segunda-feira, dezembro 26, 2005

Mais de futebol

Um dos debates mais freqüentes no mundo do futebol vem sendo o de que até quê ponto é ético mesturar futebol com política. É um debate “políticamente correcto” que nom me interessa o mais mínimo. Nada é alheio à política, o futebol e em geral o mundo do desporto espectáculo tampouco.

Há já anos que estám a voltas os burocratas do Planeta Futebol com o tema de prohibir simbologia anti-constitucional e que incite ao ódio nos estádios, e isto deu para sissudos e apaixonantes debates. Eu nom sei em quê parou o tema, suponho que em nada. Porque ver, seguem-se a ver bandeiras franquistas, cruzes gamadas, bandeiras independentistas... suponho que sobretudo os clubes terám desistido de aplicar a palavra de ordem, por inaplicabilidade técnica, vaia.

O debate tomou um novo pulo com aquele jogador da liga italiana ao que pretendiam sancionar, nom me lembro se desde a UEFA ou desde o Calcio ou desde quê instáncia, por celebrar os golos com o saúdo à romana. Eu o que me pergunto é se de verdade pensam que este gajo vai deixar de ser um fascista porque lhe prohibam manifestar a sua ideologia. Ou se pensam de verdade que vai influir na maneira de pensar dos espectadores. Vaia, os siareiros que se sintam identificados com esse gesto, pois será porque já pensam como pensam. E os que nom, pois nom vam mudar de jeito de pensar, por muito que este tipo aproveite as canchas para fazer propaganda trapalheira do ideário do Duce.

Suponho que o problema é o temor que a circulaçom de determinada mercadoria ideológica subscita a respeito da mocidade e da infáncia. Mas a mocidade e a infáncia estám expostas a essa mercadoria em miles de ámbitos, nom apenas na cancha de futebol.

Ao melhor o que se passa é que temos ao mundo do desporto idealizado e inclusso ainda erroneamente equiparamos ao futebol com outros desportos e pensamos que deve transmitir esses valores olímpicos nos que na realidade ninguém acredita. O futebol é cada dia mais espectáculo e cada dia menos desporto também. E isso de que os futebolistas se metam em política, também nom é demasiado novo.

Pelé foi ministro com o anterior Presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso. Maradona tem feito campanha por Ménem e nom oculta a sua simpatia por Bin Laden e Fidel Castro. De Butragueño se di que tem simpatias de extrema direita. O Raul nom oculta também que é bastante facha. Guardiola é independentista catalám. Nacho é independentista galego e foi amigo pessoal do falecido membro do Exército Guerrilheiro Ramom Pinheiro “Tupa” (o de “Tupa” vinha-lhe aliás por umha anterior militáncia nos “tupamaros”) Arkonada foi concelheiro de Herri Batasuna no seu povo e Iríbar foi delegado sindical de LAB na construcçom. Vicente, um histórico do Celta, também tem ajudado a umha candidatura independente nas municipais do seu povo natal. O genial Sócrates, tivo problemas no Mundial de 86 polas suas famosas fitas na cabeça a rezar consignas políticas. Suponho que nom fará falta que continue.

Os futebolistas som pessoas. Podem ser muito de direitas ou muito de esquerdas, igual que podem ser muito boas pessoas ou autênticos malvados. Também podem ser muito parvos ou muito inteligentes. Som como o resto dos mortais, com um factor a relativizar essa igualdade: som milionários, claro. É o único que os fai “melhores”. O que há é que quitar da cabeça que tenhem que ser um modelo para ninguém. Porquê o tenhem que ser eles e nom os actores de cinema ou os músicos. Todos sabemos que mesmo músicos que dirigem a sua obra a público adolescente som bastante disipados em questom de drogas, por exemplo. Enfim, menos moralismo e mais cultura, que isso é o que verdadeiramente falha. Se os jovens lem mais e diversificam mais o seu ócio, serám mais independentes e o único caso que lhe farám aos futebolistas é o que lhe queiram fazer.