segunda-feira, janeiro 09, 2006

Eu nunca dixem que nom voltaria falar de futebol

...e desculpade que insista com o desporto da bola, mas neste meu país ultimamente se fala muito de futebol como parábola política, ou de futebol e outras colateralidades. Parece que este endianhado jogo inventado polos albioneses manda inclusso mais do que imaginava eu na nossa sociedade; eu já sabia que mandava mais do desejado, mas manda muito além do que eu até há pouco podia suspeitar. O futebol manda na Galiza e no mundo, e nom vejades vós até quê ponto pode despertar reacçons, subspicácias, teorias e demais um simples jogo amigável de futebol.

Para muitos o que houvo o 29 de Dezembro em Sam Láçaro foi umha espécie de akelarre separatista onde todos nos confabulamos para atentar contra Espanha por pensamento, palavra, obra e omissom. É-vos o problema da moral cristá, que a culpa é umha arma que se pode utilizar de maneira caprichosa contra o indivíduo ou colectivo escolhido como vítima propiciatória.

As iras do espanholismo som inaplacáveis ante os factos consumados e irreversíveis: a nódoa na virginidade, a ferida no mais intocável da essência da espanholidade da Galiza. Ressuscitar esse fantasma da Selecçom Galega - Mon Dieu! Lesa patria...- Umha blasfémia, máxime quando a sociedade galega, que é certo que nunca pressionou demasiado para que a Selecçom fosse umha realidade, respondeu massivamente e com entusiasmo. Sam Láçaro cheio e 800.000 espectadores por televisom. E por cima, vam e ganham, que isso é imperdoável, por favor Galiza ganhar? Galiza por cima de alguém em algo? Nom pode ser; "Galicia, terruño, región pintoresca de las Españas" sofridora e chorosa, mas nunca ganhadora, por favor... é umha síntese, tudo isto, queiramo-lo ou nom, da visom que temos de nós próprios e também da que tenhem de nós por aí fora...

Dezia que operamos um imenso pecado de pensamento, palavra, obra e omissom...a inquisiçom, o quê produziu? inquisidores, igual que os estados policiais produzem polícias...de pensamento pecamos porque somos o que somos e fomos a Sam Láçaro a exercer um direito que achávamos natural -isso é imperdoável, tamanha sobérvia...- de palavra, porque proferimos palavras de ordem onde se nomeava ao ente innomeável, "Galiza", de obra, por termos o atrevimento de cenificar a aberraçom de ganhar celebrando os golos do Nano e do Deus e de omissom porque omitimos a quem ou o quê? Pois a Espanha. Ninguém considerou oportuna, nem justa, nem necessária a presença de Espanha...toda umha alteraçom da hierarquia de palavras e conceitos do pensamento espanholista, sempre negador, abafantemente negador. Negador até incorrer na mentira, nom se ganhou por méritos próprios, nom se ganhou por superioridade, ganhou-se porque Uruguai se deixou ganhar, e isso que Uruguai é umha selecçom de quarta ordem...porque se comprou o jogo, chegou-se a dizer...enfim..o veleno segue a fluir, por quanto tempo?