terça-feira, fevereiro 08, 2005

O 18, em Lisboa

Afinal parece que o 18 de Fevereiro sim que estarei em Lisboa. Nom sei como, mas havemos estar, a Alicia e mais eu. Ela quer que eu apresente o seu livro, "Botar o mar polos ollos". Sinto-me privilegiado, mas também apurado por nom saber se estarei à altura de tal responsabilidade. Por enquanto, começamos amanhá umha semana maratoniana de preparativos, reservas de bilhetes, comparaçom de combinaçom de horários...um autêntico agóvio, para estar o 18 de Fevereiro às 11 da noite no local da incomunidade. Espero nom falhar-che Alicinha. Tu mereces que tudo saia bem. O que me causa também tristeza é que isto o deveria fazer a minha caríssima Elvira...

...bom, para esta fria tarde de terça de entruido, um poema de Henrique Rabunhal

LONGE DA FAMA E DAS ESPADAS

Que venha a mim a palavra esmaltada no bafo da sede,
a este vaso de carne que aspira a falar com voz distinta,
a este vidro vazio, sem potassa nem soda, em que canta
umha secura antiga, quebradiça e eterna.

Que venha a mim a palavra abrindo as portelas da casa
e que um ar penetre os quartos desta existência
precisa de sons articulados, e que o sentido seja dado
por quem comigo pedir que a palavra venha.

Que venha a mim a palavra mesmo impossível,
que construa estradas por aquel encéfalo animal
que fomos num passado, a arder na memória,
sombras de um outeiro de tinta.

Que venha a mim a palavra e o ordene todo:
o cristal desta sede cantando,
a casa fechada à luz sonora
aquel encéfalo de pam e laranjas.

Que venha a mim a palavra no bafo da sede.

1 Comments:

At 9:57 PM, Anonymous Anônimo said...

Ánimos para a viaxe. Has cumprir, sen dúbida e do mellor xeito posible, co difícil cometido de mostrar o libro de Alizia ao mundo, sobre todo porque se trata dunha persoa que conta con todo o teu aprecio, sentimento que é recíproco.

unha aperta, sei que vai ser unha magnífica experiencia.

 

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