segunda-feira, março 31, 2008

Mais sobre autodeterminaçom

Dezia o outro dia que os processos secessionistas na Europa do Leste ou os que se estám a dar agora na Ásia, concretamente na China com as próximas independências do Tíbet e Taiwan forom processos claramente aguilhoados desde o imperialismo ianque, por muito que detrás houvesse reclamaçons justas. Naturalmente, nada pode justificar a repressom cultural, lingüística ou religiosa. Mas sim que cumpre assinalar como estes processos de secessom se dam com todas as bençons do "mundo livre", enquanto se demonizam as aspiraçons de autodeterminaçom de povos com umha longa tradiçom de reivindicaçom nacional, como o basco, o irlandês (pode haver autodeterminaçom real sem a integridade territorial?) ou o corso.

Um caso que saltou à palestra foi o da Escócia, com a vitória eleitoral do Scottish National Party nas últimas eleiçons regionais. O SNP é umha força social-democrata, sem grandes aspiraçons de transformaçom social ou económica. Nom pretendem agredir a estrutura de classes da Escócia, nom pretendem sustrair o seu país da ordem económica mundial; de facto som europeistas e pretendem que Escócia seja mais um estado da UE. Ainda assim, duvido muito que nem a UE nem os USA vaiam permitir nunca isso.

Se isto é assim, podemos quase intuir que muito menos vam permitir nunca que saiam adiante processos liderados por forças revolucionárias. Polo menos, nom de bom grao. E todos conhecemos o estado de excepçom que se está a viver em Euskal Herria; seria este o cenário que teriamos se o protagonismo da esquerda abertzale nom fora o que é?

Na Galiza souvemos há uns dias da filtraçom ao MpDC de informes da Guardia Civil sobre os movimentos sociais no país. Isto tem muito a ver com a detecçom, por parte do aparelho repressivo do estado, de umha reorganizaçom da esquerda galega e dos movimentos sociais, fora das siglas tradicionais. Durante os anos oitenta e noventa o referente de nacionalismo galego, e mesmo de esquerda anti-capitalista, era o BNG. Agora já nom está a ser assim, primeiro pola evidente direitizaçom do Bloque, e segundo porque estám a surgir continuamente tentativas de confluência a diferentes níveis da esquerda soberanista galega. Causa Galiza nom é o único sintoma de que algo se move nesse espaço político, mas sim é a mostra mais plural. Galiza Nom se Vende, é também umha mostra de que os movimentos sociais estám a cobrar umha nova força, fora da tutela da esquerda hegemónica. Ao estado causa-lhe tudo isso certo temor.

Em qualquer caso, o que a Europa rica nom pode evitar é que povos com umha tradiçom de luita nacional innegável comecem a perguntar-se porquê é apoiável sem absolutamente nengumha condiçom a autodeterminaçom do Tíbet e a eles se lhes risca de pretender algo extemporáneo no mundo actual. Do ponto de vista do ideário puramente liberal, a autodeterminaçom é um acto democrático totalmente legítimo. A Europa dos estados e o capital esquece-se disto quando o exercício da autodeterminaçom afecta aos seus interesses estratégicos. A gente, os povos, nom importam.

Neste sentido, nom poido compreender a postura dos PC's clássicos e de umha boa parte da esquerda europeia, absolutamente impermeável a esta questom. Pode-se atacar ao coraçom do imperialismo sem questionar a sua soberania sobre territórios de naçons sem estado que mantenhem vivas as suas demandas de autodeterminaçom? Nengumha proposta anti-imperialista e anti-capitalista pode triunfar no continente se nom assome a autodeterminaçom como umha reivindicaçom já nom legítima, mas própria.

Na Galiza, de nengumha maneira se pode construir umha opçom de esquerdas acreditável sem levar o direito de autodeterminaçom por diante. A traiçom histórica da esquerda espanhola a Galiza segue viva na memória da militança revolucionária e a submissom das siglas espanholas do movimento operário a interesses alheios e às vezes encontrados com o do proletariado galego pom-se de manifesto continuamente, e quem duvidar remita-se aos últimos grandes conflitos laborais no nosso país. Escassa credibilidade tenhem o PCE e outras siglas espanholas na nossa naçom.

O Século XXI tem que ser o dos povos oprimidos. Eles tenhem que estar presentes no resurgir da esquerda europeia e mundial.

Provavelmente fico sem dizer muitas outras cousas que poderia dizer, mas deixo que vós aportedes e debatades.