quinta-feira, janeiro 06, 2005

Morreu Xosé Tarrio

Morreu umha figura controvertida e temida desde o poder político e mediático, mas também morreu, para o movimento libertário ibérico, todo um icone da luita pola dignidade humana desde o mais profundo das cloacas do sistema carcelário.
Morreu Xosé Tarrio, o autor de um livro que conmoveu a muitas pessoas que desconheciam esse mundo sórdido e infernal das prisons; "Huye, hombre huye". Para quem o lesse, existia o perigo de cair numha nociva tentaçom; o de acabar pensando que estava a lêr umha obra de ficçom, um romance de aventuras. A consciência de que o que se relatava alí era real e pertencia a um passado nom demasiado longíquo, era a que ajudava a nom perder a noçom de até quê ponto cada um dos factos, detalhes, dados que alí se davam faziam parte de umha peripécia brutal. Toda umha vida de peregrinagem polas prisons do estado espanhol, toda umha vida a sofrer as políticas penitenciárias criminosas impartilhadas polos diferentes governos da sinistra era González. A tortura, as drogas, a máfia funcionarial, o terrorismo de estado, a letal companhia dessa besta negra chamada SIDA...configuram a paisagem de fundo de uns lances nom exentos de acçom, que lhe dam bastante vida ao decorrer da história e que fam mais levadeira a leitura, mas que nom apagam a cadência dramática que envolve todo o relato, apesar de que o próprio autor refuga o excesso fatalismo e mesmo evita o ódio e concede - lhes aos personagens mais sinistros sempre algum ponto de humanidade. No livro nom falta espaço para a ternura, o humor, o engenho e para a reflexiom filosófico-política. É um livro que a muit@s lhes parecerá cheio de ingenuidade, mas que tem bastante lucidez em muitas passagens.
A morte de Tarrio, o homem que dera tantas liçons de dignidade em prisom, passou desapercebida a nível mediático, foi clandestina como clandestina foi a sua vida. Foi um inimigo público número um que sementou o terror no establishment do sistema judiciário - repressivo da Espanha dos anos noventa. Um rebelde com causa, que protagonizou fugas espectaculares e que levantou desde entre as reixas e em regimem de ilhamento a prisons inteiras em defesa dos direitos humanos. Os anos da dispersom dos presos e presas polític@s, da alimentaçom forçosa nas greves de fame, do extermínio camuflado de reclus@s enfermos de SIDA, a trama carcelária dos GAL...tiverom um aguilhom na pessoa de Xosé Tarrio, que com "Huye, hombre, huye" deixou constáncia daquela época, assinalando nomes próprios para os factos denunciados : Juan Alberto Belloch, Antoni Asunción, Enrique Mújika...
A SIDA levou por diante a este luitador, e agora o repto é que a sua luita, a sua bagagem de combate nom fique no esquecimento. Que o vento lhe seja leve, e a luita continua.

3 Comments:

At 8:15 PM, Anonymous Anônimo said...

Psicopata???!!! Não conhecesse eu um pouco da índole do povo galego, por meio de alguns dignos conhecidos que aí fiz, tu me aparentarias um péssimo representante desta valorosa nação, condenado, talvez, a achincalhá-la por um testemunho pouco ou nada honrado. Mas, creio que não seja assim, pois não te julgo como tu me julgas. E tu me julgas lastimavelmente, sem que a sombra da sabedoria te refresque a testa. Por quê? Devo presumir que, ou teu consórcio com uma certa mocinha de nada te valeu para te acrescentar maturidade e bom senso, ou tua conduta irrespeitosa para comigo é fruto de alguma patologia moral ou psiquiátrica, não querendo, por certo, ofender-te, pois que deveria um homem pensar de um outro que, em momento algum do curso de sua vida, encontrou-se, falou ou supôs encontrar ou falar com o primeiro, e o trata desrespeitosamente, num claro acento de mofa grosseira que não deve ter lugar entre os homens de honra?
Esse fato é bastante, por si só, para me impor um silêncio, ou misericordioso ou desdenhoso. Não é, todavia. Tenho para razões falar-te, pois o direito natural de exigir de ti satisfatórias explicações, nessas circunstâncias, me assiste. Duas delas são a liberdade e a serenidade inquestionáveis de que goza minha consciência por demais liberta da corrupção a que são conduzidos, desgraçadamente, os homens impensados. E essas virtudes me permitem julgar desassombradamente, sem pena de pecar contra ti, a tua atitude inteiramente condenável.
Não quero aqui referir nada a respeito da “mocinha”, pois me recuso a falar de alguém, sobretudo em questão tão delicada, não estando o mesmo presente. Assim, quando te lancei o convite a falarmos pelo “messenger”, não tinha eu qualquer intenção difamatória contra tua protegida, a não ser falar de mim, unicamente de mim, pelo justo motivo a que acabei de aludir. E assim, esclarecer-te a meu respeito, o que penso, meus princípios e crenças, sem que repousassem névoas infames sobre tua fronte e te embotassem a razão. Porém, o fato não se consumou por tua teima e, para fatalidade, a verdade escapou à tua balda sensibilidade, por demais falha.
Tu mesmo disseste em teu “blog” que estás aberto a críticas e a discussões, pois não me parece, sendo teu ato afrontoso uma clara negação disso. Pois recorreste à brutalidade em vez de demonstrares uma grandeza moral tão rara em nosso século. Grandeza essa que liberta o homem da futilidade e da superficialidade, duas das causas tremendas do estado latrinário em que se encontra a sociedade, simplesmente por que o mínimo de respeito que se exige, não se dá. Dessarte, pode um crime ser mais negro do que afrontar um homem inculpe? Sim, pode. E é afronta-lo com escárnio e perversão. Isso não é apenas um ato doloso, mas pequeno e miseravelmente praticado.
Não quero tornar muito longo o meu apelo, mas ainda tenho a pedir-te que consideres esse fato: só o homem completamente depurado das vaidades inúteis que o possam corromper e em cujo peito se encontra sempre um interminável manancial onde abunde a sede de verdade, de consolações, de ensinos para a inteligência e confortos para o coração é que pode tornar-se censor entre seus semelhantes e julgar-se na capacidade de salvar ou absolver.
Se é possível que teu espírito se incline a isso, te renovo o convite para conversarmos como homens de honra, que creio que sejas.
Sempre respeitosamente, independente de onde me advenham as afrontas, despeço-me.

 
At 10:54 AM, Blogger Sabela said...

Ramiro, lembras como se apagavam os comentários? :)
Adoro ser a tua protegida!

 
At 11:26 AM, Blogger tangaranho said...

Nom tenho qualquer necessidade de apagar nada. Nom necessito censurar. Reitero que ninguém está obrigado a visitar blogs que nom forem do seu agrado. Nada mais. É absurdo manter polémicas que levam a parte nengumha. A mim segue-me parecendo demencial que, quem sente que nom é tratado de maneira adequada num blog continue a visitá-lo e a desqualificar ao promotor do blog...por isso o de psicopata...a quê vem tudo isto? Agora o senhor Pedro Lima dedica-se a vigiar polos blogs adiante o que eu digo para botar-mo em cara depois no meu próprio blog? Absurdo...Som a sua nova vítima propiciatória...? Que diga o que queira, eu censurar nom o vou censurar. Beijos, Sabelinha.

 

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