sexta-feira, janeiro 21, 2005

Nigger Soul

Nigger Soul
Eu topara-o umha manhá de primavera na ponte de Brooklin. O seu saxo tecia melodias que sabiam a Jamaica, a Cuba, a África… ele tratava de fixar a sua estrávica olhada em mim no entanto me relatava aqule delirante história , à calor dum charro. A sua visom evocava umha sorte de bardo afro-americano, era talmente um santom eremita que quigera ser poeta do povo. Impresionava aquele velho de voz agurdentosa, sujas rastas e longas barbas, tratando de envolver-me na visionária e gloriosa mitologia do seu povo: quando me queria desvelar o segredo do jazz, a essência do blues… quando me queria transportar à dimensom misteriosa onde habita o espítitu do calypso, do ska, do rocksteady ou quando me levava de maos colhidas voando às praias de Trinidad, a escuitar ferver os frutos do amor entre o sítar e o bidom. Aquele velho reagalara-me a sua amizade por uns minutos e um anaco da sua sabiduria para a toda a vida. Ensinou-me que os caminhos da música tenhem um percurso de ida espiritual e um percurso de volta disciplinar, mas que nós, cuitados brancos, temos que fazer esse percurso ao jeito inverso, porque nos falta o legado histórico, genético e emocional que configura essa carga espiritual. De nada serve a perfeiçom técnica: É que os teus antergos deixarom a vida apanhando algodom? Entom quem es tu para pretender violar os caminhos do jazz ou do blues? É que o teu avô era um preto de Puerto España que petava nos bidons diante dos soldados da Sua Graciosa Magestade? Entom nom digas que levas o calypso nas tuas veas!!! Assim de rotundo era o velho saxofonista rastafari. Eu agora estou num bar da minha cidade. (…) Penso que quiçás numha cousa sim que errou o meu amigo da ponte de Brooklin. Os sentimentos nom entendem de cor da pele. Os skinheads e os mods ingleses eram brancos uns, negros outros, e incluso paquistanís e indianos alguns. Os seus antergos nom apanhavam algodom , mas o sofrimento tem infinitas formas de deixar a sua impronta. Também eles conheciam o drama da emigraçom, o desarraigo e a exploraçom. O código genético da música jamaicana nom deveu ser muito difícil de descifrar para eles. O percurso espiritual dos seus caminhos foi, seguramente, caminhando em primeiro lugar e sem problema polos rapados admiradores de Lauren Aitken. Pago a minha consumiçom e vou a um local onde esta noite haverá um concerto de acid-jazz. Quero cheirar como se frige a alma do povo afro-americano envolta no lamento de melodiosas e profundas vozes negras, notar como as muxicas jazz-funky-soul saltam das cordas da guitarra para nadar nas ondas do baixo e como a bateria constrói rombos de vidro no éther que logo escacharám com um golpe de prato, tudo molhado com gotas de noite invernal da Galiza atlántica… e de madrugada passearei pola praia solitária , quiçá com a esperança de topar o espíritu do calypso, que terá descobrido que o vento mareiro das Rias Altas também o respira um povo que entende de sofrimento. Quiçá abandone por uns momentos a sua dimensom misteriosa e o tope bailando com as ondas do mar em meio do orvalho.

1 Comments:

At 11:49 AM, Blogger drama queen said...

la musica es un lenguaje universal, un lenguaje comun y como tu bien dices no entiende de color de la piel, idioma ni nada.

El mestizaje musical es muy rico, ultimamente, aunque no me pegue nada, estoy escuchando un monton el disco "lagrimas negras" de bebo valdes y el cigala. Me encanta.

Imaginate lo que resulta que juntar el sentimiento profundo del jazz y el quejio del flamenco. Sublime...

espero que el finde haya ido guay. Un besete

 

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