segunda-feira, março 24, 2008

Reflexions (mais ou menos) espontáneas sobre a autoderminaçom

Acho que vem bastante a conto falarmos sobre o direito de autodeterminaçom, hoje, que temos sobre a mesa processos bem díspares, mas que tenhem na sua centralidade a questom nacional. Alguns, de umha perspectiva progressista, nom resulta conflitivo tomar possiçom: falo do caso de Palestina ou o Curdistám, por exemplo. Há outros cuja assunçom é mais conflitiva, pola tradiçom reaccionária dos movimentos que os lideram ou pola intencionalidade geo-política que encerra o seu avivamento e apoio por parte do imperialismo. Nom é difícil de compreender que falo de Cosova ou o Tíbet. Tudo isto, no marco de umha crise nacional-identitária do estado espanhol e de um futurível recrudescimento da contradicçom nacional na Europa ocidental. Euskal Herria, Córcega, Escócia, chamam à porta. Na minha opiniom, nom sem razom.

Que Turquia e Israel som avançadilhas do imperialismo ianque no Oriente Meio, nom é secreto para ninguém. Que recursos estratégicos como a água e os hidro-carburos tenhem um peso evidente que empece umha soluçom para estes conflitos, é tam óbvio que daria vergonha pô-lo em causa. A questom geo-estratégica também está aí.

A situaçom tanto no caso curdo como no caso palestiniano de negaçom dos direitos humanos, civís e políticos é tam clara, que seria inmoral nom apoiar as aspiraçons de autodeterminaçom destes povos. Mesmo que os processos nom estivessem liderados por organizaçons progressistas. De facto, Hamás nom tem nada a ver com a minha forma de entender o mundo, nom é nem muitíssimo menos umha organizaçom de esquerdas...e ainda assim, eu confesso que aplaudim quando derrubarom o muro de Gaza (e quem nom?)

A questom é: quê postura tomar perante processos que forom no seu dia aguilhoados para derrubar ao inimigo geopolítico do imperialismo ianque, ao socialismo, ou que se acentuam agora como conseqüência da derrota do socialismo. Para a esquerda é verdadeiramente complexo tomar possiçom.

O Tíbet era um estado teocrático e feudal antes da Revoluçom Cultural. Polo que tenho lido, fai parte da China desde o S.VII, ou seja, nom é que "o perverso comunismo" entrara no Tíbet para exterminar ao povo tibetano. A hierarquia tibetana tem umha longa tradiçom de aliança com os emperadores chineses, o problema veu quando a Revoluçom Cultural lhe arrebatou o poder e os privilégios a essa hierarquia, a hierarquia à que pertence o Dalai Lama. Polo que puidem lêr até o de agora, também, aquele regime feudal e teocrático de antes da Revoluçom, era de autêntico terror. As pessoas eram mercadorias, moeda de troco entre os senhores feudais. Compravam-se, vendiam-se, intercambiavam-se. Nos mercados compravam-se e vendiam-se crianças. Os servos eram submetidos a horrendas puniçons; mutilaçons, espancamentos...nom havia nem sombra de respeito pola dignidade humana para os servos, que eram o 95% da populaçom.

A Revoluçom Cultural trouxo para o povo tibetano progressos sociais inquestionáveis, como a sanidade gratuita e universal, a escolarizaçom obrigatória, e, fundamentalmente, o fim do escravagismo. O que se denuncia por parte dos defensores da "causa tibetana" é que China repreme a religiom budista (que, devemos entender, é um ámbito de resistência da identidade tibetana) e a cultura do povo tibetano, incluida a língua.

Conhecido é que há muito tempo que a China abandonou a senda do socialismo. Tampouco é que a Revoluçom Cultural tivera nunca muitas contemplaçons com a maranha de etnias, línguas e culturas que povoam o território do actual estado chinês. Verdadeiramente, penso que repremer culturas e línguas nom é de nengum jeito avançar cara o progresso. No tocante à religiom, é claro que som partidário de que vivamos em sociedades laicas regidas por instituiçons laicas. Outra cousa bem diferente é que pense que para caminharmos cara essa sociedade laica pense que há que repremer nos colectivos ou nos indivíduos qualquer manifestaçom de crença religiosa ou a celebraçom pública de cultos religiosos. Esse provavelmente foi um erro que a China acabará pagando; na História os erros pagam-se caros e, para dúvidas, o espelho da URSS.

Outra questom que está a irromper no debate é a brutalidade da repressom contra o levantamento tibetano destes dias. Umha brutalidade que se presupom polo que nos contam, mas da que nom há prova gráfica convincente. Nas manifestaçons da "revolta das cuncas viradas" em Birmánia, acabou havendo provas gráficas de que, com efeito, se espancava até a morte aos manifestantes, ou se disparava a dar contra a massa. Aquí nom. Aquí repetem-se imagens de dotaçons policiais utilizando cans contra os manifestantes, ou utilizando porras, detendo massivamente e, de quando em vez, algum tibetano com a cabeça aberta a golpes. Nom digo que seja justificável ou que nom seja brutal, o caso é que isto também o vejo aquí, com o que , ainda que com efeito é brutal, de extraordinário nom tem nada. As imagens de violência que mais se repetem, som mais bem de tibetanos agredindo a viandantes presumivelmente de etnia chinesa (detalhe que nom se especifica, porque obviamente nom é demasiado favorável às pretensamente vítimas nesta estória)

Todas estas reflexions fago-as deixando claro que nom me inspira nengumha simpatia o regime chinês, que para mim nom tem nada a ver com o socialismo. Tendo em conta que nom tudo valee que há que respeitar ao povo tibetano e a qualquer povo. Mas também manifestando que, polo menos para mim, há cousas aquí que cheiram.

A questom de Cosova leva-se chocando desde que a CIA começou a aplicar o seu plano especial para a Iugoslávia. Iugoslávia nom pertencia nem ao COMECOM nem ao Pacto de Varsóvia. Nom pertencia, portanto, ao bloco prosoviético. Em qualquer caso, a questom nacional começou a manifestar-se já a meados dos oitenta (polo menos, polo que me permite recordar a minha memória) na Iugoslávia, e foi a frente que esnaquiçou Iugoslávia de facto: primeiro forom Croácia e Eslovénia, e depois o resto. A questom é que antes de existir Iugoslávia, Cosova já pertencia a Sérbia. A presença dos sérbios em Cosova é já mais do que milenária.

Os sérbios reivindicam a sua luita na libertaçom de Cosova frente aos turcos. A comunidade albanesa aspira, teoricamente a umha fussom com Albánia. Em qualquer caso, trata-se de umha convivência conflitiva entre duas comunidades que levam longo tempo aló. E nom se pode negar que a UÇK cometeu bastantes crimes no seu dia contra a populaçom sérbia e outros grupos étnicos, como macedónios ou ciganos.

A questom é se o novo marco jurídico-político vai garantir minimamente os direitos de todos ou nom. Porque haveria um segundo interrogante que nom é tal. É óbvio o que vai passar-se com Cosova; será um enclave da NATO sem lugar a nengumha dúvida. O que nom benefícia nada ao resto dos povos da Europa.

No meio, estám os conflitos nacionais da Europa ocidental. É lógico que os bascos, os escoceses, os corsos digam...e porquê nós nom?

...continuará.

4 Comments:

At 8:53 PM, Blogger Suso Lista said...

Unha vez mais acertas na tua exposición e compartoa totalmente. Estarei atentoa continuación.

 
At 11:56 PM, Blogger paideleo said...

O que máis me entristece é que se use a violencia e a represión.

 
At 4:58 PM, Blogger tangaranho said...

é certamente triste toda esta violência. A violência arrassa com a razom, e com a justiça muitas vezes. O trágico é nom poder fazer nada, porque eu aconteça o que acontecer, vou-me sentir perdedor.

 
At 2:01 AM, Blogger Mario said...

Obrigado por falar da situación tibetana pre-invasión, é un feito pouco coñecido, e ás veces parece que o Tibet era un paraíso de calma budista e igualdade antes da invasión. Iso non afecta ao seu dereito de autodeterminación, pero é un feito do que deberan ser conscientes, sobre todo de cara ao futuro.
En canto ao de Kosova, vexo as reivindicacións serbias moi próximas ás israelíes. Reclamar un territorio porque "foi onde se fundou o país" é un argumento baleiro nos nosos días que apela a visións divinas e non ten en conta a vontade da poboación. Por outra banda se atendemos á historia, os serbios fundaron o país por ter un maior exército, pois os albaneses tamén loitaron con eles nesa mesma batalla.

 

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