terça-feira, outubro 25, 2005

Cultura subsidiada

Resulta muito simpático escuitar aos advogados do projecto uniformador espanhol esbardalhar contra as subvençons à producçom cultural galega. Nom o fam porque considerem que há umha distribuiçom injusta das ajudas, ou porque pensem que se concedem a quem nom se deveriam conceder enquanto nom se lhe concedem a quem se calhar as mereceria mais. Baduam porque dim que nom deve haver ajudas à literatura galega, nem ao cinema galego, nem à música galega, que, em definitivo, se a literatura, a música, o cinema galegos nom som quem de competir por si próprios no mercado global pois que é normal e lógico que desaparezam. Também há quem opina o mesmo da língua; que nom deve haver descriminaçom positiva, que nom se devem estabelecer quotas que garantam a utilizaçom do galego na vida pública. Som maneiras de pensar, de ver as cousas. Darwinismo lingüístico-cultural, anti-intervencionismo, como lhe queirades chamar. O que se passa é que nom aplicam a mesma lógica nem com a língua espanhola nem com a cultura espanhola. Se o cinema espanhol nom estivesse subsidiado, ia poder competir com o ianque? Parece-me a mim que, de nom ser polos deostados subsídios, de nom ser pola intervençom estatal...já podiam os Almodóvar, Aranoa, Amenábar e demais família ir fazendo as malas, porque o de fazer cinema no estado espanhol ia passar de ser umha actividade profissional a ser um vício caro e praticamente inalcançável. E a língua? Nom está agora o Defensor del Pueblo reclamando do estado que intervenha perante o avanço das línguas "autonómicas"?

Eu nom acredito nesta autonomia, nem me identifico com este estado, nem com este sistema, mas entendo que as instituiçons estám para intervir, para corrigir, para compensar situaçons. As instituiçons estám concevidas para intervir, por isso o estado espanhol intervém e por isso as autonomias intervenhem e eu seria hipócrita se dixera que um estado galego nom interviria. Para que a cultura galega perviva, tem que haver literatura galega, música galega, teatro galego, cinema galego, banda desenhada galega....se umha cultura nom tem nada disso e só tem tradiçons, converte-se em folclore, que para mim nom é o mesmo que cultura. Pode que entre os que criticam as subvençons à producçom cultural galega haja quem o faga honestamente, sem hipocrisias, e que a sua postura seja igual para todos os casos em qualquer lugar, ou seja, que simplesmente defenda que os estados, os concelhos, as autonomias, nom pintam nada metendo mao em questons de cultura. Mas há outros muitos que lhes parece bem que haja instituiçons como o Instituto Cervantes ou que se subvencione a Amenábar. Eu digo que vale, que som maneiras de concevir como tem que ir o conto, claro que, é justo que só faga cinema quem tem capital e méios? É justo que só edite livros ou discos quem decida o capital que pode editar? Porque essa é a situaçom que teriamos se as instituiçons arredam do meio e nom metem mao para nada...pois a mim nom é umha situaçom que me seduça muito.

Se calhar muitos dos que assim opinam pensarám que defendem umha postura progressista...pois traslademos essa postura a tudo...para quê segurança social? Quem nom tenha dinheiro para médicos e medicinas, que morra. Para quê pensions contributivas ou nom contributivas? Quem nom poida produzir, que passe fame. Para quê vivenda social? Quem nom poida lugar ou comprar umha morada, que durma na rua. Ou seja, nom defendem umha postura tam progressistas como eles acreditam; defendem um ultra-liberalismo puro e duro.