Porquê nom houvo um Rock Radical Galego?
A continuaçom, um artigo que publiquei há algumhas semanas em Radicalismo.
Porquê nom houvo um “Rock Radical Galego”?
A mocidade revolucionária basca, e também a catalana, desfrutam desde há geraçons de umha ampla cena de bandas comprometidas com a causa da libertaçom nacional, que cantam na língua do país e que o fam desde as mais variadas linguagens musicais...heavy metal, punk, hardcore, hip-hop, rock, ska, reagge...cantado em català e em euskera e sem complexos. Há inclusso um mercado auto-suficiente, estas bandas vendem discos e há um circuíto que lhes asegura o poder tocar. Dar um concerto em Euskal Herria ou nos Països Catalans, desde logo, nom é a odiseia que é aquí, e eu mesmo lembro que já há anos o baterista de Skacha me comentava que a esta banda viguesa lhe resultava muito mais fácil fazer um concerto em Catalunya que na Galiza.
O caso basco e o caso catalám tenhem pontos em comum e tenhem também as suas diferenças, em todo caso aquilo que tenhem em comum é justo o que marca a diferença com o caso galego.
Em Euskal Herria, nos anos oitenta, irromperom bandas punk como La Polla, Eskorbuto, Vómito, Kortatu, MCD...bandas que cantavam em espanhol maioritariamente, às que se forom somando outras que cantavam em euskera. Primeiro foi Kortatu, mais tarde bandas como Jotakie, Hertzainak, Kontuz-Hi!, Delirium Tremens...tinham em comum a proximidade com a atitude punk, e os referentes musicais; nom havia conhecimentos técnicos como para ser originais e o que se oferecia eram letras que falavam de temas com os que se podia identificar a juventude basca; a repressom policial, a abafante presença da igreja católica e a sua moral repressiva, a exploraçom laboral, a imposiçom do serviço militar...com músicas fuziladas dos Ramones, The Clash, Sex Pistols, Specials, Bob Marley...
O relevo geracional nas comissons de festas dos bairros e concelhos rurais do país, propiciou que todas estas bandas começassem a fazer directos e a consolidar um público. Isto, mais o eco que atoparom no jornal Egin, a travês do suplemento musical “Bat, hi, hiru, burau!” onde apareceu por primeira vez a referência a esta geraçom de bandas baixo o termo “Rock Radical Basco”, termo que nom gostava em princípio a algumhas bandas, e o parachuvas da discográfica Ohiuka, que foi a que em princípio apostaria por estas bandas. Claro que todos estes factores som conseqüência de umha operaçom política por parte da esquerda abertzale, que no seu momento decide potenciar toda essa efervescência cultural agromada à calor dos ecos do punk, operaçom que se traduziria de umha maneira muito rápida num grande capital político. A causa basca, em poucos anos, cobraria fora de Euskal Herria umha simpatia entre a juventude de outras latitudes do estado espanhol e de América Latina, que nom teria se nom tivesse tais difusores fora das fronteiras da naçom basca. O contexto histórico, também, era propício. Os oitenta forom anos de crise industrial, a heroína fazia estragos na populaçom jovem basca e a repressom policial e o terrorismo de estado se cebavam no povo basco, havia centos de presos e presas polític@s basc@s nos cárceres espanhois e franceses...etc. Com o tempo, as geraçons herdeiras do “Rock Radical Basco” iriam fazendo-se mais diversas em referências musicais, mais profissionais, com mais qualidade técnica, e tornariam-se maioria as bandas que cantam em euskera.
O caso galego leva já vinte anos (como mínimo) dando altos e baixos, sem acabar de arrancar. Lembro que o primeiro grupo com certo sucesso comercial que cantou em galego forom Os Resentidos. Em 1982 o tema “Galicia Caníval”, incluido no LP do mesmo título, sonava na rádio fórmula espanhola e nas discotecas com insistência. LP’s posteriores como “Fracaso Tropical” ou “Jei” também obtiveram certo reconhecimento; “Fracaso Tropical” obtivo um éxito de vendas similar ao de “Galicia Caníval” e “Jei” tivo bastante boas críticas na imprensa especializada, ainda que já nom tivo o mesmo nível de vendas que os anteditos. Poucos anos antes da disoluçom de Os Resentidos, surgiu outro projecto chamado Os Diplomáticos de Monte Alto. Havia um elemento comum com Os Resentidos, que era a língua. Havia também as suas diferenças. Se Os Resentidos tinham umha especial querência polo rap e as músicas latinas, e lhe acrescentavam a isto dous elementos tam folkies como a gaita e o acordeom, no caso dos Diplomáticos os referentes musicais variavam e apontavam a Kortatu, The Clash e Mano Negra, ainda que se conservava esse espírito reciclador da música popular galega, com estrofes fuziladas de cançons populares e com a presença do acordeom.. Polo meio, surge o primeiro intento de criar umha cena de rock em galego; Antón Reixa intenta criar o selo “Fundación Resentidos”, que daria acobilho a bandas que começavam a sonar naquele momento como Rastreros, Yellow Pixoliñas e Os Verjalhudos. Os Verjalhudos som umha banda punk que vai na onda dos Pogues e que se fai famosa a nível da Galiza graças a um programa da TVG conduzido por Antón Reixa, chamado Sitio Distinto. Alí também saltam ao panorama nacional Os Diplomáticos. A cousa nom se materializa, mas Os Diplomáticos seguem no empenho de juntar as bandas que trabalham na Galiza e em galego, e um dia do ano 95 conseguem reunir em Lourençá a um bom número de bandas que se expressam na nossa língua. Algumhas delas acabariam participando num compilatório de Edicións do Cumio, como é o caso de O Caimán do Rio Tea, Ruin Bois, Skornabois, Túzaros ou Impresentables. Outras bandas, como Yellow Pixoliñas ou Heredeiros da Crus, assistirom a aquela reuniom de Lourençá, mas decidirom seguir um caminho diferente. Aquele fito da ediçom do compilatório, mais a primeira ediçom do “Castañazo Rock” de Chantada, que serviu de apresentaçom do disco, deveria ter sido um ponto de partida para criar umha cena de bandas em galego, mas mais umha vez a cousa nom foi para adiante. Nom havia umha conceiçom mínimamente homegénea do que se queria e o “movimento” disgregou-se. Poderiamos seguir enumerando outros intentos de unir aos músicos que trabalham em galego, como o caso de AMELGA, mas perderiamo-nos. Desviariamo-nos do tema que pretendemos tratar.
Todos estes intentos de juntar às bandas que cantam em galego jamais lograrom tal objectivo. Poderiamos fazer a salvidade de AMELGA, porque também AMELGA nom era um projecto destinado a juntar as bandas de rock que cantassem em galego, a cousa era abranger a tod@s @s músic@s galeg@s que trabalhassem em galego, cousa que ia conseguindo, até a sua desapariçom por, digamos, colapso orgánico.
Mas, apeadas do bravú, ficarom bandas que, ou nom forom convidadas a fazer parte do projecto, ou de entrada refugarom participar da experiência. O manifesto bravú dezia cousas sensatas, mas ficava em geralidades que nom aprofundavam na realidade social do país. A fórmula nom podia funcionar, porque nom tinha em conta os cámbios operados na sociedade galega. A mocidade galega dos anos noventa era urbana, inclusso a mocidade galega que vivia afastada dos grandes núcleos de populaçom tinha hábitos urbanos. Plantejar o rock bravú como umha alternativa “rural” à cultura urbana foi um erro. Porque quando há umha série de bandas que oferecem como elemento novidoso a língua e pretendem abrir-se passo no mercado com a língua por bandeira, há que jogar a carta do idioma com inteligência. Nada lhe pode importar a um jovem proletário ou umha jovem proletária residente em Carança, na Agra ou em Coia que “as patacas de cedo sairom boas”. Porquê no contexto espanhol triunfam bandas do chamado “pop español”, ou bandas de rock, que cantam em espanhol, mas que nom oferecem umha especial qualidade técnica? Pois porque a gente percebe as letras e sente-se identificada com elas. Essa é a chave. Cantar-lhe a um mundo inexistente, nom conduze a nada.
Como ia dizendo, houvo bandas que cantarom em galego e que permecerom à margem de um rock bravú que renunciou a liderar umha revoluçom no rock nacional. Por discrepáncias claras com o projecto, ou simplesmente porque se moviam noutras dinámicas. Eu quixera ter um especial recordo para duas bandas compostelanas; Fame Neghra e Dirty Barriguitas. Começarom a sonar nos albores do movimento hardcore na Galiza, e numha época em que agromavam os Centros Sociais Ocupados no estado espanhol como umha nova forma de catalisar o movimento “alternativo”. Nom todo o mundo, numha cena hardcore dominada polo movimento libertário, compreendia isso de cantar em galego. Mas eles tocarom por Galiza adiante, e mesmo fora da Galiza, cantando em galego. De pessoal rebotado destes dous grupos, nascerom Samessugas, que hoje seguem a dar exemplo, porque se movem no mundo da cena garage-punk, na que nom podemos dizer que o nacionalismo tenha umha grande presença, se é que tem algumha, partilhando cenário com bandas que cantam em inglês e que mesmo nom vem demasiado bem cantar em espanhol.Outra banda que merece ser mencionada na história do rock feito em galego é Nen@s da Revolta, que se fixerom populares no ámbito independentista polos seus dous CD’s com o selo Sons de Luita, mas que muito antes de se dedicar a isto do reagge e o rock mestiço faziam punk. O seu principal referente eram os Stupid Baboons. Vim-nos por primeira vez no edifício de usos múltiples de Acea da Má em Culheredo, há um lote de anos. Nem lembro com quem partilhavam cenário daquela vez. Como detalhe, dizer que fixerom mençom aos presos e presas independentistas galeg@s, umha realidade à que a maioria do público que frequentava concertos do circuito hardcore-punk da Galiza lhe dava maioritariamente as costas. Lembro que mesmo, quando fixeram aquela mençom, houvo algum intento de apupo desde o público. Hoje o projecto está disolto e o ex -baterista e o ex -baixista tocam na banda de música popular galego-portuguesa Contra-dança. Outra banda que passou à história por ter um gesto nom muito comum forom os Raiados. Numha entrevista radiofónica partirom-lhe o cráneo a um locutor por nom lhes falar em galego. Um dos integrantes desta banda seria fundador de outro projecto musical chamado Nabarraka. Nos anos noventa também aparecerom as bandas ferrolanas Consumatum Est e Eutanásia Activa. Mas há que dizer que as bandas que se expressavam exclussivamente em galego eram minoria. O que sim é certo é que na cena punk havia menos complexo por cantar em galego do que noutras cenas, muito a pesar da “pressom” para evitar gestos que cheirassem a nacionalismo. Outras bandas que cantarom maioritariamente em espanhol, mas que tinham temas em galego no seu repertório forom Desvirgheitors, Xentalla ou Meigallo. Há inclusso o caso de umha conversom do espanhol ao galego; Skacha hoje por hoje é a melhor banda punk galega e o seu repertório mais actual é em galego.
Provavelmente havia material, nem melhor nem pior, para criar umha cena “alternativa” galega ampla e plural. O que faltou foi a vontade política de fazê-lo. Quem o podia fazer preferiu nom arriscar e agarrou outros atalhos polos que esnafrar-se era quase inevitável. Projecto Global é um selo que pretende englobar a todas aquelas bandas com letras em galego e ideologia independentista. Aí tenhem cabimento umha série de bandas, mas na minha opiniom o que falta na Galiza é outra cousa. Falta umha discográfica que trabalhe com critérios nom partidaristas e que lhe dea saida ao material em galego. Independentemente de se é político ou nom o é.Ou isso, ou abrimos o critério ao factor “língua”. Ao melhor, fai falta um “Ohiuka” galego. Eu nom me inclino por nengumha das duas vias. A verdade é que o que nom creio é que haja já possibilidade algumha de que saiam adiante produtos pré-fabricados como o bravú. Aliás duvido que qualquer projecto político esteja em condiçons de tutelar, nesta altura, algo similar ao gestado em E.H. nos anos oitenta.
A mocidade revolucionária basca, e também a catalana, desfrutam desde há geraçons de umha ampla cena de bandas comprometidas com a causa da libertaçom nacional, que cantam na língua do país e que o fam desde as mais variadas linguagens musicais...heavy metal, punk, hardcore, hip-hop, rock, ska, reagge...cantado em català e em euskera e sem complexos. Há inclusso um mercado auto-suficiente, estas bandas vendem discos e há um circuíto que lhes asegura o poder tocar. Dar um concerto em Euskal Herria ou nos Països Catalans, desde logo, nom é a odiseia que é aquí, e eu mesmo lembro que já há anos o baterista de Skacha me comentava que a esta banda viguesa lhe resultava muito mais fácil fazer um concerto em Catalunya que na Galiza.
O caso basco e o caso catalám tenhem pontos em comum e tenhem também as suas diferenças, em todo caso aquilo que tenhem em comum é justo o que marca a diferença com o caso galego.
Em Euskal Herria, nos anos oitenta, irromperom bandas punk como La Polla, Eskorbuto, Vómito, Kortatu, MCD...bandas que cantavam em espanhol maioritariamente, às que se forom somando outras que cantavam em euskera. Primeiro foi Kortatu, mais tarde bandas como Jotakie, Hertzainak, Kontuz-Hi!, Delirium Tremens...tinham em comum a proximidade com a atitude punk, e os referentes musicais; nom havia conhecimentos técnicos como para ser originais e o que se oferecia eram letras que falavam de temas com os que se podia identificar a juventude basca; a repressom policial, a abafante presença da igreja católica e a sua moral repressiva, a exploraçom laboral, a imposiçom do serviço militar...com músicas fuziladas dos Ramones, The Clash, Sex Pistols, Specials, Bob Marley...
O relevo geracional nas comissons de festas dos bairros e concelhos rurais do país, propiciou que todas estas bandas começassem a fazer directos e a consolidar um público. Isto, mais o eco que atoparom no jornal Egin, a travês do suplemento musical “Bat, hi, hiru, burau!” onde apareceu por primeira vez a referência a esta geraçom de bandas baixo o termo “Rock Radical Basco”, termo que nom gostava em princípio a algumhas bandas, e o parachuvas da discográfica Ohiuka, que foi a que em princípio apostaria por estas bandas. Claro que todos estes factores som conseqüência de umha operaçom política por parte da esquerda abertzale, que no seu momento decide potenciar toda essa efervescência cultural agromada à calor dos ecos do punk, operaçom que se traduziria de umha maneira muito rápida num grande capital político. A causa basca, em poucos anos, cobraria fora de Euskal Herria umha simpatia entre a juventude de outras latitudes do estado espanhol e de América Latina, que nom teria se nom tivesse tais difusores fora das fronteiras da naçom basca. O contexto histórico, também, era propício. Os oitenta forom anos de crise industrial, a heroína fazia estragos na populaçom jovem basca e a repressom policial e o terrorismo de estado se cebavam no povo basco, havia centos de presos e presas polític@s basc@s nos cárceres espanhois e franceses...etc. Com o tempo, as geraçons herdeiras do “Rock Radical Basco” iriam fazendo-se mais diversas em referências musicais, mais profissionais, com mais qualidade técnica, e tornariam-se maioria as bandas que cantam em euskera.
O caso galego leva já vinte anos (como mínimo) dando altos e baixos, sem acabar de arrancar. Lembro que o primeiro grupo com certo sucesso comercial que cantou em galego forom Os Resentidos. Em 1982 o tema “Galicia Caníval”, incluido no LP do mesmo título, sonava na rádio fórmula espanhola e nas discotecas com insistência. LP’s posteriores como “Fracaso Tropical” ou “Jei” também obtiveram certo reconhecimento; “Fracaso Tropical” obtivo um éxito de vendas similar ao de “Galicia Caníval” e “Jei” tivo bastante boas críticas na imprensa especializada, ainda que já nom tivo o mesmo nível de vendas que os anteditos. Poucos anos antes da disoluçom de Os Resentidos, surgiu outro projecto chamado Os Diplomáticos de Monte Alto. Havia um elemento comum com Os Resentidos, que era a língua. Havia também as suas diferenças. Se Os Resentidos tinham umha especial querência polo rap e as músicas latinas, e lhe acrescentavam a isto dous elementos tam folkies como a gaita e o acordeom, no caso dos Diplomáticos os referentes musicais variavam e apontavam a Kortatu, The Clash e Mano Negra, ainda que se conservava esse espírito reciclador da música popular galega, com estrofes fuziladas de cançons populares e com a presença do acordeom.. Polo meio, surge o primeiro intento de criar umha cena de rock em galego; Antón Reixa intenta criar o selo “Fundación Resentidos”, que daria acobilho a bandas que começavam a sonar naquele momento como Rastreros, Yellow Pixoliñas e Os Verjalhudos. Os Verjalhudos som umha banda punk que vai na onda dos Pogues e que se fai famosa a nível da Galiza graças a um programa da TVG conduzido por Antón Reixa, chamado Sitio Distinto. Alí também saltam ao panorama nacional Os Diplomáticos. A cousa nom se materializa, mas Os Diplomáticos seguem no empenho de juntar as bandas que trabalham na Galiza e em galego, e um dia do ano 95 conseguem reunir em Lourençá a um bom número de bandas que se expressam na nossa língua. Algumhas delas acabariam participando num compilatório de Edicións do Cumio, como é o caso de O Caimán do Rio Tea, Ruin Bois, Skornabois, Túzaros ou Impresentables. Outras bandas, como Yellow Pixoliñas ou Heredeiros da Crus, assistirom a aquela reuniom de Lourençá, mas decidirom seguir um caminho diferente. Aquele fito da ediçom do compilatório, mais a primeira ediçom do “Castañazo Rock” de Chantada, que serviu de apresentaçom do disco, deveria ter sido um ponto de partida para criar umha cena de bandas em galego, mas mais umha vez a cousa nom foi para adiante. Nom havia umha conceiçom mínimamente homegénea do que se queria e o “movimento” disgregou-se. Poderiamos seguir enumerando outros intentos de unir aos músicos que trabalham em galego, como o caso de AMELGA, mas perderiamo-nos. Desviariamo-nos do tema que pretendemos tratar.
Todos estes intentos de juntar às bandas que cantam em galego jamais lograrom tal objectivo. Poderiamos fazer a salvidade de AMELGA, porque também AMELGA nom era um projecto destinado a juntar as bandas de rock que cantassem em galego, a cousa era abranger a tod@s @s músic@s galeg@s que trabalhassem em galego, cousa que ia conseguindo, até a sua desapariçom por, digamos, colapso orgánico.
Mas, apeadas do bravú, ficarom bandas que, ou nom forom convidadas a fazer parte do projecto, ou de entrada refugarom participar da experiência. O manifesto bravú dezia cousas sensatas, mas ficava em geralidades que nom aprofundavam na realidade social do país. A fórmula nom podia funcionar, porque nom tinha em conta os cámbios operados na sociedade galega. A mocidade galega dos anos noventa era urbana, inclusso a mocidade galega que vivia afastada dos grandes núcleos de populaçom tinha hábitos urbanos. Plantejar o rock bravú como umha alternativa “rural” à cultura urbana foi um erro. Porque quando há umha série de bandas que oferecem como elemento novidoso a língua e pretendem abrir-se passo no mercado com a língua por bandeira, há que jogar a carta do idioma com inteligência. Nada lhe pode importar a um jovem proletário ou umha jovem proletária residente em Carança, na Agra ou em Coia que “as patacas de cedo sairom boas”. Porquê no contexto espanhol triunfam bandas do chamado “pop español”, ou bandas de rock, que cantam em espanhol, mas que nom oferecem umha especial qualidade técnica? Pois porque a gente percebe as letras e sente-se identificada com elas. Essa é a chave. Cantar-lhe a um mundo inexistente, nom conduze a nada.
Como ia dizendo, houvo bandas que cantarom em galego e que permecerom à margem de um rock bravú que renunciou a liderar umha revoluçom no rock nacional. Por discrepáncias claras com o projecto, ou simplesmente porque se moviam noutras dinámicas. Eu quixera ter um especial recordo para duas bandas compostelanas; Fame Neghra e Dirty Barriguitas. Começarom a sonar nos albores do movimento hardcore na Galiza, e numha época em que agromavam os Centros Sociais Ocupados no estado espanhol como umha nova forma de catalisar o movimento “alternativo”. Nom todo o mundo, numha cena hardcore dominada polo movimento libertário, compreendia isso de cantar em galego. Mas eles tocarom por Galiza adiante, e mesmo fora da Galiza, cantando em galego. De pessoal rebotado destes dous grupos, nascerom Samessugas, que hoje seguem a dar exemplo, porque se movem no mundo da cena garage-punk, na que nom podemos dizer que o nacionalismo tenha umha grande presença, se é que tem algumha, partilhando cenário com bandas que cantam em inglês e que mesmo nom vem demasiado bem cantar em espanhol.Outra banda que merece ser mencionada na história do rock feito em galego é Nen@s da Revolta, que se fixerom populares no ámbito independentista polos seus dous CD’s com o selo Sons de Luita, mas que muito antes de se dedicar a isto do reagge e o rock mestiço faziam punk. O seu principal referente eram os Stupid Baboons. Vim-nos por primeira vez no edifício de usos múltiples de Acea da Má em Culheredo, há um lote de anos. Nem lembro com quem partilhavam cenário daquela vez. Como detalhe, dizer que fixerom mençom aos presos e presas independentistas galeg@s, umha realidade à que a maioria do público que frequentava concertos do circuito hardcore-punk da Galiza lhe dava maioritariamente as costas. Lembro que mesmo, quando fixeram aquela mençom, houvo algum intento de apupo desde o público. Hoje o projecto está disolto e o ex -baterista e o ex -baixista tocam na banda de música popular galego-portuguesa Contra-dança. Outra banda que passou à história por ter um gesto nom muito comum forom os Raiados. Numha entrevista radiofónica partirom-lhe o cráneo a um locutor por nom lhes falar em galego. Um dos integrantes desta banda seria fundador de outro projecto musical chamado Nabarraka. Nos anos noventa também aparecerom as bandas ferrolanas Consumatum Est e Eutanásia Activa. Mas há que dizer que as bandas que se expressavam exclussivamente em galego eram minoria. O que sim é certo é que na cena punk havia menos complexo por cantar em galego do que noutras cenas, muito a pesar da “pressom” para evitar gestos que cheirassem a nacionalismo. Outras bandas que cantarom maioritariamente em espanhol, mas que tinham temas em galego no seu repertório forom Desvirgheitors, Xentalla ou Meigallo. Há inclusso o caso de umha conversom do espanhol ao galego; Skacha hoje por hoje é a melhor banda punk galega e o seu repertório mais actual é em galego.
Provavelmente havia material, nem melhor nem pior, para criar umha cena “alternativa” galega ampla e plural. O que faltou foi a vontade política de fazê-lo. Quem o podia fazer preferiu nom arriscar e agarrou outros atalhos polos que esnafrar-se era quase inevitável. Projecto Global é um selo que pretende englobar a todas aquelas bandas com letras em galego e ideologia independentista. Aí tenhem cabimento umha série de bandas, mas na minha opiniom o que falta na Galiza é outra cousa. Falta umha discográfica que trabalhe com critérios nom partidaristas e que lhe dea saida ao material em galego. Independentemente de se é político ou nom o é.Ou isso, ou abrimos o critério ao factor “língua”. Ao melhor, fai falta um “Ohiuka” galego. Eu nom me inclino por nengumha das duas vias. A verdade é que o que nom creio é que haja já possibilidade algumha de que saiam adiante produtos pré-fabricados como o bravú. Aliás duvido que qualquer projecto político esteja em condiçons de tutelar, nesta altura, algo similar ao gestado em E.H. nos anos oitenta.
1 Comments:
Ramniro,. confesso que este post não foi fácil de ser lido. Pela minha dificuldade natural com o galego e por ser um assunto muito focado nas questões galegas. Mas o que me ficou foi o que acontece em qq lugar do mundo: ter vontade política é essencial pra se construir qq coisa, sempre! E parece que a Galiza sofre deste mesmo mal que acomete o Brasil. Nem sempre há vontade política pro que é de interesse nacional. Beijo menino!
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