segunda-feira, agosto 09, 2004

Carne Triturada - Poema de Ramiro Vidal

CARNE TRITURADA

Podre mae prostituta,
Com a lírica decadente dos rostos da misséria,
Com a épica brutal das tuas gruas e os teus motores,
Com a pantofágia das tuas costras de cimento,

Com a dureza dos teus braços de asfalto; mae minha, sentinela dos meus anos…

…o teu ventre de chúvia é a minha casa, o meu caminho, a minha cançom, o meu metalúrgico riff banhado em versos slam…

…esta cidade tam puta e misserenta é esse poema violento tatuado na minha olhada,

um poema de luita operária, de violência racial, de desarraigo

de ruído de comboios agonizantes e enferrujados


de barcos esquecidos

de pessoas grises, sem esperança

de travesias dolorosas até um naufrágio seguro no teu estómago.