segunda-feira, outubro 29, 2007

Chabolismo

Quando um vê imagens como a da brutal carga policial em Cañada Real, e a fera defesa d@s vizinh@s contra a violenta intervençom dos mercenários espanhois, os sentimentos agolpam-se de umha maneira e com umha intensidade difícil de descrever nos tecidos de um. Mas também é um tema este - o dos mega-assentamentos chabolistas - sobre o que cumpriria ir reflectindo, polo menos pola nossa parte, pola parte dos que nos consideramos de esquerdas e nom "tragamos" de boas a primeiras com segundo quê cousas, nom vaia ser que um dia nos queiram vender umha soluçom que nom seja tal e nos pilhem absolutamente desprevenidos. Tenho que dizer que já ia fazendo falta que aparecessem análises sérias sobre o conflito concreto de Cañada Real e considero que, no que respeita à Galiza, também vai sendo hora de estudar o problema para dar soluçons. Porque a soluçom real nunca será botar de um sítio a três mil pessoas para que marchem a outro. Isso é trasladar o problema, nom é solucioná-lo.

O outro dia aparecia em La Voz de Galicia umha reportagem sobre assentamentos chabolistas em diferentes pontos da Galiza, alguns com umha longa história, como o de Penamoa na Corunha, ou o dos moinantes em Carvalho, ou o do Vao em Poio. Nos casos do Vao e de Penamoa, a associaçom entre o nome do povoado com o tráfico de drogas é automática. É freqüente escuitar que este tipo de ghettos interessa-lhe mantê-los à polícia, porque havendo estes núcleos de venda de droga, e sabendo que a maioria dos actos de delinqüência comum que tenhem lugar na cidade e os seus arredores tenhem umha relaçom directa com o mundo da droga, é fácil localizar alí aos delinqüentes, ou quando menos achar a sua pista, já que sem dúvida tarde ou cedo aparecerám por alí a vender os seus botins ou a comprar droga. Em qualquer caso, som freqüentes as protestas vizinais pola insegurança que criam estas mega-concentraçons de marginalidade.

Só quando interesses de aí arriba (políticos, económicos ou ambos) o requirem, os assentamentos desaparecem e aparece o problema de "quê fazer". É o caso de Penamoa, que tem os seus dias contados porque a terceira ronda vai passar por alí. E quê fazer com os três mil habitantes de Penamoa? É lógico pensar que se os botam de aí, para algum sítio vam ir, a nom ser que os que mandam neste tinglado chegaram à conclusom de que onde há que levar "a essa chusma" é a um forno crematório. Suponho que nisso nom estarám pensando, ainda que nom faltará quem assim opine por aí adiante.

Com o chabolismo há que acabar, e nom só porque os assentamentos chabolistas som um foco de tráfico de drogas e delinqüência, que desde logo nom é um mal motivo, mas nem sequer há que fazê-lo fundamentalmente por isso. Há que fazê-lo porque o direito a vivenda nos assiste a todos e os poderes públicos som os primeiros que devem fazer o possível para que esse direito seja um facto e nom só exista sobre o papel. Porque a margiçom em matéria de vivenda traz marginaçom em todos os demais aspectos; no laboral, no cultural, no educativo...e umha cousa leva a outra; a marginaçom leva a delinquir. Eu nom digo que "todos os chabolistas sejam bons por natureza" nem nada parecido; tampouco é necessário que seja assim. Ainda que sim que é certo que nom todos os habitantes de Penamoa se dedicam à droga.

Enfim, pensar e debater a sério sobre o tema penso que já é urgente.