terça-feira, junho 30, 2009

Seis mitos do nacionalismo lingüístico espanhol, por Juan Carlos Moreno Cabrera

terça-feira, junho 23, 2009

Mais sobre o Irám

No post anterior eu remetia-me a diverso material que fazia referência a um pretenso mar de fundo revolucionário no Irám, baixo os protestos polos resultados eleitorais. Quereria deixar claras um par de cousas: primeiro que, naturalmente, nengumha afirmaçom que fago a fago alegremente, e em qualquer caso falo a remolque do que vou atopando por aí. Procuro análises desde umha perspectiva de esquerda, que nom som fáceis de atopar, e que muitas vezes som contradictórias. Isto fai que às vezes os acontecimentos sobre realidades que nom conheço muito me apanhem a contra pé. É o caso do Irám, claro. A segunda cousa que quixera deixar clara é que em nengum momento pretendim sequer deixar cair que eu sentia algumha preferência por Mousavi, ou que considerasse que Mousavi era o bom da fita, ou algumha cousa polo estilo. Remarco que, evidentemente, se a questom se reduzisse à luita por quem deve ser Presidente da República, pouco interesse teria para mim.

É óbvio a simples vista que o movimento em si é contradictório, que a sua composiçom é heterogénea. E há quem acusa a certos sectores da esquerda de se somar a um movimento liderado polas classes meias e altas pró-occidentais, que por questons supérfluas e individualistas estám a operar umha revolta em toda regra em favor do candidato que nom por acaso é preferido pola UE, polos USA e por Israel. Apontam-se como casos análogos de "revoltas populares" instigadas exogenamente contra líderes que impertinentemente ganhavam eleiçons contra as preferências dos amos do mundo Venezuela, Georgia, Chile, Sérbia...também nom pode cair em saco roto a resenha de que já se tinha desvelado o intuito da CIA de promover distúrbios de rua para acelerar umha desestabilizaçom do regime iraniano.

Como nom podia ser de outra maneira eu reafirmo a minha nom simpatia pola República Islámica, porque para mim estado e religiom, quanto mais afastados melhor. Ainda que também acho honesto dar resenha a análises nom tam optimistas como a de Alan Woods, por exemplo. Que todas as potências que se jogam algumha cousa em Oriente Meio corram a manifestar a sua simpatia polos protestos, dá para pensar e muito. E desde logo eu nom apoiaria umha intervençom militar americano-europeia-israelí no Irám. Outra cousa é que repudie a umha oligarquia confissional e reaccionária que criminaliza o movimento operário, que demoniza a diversidade sexual, que sequestra a liberdade das mulheres...som contradicçons em diferente plano.

domingo, junho 21, 2009

Irám: final da República Islámica?

Pilhou-me com certa surpresa o que está a acontecer no Irám. Até o de agora nunca se deram enfrentamentos a campo aberto desta magnidom, ou se os houvo, nom houvo méios de comunicaçom occidentais que se fixeram eco deles. Como eu estava um bocado descolocado com todo este assunto, botei-me a investigar.

Parece que, com efeito, há suspeitas fundadas de que o resultado eleitoral é fruto de umha manipulaçom, provavelmente o que na nossa tradiçom costumamos chamar um "pucheiraço". Essa manipulaçom teria a finalidade de evitar que Mousavi, o candidato reformista, accedesse à presidência da República.

Mousavi é o candidato preferido das classes meias, dos estudantes e das mulheres. Também de parte da classe trabalhadora. Quer normalizar as relaçons com os Estados Unidos, quer reconhecer-lhe mais direitos às mulheres e quer acabar com o bloqueio económico. Ahmadineijad é o candidato preferido da cúria.

A minha pergunta era qual seria a postura da esquerda perante o que estava a acontecer. Polo que puidem ver, a esquerda está a participar nas mobilizaçons. A Revoluçom Islámica colocou a umha oligarquia nas estruturas do poder reaccionária e corrupta. E a esquerda vê nesta crise derivada do escándalo das eleiçons o princípio do final para o poder dos aiatolas. Também negam que trás as mobilizaçons populares esteja o braço dos Estados Unidos.

Tudo isto que comento, fago-o ao fio do que puidem encontrar pola rede: algum que outro artigo e posicionamentos de organizaçons iranianas. Polo demais, temos as imagens que se vam colando em sítios como youtube.

Eu o que gostaria é de que isto servesse de ponto de inflexiom e que o que acontece no Irám abra caminho a propostas anti-imperialistas para o mundo árabe que nom passem polo Islám. Oxalá o que afirma a esquerda, quanto a que Mousavi pinta pouco em tudo isto e que sob tudo isto há um mar de fundo muito além da liorta sobre se o Presidente tem que ser Mousavi ou Ahmadineijad, seja certo.





quarta-feira, junho 17, 2009

A banca e as fichagens do Real Madrid

O futebol espanhol está de festa, a competiçom vai elevar o seu nível ainda mais (se couber) porque o eterno rival do flamante tricampiom desta temporada fichou a Kaká e a Cristiano Ronaldo, com o intuito de fazer-lhe duramente a guerra ao Barça, e, se calhar, emular a sua proeza. Em época de crise, falar de fichagens multi-milionários dá como quase entre vergonha e nojo. A qualquer pessoa com um mínimo de princípios, nom lhe pode parecer correcto. Escandalizar, nom é que escandalice muito, pois o esbanjamento e a obstentaçom entram dentro dessa faceta pornográfica do capitalismo. Quiçá o escandaloso, ou quando menos o indignante, som as reacçons que a nível político subscita tudo isto.

Porque no meio do clamor do espectáculo mediático que envolve as fichagens do Real Madrid, resulta que nos inteiramos de que estas fichagens forom possíveis graças à inestimável ajuda económica de Cajamadrid e o Banco de Santander. Por certo...e falando de diferenças entre esquerda e direita nesta questom...Izquierda Unida, nom ajudara à presidentíssima madrilena Esperanza Aguirre no seu assalto ao poder em Cajamadrid? Bom, a questom é que umha das primeiras medidas declaradamente anti-crise do governo ZP foi a de injectar com dinheiro à banca para "salvar o sistema financeiro espanhol", nom lembrades? Supom-se que o sentido da medida (medida que eu nom partilho)é a de assegurar o crédito, claro que depois o crédito...é um privilégio selectivo, como se verá.

Pois bem, quando no parlamento espanhol um grupo parlamentar determinado (concretamente Iniciativa per Catalunya)planteja que se deveram prohibir fichagens de tal custo económico a clubes com problemas de solvência fiscal, tal é o caso do Real Madrid (o futebol em si já é um buraco preto que come cartos e recursos públicos até limites de verdadeira maluquice)a resposta do PSOE foi que nom se pode pretender que o governo do estado intervenha em actividades privadas como a liga de futebol. Hoje na televisom, numha entrevista também dizia que "nom podemos estar pedindo livre mercado e depois pedir-lhe ao estado que intervenha quando nom gostemos de algumha cousa que acontecer" e que "se o Real Madrid gasta tanto nesses jogadores, será porque pode". A isto, objectar três cousas:primeiro que eu mais do que pedir livre mercado, luito contra ele, e tampouco vejo que este seja umha demanda social de primeira ordem, por muito que por outra parte a grande maioria da populaçom nom o ponha em causa de maneira directa. Em segundo lugar, as instituiçons do estado nas suas diversas formas (leia-se estado mesmo, autonomias, deputaçons provinciais ou cámaras municipais) já intervenhem, "salvando" clubes, dando-lhes privilégios no uso de infraestruturas públicas, etc. E terceiro que o Real Madrid poder nom pode, fam que poida fichar porque como dizia a cançom de Queen, "Show must go on". (por certo, que eu aos de IC ainda que nom lhes restaria o mérito da iniciativa parlamentar, lembraria-lhes a "façanha" dos seus companheiros de bancada com Cajamadrid...)

Porque, vamos fazer um pouco de retrospectiva...quem é o Presidente do Real Madrid? O Presidente do Real Madrid é Florentino Pérez. Florentino Pérez é um magnate da construcçom, dono da potentissima ABS, também é dono de TRAGSA e, por certo, liderou a poxa por ENDESA por parte de um sector do empresariado madrileno que estava muito revoltado ante a possibilidade de que esta empresa acabara em maos catalás ou galegas. Para finalmente conseguir que ENDESA nom fora comprada nem por Gas Natural nem por Amáncio Ortega, resulta que a Comunidad Autónoma de Madrid por aquele entom já lhe concedera um crédito milionário ao Florentino Pérez. De maneira que Florentino Pérez é um exponhente importantíssimo da oligarquia madrileno-espanhola. Agora retoma o poder no Real Madrid, onde já ocupara a presidência, e chega prometendo fichagens espectaculares. Dito e feito, mas rabunhando um bocado, aparece de novo a sombra de Esperanza Aguirre, aliás do Banco de Santander, em poder da família Botín, umha das famílias mais ricas do estado espanhol, se nom a que mais. Portanto a operaçom à que acabamos de assistir, pode parecer grotesca e de facto é. Mas é umha operaçom política à que ninguém se opom a sério desde as forças sistémicas.

A liga de futebol, precisamente em tempos de crise, nom pode cair. Se nom há demasiado pam, polo menos que nom falte o circo. Essa é a questom. Todo o mundo admite que as fichagens som caras, mas ninguém ou quase ninguém é crítico com o sistema que as permite. Eu, que som um gajo com má ideia, vejo que a questom é ante tudo a prioridade de que o espectáculo continue e, sendo mais malpensado, até poderia intuir a necessidade política de um Real Madrid forte para evitar cousas como o acontecido em Mestalla na última final da "Copa del Rey"...todos conhecemos o papel sociológico jogado polo Real Madrid no franquismo, e parece que há certa intençom de resgatar isso.

segunda-feira, junho 15, 2009

O inquérito sobre a língua nos centros de ensino

Parece que a ninguém lhe cai demasiado bem esse inquérito que pretende submeter a consulta a língua vehicular das aulas nos centros de ensino. Vaia, vaia, vaia...curioso...e isso que Frijolito inventou a caralhadinha esta covencido de que "era o que o povo queria". Pois nom parece que ao povo lhe caia muito em graça o inventinho do listo de Frijolito. Até estamos a escuitar comentários do tipo de "o galego querem-no quitar, a religiom nom a quitam nem de conha". Bom, parece que ainda há alguns neste povo que polo menos cheiram as jogadas - às vezes um bocadinho burdas- desta maltinha infame.

O inquérito -torpe paripé para depois fazer o que lhes saia de dentro- nom era o que o povo queria, nom. Era o que Gloria Lago queria. O povo traga muito, é crédulo, é ingénuo, mas as vezes a manipulaçom é tam ruim que se revolta. Repartir papelinhos com respostas induzidas e perguntas tendenciosas nom é democraia, nom é escuitar ao povo. É umha tomadura de pelo. E até os parvos se acabam dando conta de quando os puteam.

quarta-feira, junho 10, 2009

Recapitulaçom geral, dous messes depois

Depois de dous messes de parom por questons de diversa indole, de novo o Tangaranho tira a luz um post, para fazer repasso do que veu ocorrendo do 15 de Abril, até hoje.

Eleiçons europeias, arrasse da direita, e parece que polo meio nada acontece, quando nom é assim, polo menos no nosso país. Antes, a grande manifestaçom pola língua; por certo: declaraçons de Gloria Lago (virgen y mártir)"la gente que defiende el gallego lo hace por dinero"...animalada número nom sei quantos de Gloria Lago, sem que em La Voz de Galicia saia ninguém a replicar-lhe, todo o contrário. Por se for insuficiente a tribuna que já lhe dam, desproporcionada do ponto de vista da sua representatividade social, sai um dos gorilas editoriais de LVG na sua defesa, dizendo que é umha vítima de nom se sabe quê...ela que cada vez que abre a boca é para agredir a alguém. "Yo pensaba que era por una cuestión romántica, pero me he dado cuenta de que hay mucha gente que vive de la lengua". Desfazatez sem limites...ou propaganda fascista da velha escola, é-vos como o conto do ouro de Moscova, um conto velho mas eficaz. As dúzias de milhares de pessoas que se derom cita em Compostela o 17-M eram assalariados da língua, devemos entender. Reclamo a minha parte, logo. Se pagam nalgumha parte por defender a língua, que me paguem a mim também. Onde há que se apontar? Para idealistas já estám os trescentos e tal madrilenhos que vinherom a Compostela a emular ao Cid Campeador...marcha triunfal de ex-guerrilheiros de Cristo Rey, membros numerários do Opus Dei, catecúmenos, ouvintes alporizados da COPE e falangistas que nem vestidos de Armany disimulam a caspa..idealistas do Século XXI!!!

...e greve do metal, com repressom preventiva e polas costas. A categórica instáncia dos empresários pontevedreses (disparen, coño) e a diligência dos esbirros a atacar arbitrariamente e polas costas, para causar mais baixas. Os bustos parlantes a enrugar as frentes, afogando o berro airado da dona de casa a berrar-lhes aos anti-distúrbios (Que no estaban haciendo nada, hijos de puta!!!)E o povo viguês, com o proletariado do metal, mecaghondios, como tem que ser. Nom tudo é a Galiza pepeira, há outras cousas, há outros agires e outros entenderes que respiram por baixo e, às vezes, saim à superfície. Eram estes assalariados da luita de classes? Para idealistas já estám o das porras e os capazetes, esses sim que vos tenhem ideais. Sonhavam que um dia eram heróis do povo. Desta vez nom vai ser. Sempre haverá umha velha na veranda daquele prédio a vos berrar...Que no estaban haciendo nada, hijos de puta!!!

Sim que estavam a fazer...estavam a lhe dar exemplo a umha classe proletária que continua no seu pesado sono.

quarta-feira, abril 15, 2009

O golpismo de La Voz de Galicia

Vou comentar hoje - com um bocado de retardo - umha entrevista publicada em La Voz de Galicia que bem poderia ser qualificada de exemplo em grao máximo de jornalismo de cloaca, a parte de ser a enéssima mostra da linha editorial golpista, amarelista, e cada vez mais próxima à extrema direita de La Voz de Galicia.

Um rosto e umha mensagem:"No se sabe por dónde va a explotar el hastío del pueblo venezolano". A ameaça número nom sei quantos de um líder opositor contra o governo legítimo da Venezuela. Os democratas galegos temos que suportar ver como o jornal de maior tiragem da Galiza, líder de vendas e mais lido no nosso país presenteia linhas à enferma e reaccionária oposiçom venezuelana. Nom se sabe por onde vai estourar o enfastio...ou seja, devemos entender que a direita e a extrema direita venezuelanas nom renunciam a ganhar a golpe de baioneta o que nom parecem capazes de ganhar nas urnas. Organizarám umha asonada militar, ou umha entrada triunfal dos marines norte-americanos, e dirám que foi o povo quem se sublevou. Eu quixera saber porquê Chávez, o Presidente de Venezuela, o eligido pola maioria dos venezuelanos, nunca foi entrevistado por La Voz de Galicia. Ainda que poido intuir a razom dessa omissom.

O rosto que acompanha a ameaça, ou acompanhado pola ameaça:um cabrom qualquer. Nem a pena paga dizer o seu nome. Quem é este tipo? Hugo Chávez é o Presidente da Venezuela...e ele? Ah, claro! Um destes elementos que tenhem que ter razom porque o di o vozeiro principal dos fachas chuleadores de democracias e conquistas populares. Senhor Santiago Rey Fernández-Latorre e colegas, seqüazes, empregados e seguidores...de umha vez por todas, deixem de dar a brasa!!! Hugo Chávez é o Presidente da Venezuela porque os venezuelanos o querem assim, ponto e final. É que a democracia só vale quando ganham os que vocês querem? Já chega!!!

Certamente, o enfastio do povo nom se sabe por onde vai estourar, mas vai ser nom contra o governo legítimo da Venezuela...vai ser contra estes impostores que o andam a insultar polo mundo adiante, ponhendo em causa o seu critério democrático.