Desporto nom tem nada a ver com política?
Nom será a primeira nem a derradeira vez que eu mantenha umha ágria discusom com alguém sobre este assunto. A última vez foi com motivo dos Jogos Olímpicos, nos que eu lhe expressei a várias pessoas a minha satisfacçom polo facto de que, frente a fanfárria infumável de alguns, frente ao chauvinismo cego de alguns, havia umha potência olímpica da que ninguém falava mas que se mantinha aí, na zona méia-alta do medalheiro, que era Cuba. A isto alguns responderom-me que eu sempre andava a mesturar política com tudo, ao que eu repliquei que naturalmente. Que a ver se eles pensavam que os JJOO nom tinham nada de político, que a ver se pensavam que o resto dos estados do mundo nom utilizavam os seus logros desportivos em benefício dos seus respeitivos regimes. Todos os regimes e todos os governos o fam. Cuba também, e com todo o direito do mundo. Para muita gente, demasiada, inclusso para alguns nacionalistas galegos também, resulta incompreensível que para mim os logros de Cuba os sinta como mais próprios mesmo que os de desportistas de origem galega como Iván Raña ou David Cal. Alguns esquecem que estes dous atletas e outros atletas galegos que competirom nas Olimpíadas faziam-no sob a bandeira espanhola. Se o fixeram sob outra bandeira, iam mesmo alguns média de certo corte galeguista dar-lhes tanta bola?
Precisamente de David Cal falou-se muito ultimamente a raíz da sua enésima polémica com a Conselheira de Cultura, Ánxela Bugallo. O seu comunicado desmentindo umhas declaraçons da Conselheira nas que se afirmava que a Conselharia já lhe ingressara umha quantiosa subvençom ao piragüista de Aldám, tivo umha resonáncia mediática considerável. Nom fai falta que eu aclare porquê se lhe está a dar tanta amplificaçom a esta polémica. Já sabemos quais som as lealdades políticas de Cal e já sabemos o grande interesse que muitos média tenhem em destroir a política desportiva da Junta da Galiza. A desportiva e a cultural em geral. De facto, as alusons que se fam a certos aspectos da gestom de Bugallo som claríssimas. A mim o que me interessa deste cruzamento de fogo entre o desportista de elite do Morraço e a Conselheira é que esta briga desminte isso de que desporto e política nom tenhem nada a ver: se o problema de Cal com a Junta fosse governando o PP (supondo que esta crise nom seja outra das muitas crises de cartom-pedra que provoca a direita espanholista) nom haveria estas alusons, nem os ataques até pessoais que se estám a dar. Eu poido nom saber muito de desportos, mas até aí chego.
Há, afortunadamente, outra face da moeda. Frente a "heróis nacionais" que se emprestam a fazer de arietes da reacçom aproveitando-se dessa aureola de modelo para a juventude, rapazolo sano e com imagem politicamente correcta e demais, ontem lia com agrado umha notícia referida a Pia Sundhage, a mulher que levou à selecçom feminina de futebol dos Estados Unidos ao mais alto do pódio olímpico, que rejeitou o convite de George Walker Bush para cear com ele na Casa Branca. O motivo? Pois que Pia Sundhage se confessa militante do Partido Comunista Sueco, e colaboradora da sua revista. Como é natural, num lance de simples coerência, Sundhage perguntou-se quê demo pinta umha comunista partilhando ceia com um criminoso da talha de Bush.
O espírito de competiçom, obrigatório num ou numha desportista, nom está enfrentado com o sentido crítico das cousas. Há desportistas que pensam que estám por cima do bem e do mal e que vam ter sempre razom. E que nunca vam ser criticados. E assim, lançam-se a cruzadas absurdas, como no caso do senhor Pereiro e a sua infeliz adesom ao "Manifiesto por la Lengua Común" ou, como no caso do David Cal, deixam-se levar polos poderes fácticos para servir a interesses reaccionários. Há outros que tenhem os pés e a cabeça na realidade, e que dam liçons de dignidade, como a senhora Sunhage.
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