do capitalismo. Quiçá o escandaloso, ou quando menos o indignante, som as reacçons que a nível político subscita tudo isto.

Porque no meio do clamor do espectáculo mediático que envolve as fichagens do Real Madrid, resulta que nos inteiramos de que estas fichagens forom possíveis graças à inestimável ajuda económica de Cajamadrid e o Banco de Santander. Por certo...e falando de diferenças entre esquerda e direita nesta questom...Izquierda Unida, nom ajudara à presidentíssima madrilena Esperanza Aguirre no seu assalto ao poder em Cajamadrid? Bom, a questom é que umha das primeiras medidas declaradamente anti-crise do governo ZP foi a de injectar com dinheiro à banca para "salvar o sistema financeiro espanhol", nom lembrades? Supom-se que o sentido da medida (medida que eu nom partilho)é a de assegurar o crédito, claro que depois o crédito...é um privilégio selectivo, como se verá.

Pois bem, quando no parlamento espanhol um grupo parlamentar determinado (concretamente Iniciativa per Catalunya)planteja que se deveram prohibir fichagens de tal custo económico a clubes com problemas de solvência fiscal, tal é o caso do Real Madrid (o futebol em si já é um buraco preto que come cartos e recursos públicos até limites de verdadeira maluquice)a resposta do PSOE foi que nom se pode pretender que o governo do estado intervenha em actividades privadas como a liga de futebol. Hoje na televisom, numha entrevista também dizia que "nom podemos estar pedindo livre mercado e depois pedir-lhe ao estado que intervenha quando nom gostemos de algumha cousa que acontecer" e que "se o Real Madrid gasta tanto nesses jogadores, será porque pode". A isto, objectar três cousas:primeiro que eu mais do que pedir livre mercado, luito contra ele, e tampouco vejo que este seja umha demanda social de primeira ordem, por muito que por outra parte a grande maioria da populaçom nom o ponha em causa de maneira directa. Em segundo lugar, as instituiçons do estado nas suas diversas formas (leia-se estado mesmo, autonomias, deputaçons provinciais ou cámaras municipais) já intervenhem, "salvando" clubes, dando-lhes privilégios no uso de infraestruturas públicas, etc. E terceiro que o Real Madrid poder nom pode, fam que poida fichar porque como dizia a cançom de Queen, "Show must go on". (por certo, que eu aos de IC ainda que nom lhes restaria o mérito da iniciativa parlamentar, lembraria-lhes a "façanha" dos seus companheiros de bancada com Cajamadrid...)

Porque, vamos fazer um pouco de retrospectiva...quem é o Presidente do Real Madrid? O Presidente do Real Madrid é Florentino Pérez. Florentino Pérez é um magnate da construcçom, dono da potentissima ABS, também é dono de TRAGSA e, por certo, liderou a poxa por ENDESA por parte de um sector do empresariado madrileno que estava muito revoltado ante a possibilidade de que esta empresa acabara em maos catalás ou galegas. Para finalmente conseguir que ENDESA nom fora comprada nem por Gas Natural nem por Amáncio Ortega, resulta que a Comunidad Autónoma de Madrid por aquele entom já lhe concedera um crédito milionário ao Florentino Pérez. De maneira que Florentino Pérez é um exponhente importantíssimo da oligarquia madrileno-espanhola. Agora retoma o poder no Real Madrid, onde já ocupara a presidência, e chega prometendo fichagens espectaculares. Dito e feito, mas rabunhando um bocado, aparece de novo a sombra de Esperanza Aguirre, aliás do Banco de Santander, em poder da família Botín, umha das famílias mais ricas do estado espanhol, se nom a que mais. Portanto a operaçom à que acabamos de assistir, pode parecer grotesca e de facto é. Mas é umha operaçom política à que ninguém se opom a sério desde as forças sistémicas.

A liga de futebol, precisamente em tempos de crise, nom pode cair. Se nom há demasiado pam, polo menos que nom falte o circo. Essa é a questom. Todo o mundo admite que as fichagens som caras, mas ninguém ou quase ninguém é crítico com o sistema que as permite. Eu, que som um gajo com má ideia, vejo que a questom é ante tudo a prioridade de que o espectáculo continue e, sendo mais malpensado, até poderia intuir a necessidade política de um Real Madrid forte para evitar cousas como o acontecido em Mestalla na última final da "Copa del Rey"...todos conhecemos o papel sociológico jogado polo Real Madrid no franquismo, e parece que há certa intençom de resgatar isso.

1 Comments:

At 7:31 PM, Anonymous liberalgallego said...

Los bancos son empresas, no entidades de beneficencia. Le conceden créditos a quien creen oportuno y no tienen porqué regalarle el dinero a nadie. Bueno es saber que el Banco de Santander es el patrocinador de la Liga. Pues eso, el crédito al Madrid, es una inversión para que la liga dé más beneficios. No hay que buscar lecturas políticas calenturientas.

 

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