sexta-feira, agosto 27, 2004

O desencontro d@s brasileir@s com Galiza

Hoje um poema meu tinha um comentário de Nora Borges. O motivo, nom louvar ou criticar o meu poema, mas responder um outro comentário que eu lhe deixara a respeito de umha viagem dela pola Península Ibérica, no que visitou Tui, Valença e Málaga.

A verdade é que eu, quando escuito falar ou leio algumha cousa sobre a Galiza que me parece que distorsiona o que verdadeiramente somos, nom sei conter-me, e nom estou muito seguro se o tom utilizado no meu comentário foi o ajeitado...aínda que desde logo a minha intençom nom foi a de atacar pessoalmente a esta mulher cujo blog visitei ao ver a sua ligaçom na página da Loba, outra visitante ocasional do Tangaranho que de quando em vez nos honra deixando as suas críticas a reflexions minhas ou a textos de diferentes autores galegos, que ela normalmente desconhece e que di descobrir aquí. A minha intençom nom foi atacar a esta mulher do Brasil, ainda que desde logo nom puidem ocultar o meu sentimento de moléstia quando vim comentários a respeito da Galiza, fazendo identificaçons erróneas entre Galiza e referentes e manifestaçons culturais que nada tenhem a ver com a Galiza, citando topónimos na sua versom deturpada-espanholizada, etc. Mas também fiquei molesto polo facto de que ela relatava o dia em que atravesou o Minho e obviava o continuum cultural, paisagístico, etc. evidente entre Galiza e o Norte de Portugal. Simplesmente ela atravesou umha ponte, e cambiou de país.

Ao dia seguinte, ela deixou-me um comentário no post do meu poema “A Soidade”, que abonda que leades para compreender o porquê daquela obliteraçom de umha evidência que reconhecem
tod@s @s galeg@s conscienciad@s na defesa da terra e a língua, independentemente de se somos reintegracionistas ou nom; a clara irmandade cultural entre o nosso país e Portugal. Está claro, há pessoas que apenas podem concivir a língua em chave de estado. Galiza é Espanha, por tanto... Eu compreendo que a percepçom que um pode ter de qualquer país vai estar sempre mediatizada polos contactos que tenhas nele. Nom vas ver igual um país nem vas ver igual determinadas realidades desse país se por exemplo o teu contacto lá pertence a umha minoria étnica oprimida, ou se pertence a umha maioria, ou se tem tal ou qual ideologia política ou religiom, ou se fala umha língua minorizada ou mesmo perseguida, ou se fala umha língua que aliás é oficial no estado do que for súbdit@...tudo isso vai influir e mais se nom conheces para nada esse país. Aliás, temos um problema acrescentado quando se trata de que a gente de Latino-América compreenda as luitas de resistência nacional na Europa. A tradiçom jacobina herdada de Espanha e Portugal, empece-lhes para entender cousas como a luita do povo basco, ou do povo bretom, ou corso, ou catalám...mas muito além disso, menos ainda podem perceber que num estado haja várias naçons, ou várias línguas. Nom trates de lhes exprimir que na Bélgica se falam três línguas, duas delas oficiais, que na Suíça há quatro línguas oficiais ou que na Lituánia se falam até oito línguas. Nem de troça. E aliás, ofende-lhes que se lhes diga, cousa que nom entendo. E o caso dos brasileiros com Galiza e a língua galega...é especial.

Brasileiros a morar na comarca da Corunha, há uns quantos (nom apenas os jogadores do Deportivo...) e eu às vezes vou os Sábados à noite a um dos seus quarteis gerais: o Bamba Café, sediado na Praça Millán Astray. Lá eu conheço ao dono do bar, o Emílio, que é nado no Brasil e filho de um galego de Salceda de Caselas. Lá vai muita malta brasileira bailar e escuitar samba e beber caipirinha. E nom só, porque também vai gente africana; de Cabo Verde e Angola. De facto, um camareiro é angolano. Há mais africanos dos que parece porque, segundo me tenhem exprimido, esta gente tem muito auto-ódio e fam-se passar por brasileiros para evitarem ser objecto de descriminaçons por parte da populaçom local. Algumha lógica tem, porque o certo é que a simpatia –relativa e um bocado hipócrita, diria eu – que cá há polo Brasil, nom a há pola África, lusófona ou nom.

O Emilio é dos poucos que me fala português. A outra gente, na sua maioria, se detecta que nom és brasileiro, nom quer falar-te português, nem lhes parece bem, ainda que o tolerem, que tu o fales. Emílio reconhece que o galego e o português som umha mesma língua, apesar das diferenças que marcarom diferentes circunstáncias históricas. Este rapaz foi militante do PT, e é umha pessoa de esquerdas. Isso sim, temos discutido muito sobre nacionalismo galego; ele esse nacionalismo nom o partilha. Nem lhe parece lá demasiado bem que o PT mande umha delegaçom à manifestaçom do 25 de Julho do BNG. Porque até há pouco assim era, nom sei como ficaria a cousa trás o Foro de Porto Alegre, no que este partido brasileiro (ao que pertence o actual Presidente do Brasil) estreitou laços com o PSOE (partido que governa actualmente o estado espanhol ) Temos discutido horas sobre o nacionalismo galego, as suas reivindicaçons, etc. Deve ser a única pessoa na Galiza que opina que o galego é portugués, mas que a Galiza é Espanha. O resto do pessoal tudo isso o olha com desconfiança, o qual contrasta com a boa fé, e nom nego que certa ingenuidade, com a que a gente nacionalista galega se achega a tudo o brasileiro. Um vai alí com talante de amigo, e nom sempre é captada a boa intençom. Eu suponho que lhes causa certa contradicçom o facto de estar tramitando um permiso de residência “na Espanha” e ter que comungar emocionalmente com quem nega a Espanha, a sua legitimidade, a sua autoridade. Suponho que é isso. Unido a que, com efeito, salta à vista com apenas sair à rua, que em muitos ámbitos domina o espanhol, por tanto é o espanhol a língua que tem a chave da promoçom social no mundo no que se pretendem integrar.

Algo muito parecido aconteceria com Gilberto Gil e Carlinhos Brown quando actuarom na Galiza. Quem pagava? Espanha. Instituçons espanholas que se encarregarom de deixar claro a estes artistas que estava fora de lugar dar oxigénio ao nacionalismo galego. De jeito que quando Carlinhos Brown estivo em Oleiros estivo cá para tocar “na Espanha” .

Eu gostava de que @s irmaos e irmás
brasileir@s deixaram de ver como um facto inquietante o facto de nos reivindicar galeg@s e nom espanhois e espanholas. Que tivessem em conta que cá nasceu o idioma que eles e elas falam. Que tivessem em conta que esse idioma que o povo brasileiro fala é considerado de inferior por Espanha e que a nossa gente é claramente descriminada, no plano social, no plano laboral, no plano cultural. E que para quem defendemos o galego – português é vital a compreensom por parte do povo brasileiro da legitimidade dessa reivindicaçom.

No que di respeito a artistas brasileiros, deveriam compreender que para a nossa luita é fulcral o apoio de umha potência cultural como o Brasil...

Sobre este tema continuarei a falar em dias próximos, porque o acho interessante.

4 Comments:

At 10:55 PM, Anonymous Anônimo said...

Vim agradecer a sua visita ao meu blog e dizer que voltarei aqui pra te ler mais vezes e calmamente. Um abração. Geórgia

 
At 11:59 PM, Blogger Loba said...

Oi Ramiro! Antes de comentar o texto, queria te dar uma dica. Existe uma opção no blogger para um ssistema de comentários direto, sem ter que fazer o cadastramento. Nçaos ei te explicar como se faz, mas sei que facilita para que seus leitores possam deixar comentários aqui. Alguns amigos estiveram aqui e reclamaram de não conseguir postar. Dá uma olhadinha nisso, acho que será interessante.
Qto ao seu post, confesso não saber quase nada sobre a Galiza. Na verdade, agora é que tenho tomado algum conhecimento, especialmente pelo contato com o Al e agora com vc e o Diego.
Não vi o comentário da Nora, mas eu a considero uma pessoa bastante interessante. Aliás, sou fã dela.
Bom, não tneho muito a dizer sobre o que vc escreveu a não ser que por princípio sou a favor de toda e qualquer atitude que preserve ou venha a garantir a liberdade. Seja de uma pessoa ou de um povo. E se vcs, o povo da Galiza, lutam por ser um estado livre, merecem todo o meu e minha simpatia.
Beijo grande, amigo! E obrigada pelas palavras sempre gentis.

 
At 5:46 PM, Anonymous Anônimo said...

Será que agora vai?? rsrs...
Menino, tô tentando postar no seu blog mas num dá jeito,.. não entendi os "esquemas" daki ainda não.. rsrs.
Ah, não sou anoymous naum.. é que achei que talvez assim fosse mais fácil... tava certa!!
^_^
Sou a Sá do Encantos... tudo bem com vc??
Obrigada pelo comentário no meu blog... vc é mto gentil... seu blog é maravilhoso e suas postagens incriveis... gostei mto do espaço viu. Tá de parabéns... ah, eu linkei vc... rsrs... intrometida né.. nem pedi permissão... mas achei que não se importaria.
Bom, por hoje é só... quero mandar enviar logo... rsrs... pra ver se vai dar certo... ^_^ Lindo fds pra vc... beijim karinhoso. Até breve.

 
At 7:18 AM, Anonymous Anônimo said...

Aprendi muito

 

Postar um comentário

<< Home