quinta-feira, setembro 23, 2004

Reclamando a fantasia com Estíbaliz Espinosa

Chega aí a fim de semana, tudo o que eu faga amanhá irá encaminhado a preparar umha fim de semana intensa, que transcorrerá em Ferrol; o Sábado, recital com Elvira, Alberte e Maria José (dá gosto fazer estas cousas quando é com gente que paga a pena) e visita à gente de Artábria, que anda a celebrar neste mês o seu sexto aniversário (...e que dure!!!). O Domingo às doze da manhá...manife em defesa do sector naval. Contra umha nova reconversom selvagem, contra a destrucçom da nossa comarca. Pola dignidade do nosso povo. Sim, há que ir a Ferrol, falar de Ferrol, nom esquecer-se de Ferrol. Alguns, quando escuitam falar de Ferrol, assóciam-no injustamente ao recordo do “Caudillo de las Españas”, aos militares...eu escuito falar de Ferrol, e o que me vem à memória é a luita operária; as luitas dos anos setenta, as de finais dos oitenta...e inclusso episódios importantes da luita contra o franquismo. Temos que parar a injustiça, o Domingo o coraçom de tod@s nós deve estar em Ferrol. Tod@s @s galeg@s devem ser de Ferrol. Os únicos que alí vam sobrar, desgraçadamente, som os que vam encabeçar a manifestaçom; o alcaide e os seus concelheiros, e em geral os representantes do PSOE e do PP.

Nom tudo e de cor cinzenta, a pesar dos tragos amargos da vida, e depois de um verao intenso em actividade musical (...a música em directo...quê eu faria sem ela?) ainda fica o último evento do ano que nos vai deparar concertos de massas ao ar livre e gratuítos. Falo das festas de Sam Froilám, onde vam actuar entre outros Nass Marrakesch e Carlinhos Brown. Nom penso perder nengum dos dous concertos. Depois, os concertos vam ser todos de pagar e sofrer aglomeraçons em locais que muitas vezes nem reunem as condiçons para dar cabimento a este tipo de actividades. Haverá que estar pendentes de datas definitivas, mas polo que por enquanto sei, o 11 de Outubro será a data em que o Carlinhos toque em Lugo. Nom sei quando lhe vai tocar a Nass Marrakesch. Esta banda de raí influenciada polos ritmos de trance da tradiçom sufí e a música da étnia gnawa, à que pertencem a maioria dos membros do grupo, é sumamente interessante. Os gnawas som um povo do golfo da Guiné, mas existe umha comunidade importante de gnawas em Marrakesch, descendentes dos muitos gnawas que foram durante muitos séculos afastados da sua terra e conduzidos cara várias zonas do Norte de África para trabalharem como escravos. Nass Marrakesch cantam tanto em árabe como na sua língua; um gnawa arcaizado, o gnawa que falam os gnawas de Marrakesch. Aliás dessa base mestiza com componhente árabe-bereber-gnawa, também se deixam transluzir algumhas raiolas de reagge. Vou-vos deixar com umha poeta optimista, porque a pesar das expectativas de troula, tivem umha entrée um bocado dramática. Umha poeta que reclama a fantasia. Nom nos vem mal. E por certo, insistir, para quem lhe interessar, que o recital do Sábado será no local social de Sam Joam de Filgueira às sete da tarde. Digo-o, sobre tudo pensando que se calhar há alguém de Ferrol que me lê. Às nove, em Artábria, concerto de Maria Manuela.


Reclamo a fantasia pró meu pobo.
Ese beizo descomunal a parir imaxinaturas
Un reino onde adoita dar a luz
O azar
Preñado de soños
O azar.

Poderán vir os grandes incendios o que nada perdura
Poderán rebater definitivamente que eu porte no
ADN
O inaudito xen do alicornio
Negar as mandarinas que prometes
Que vivamos a lombos
Dunha esfera ilimitada.


Dicirque non existe
É fácil
Pois non se ve.

Seica eu reclame a fantasia pró meu pobo
E que habitemos o incendio
Reclame
Todo o visible e o invisible
O que trenza cordais
A pendurar dende os altos paradisos,
A fantasia pró meu pobo.

Entre as patacas e a seitura.
No país do vento.
Vivir cos ollos da vaca sacrificada
Metidos na inocencia.
Sen cotas para as nosas lácteas imaxinacións.

Reclamo a fantasía pró meu pobo.

Enrugada por dentro coma unha alfombra
Que quixer voar.
Reclamo a fantasía pró meu pobo.

Afeitos en todo a ser
Como animais de costumes submariños
Fosforescentes
Por non ter máis remedio
Pobo salgado e recaído unha e mil veces no mar

¿Como non callado
En fantasías verdes
En argazos fantásticos
En osamentas de besta
Transoceánica,


Como non inchado en beizos
Reclamando a fantasía como unha turba
Que pede pan?

1 Comments:

At 8:37 AM, Blogger eli said...

Há anos estive em Ferrol. Toda a região é belíssima. Hoje, "reclamo a fantasia" de, em espírito, aí estar, de novo, durante este fim de semana, ouvindo essa música preciosa.
Abraço, de Lisboa, onde já está bastante calor.
Excelente fim de semana.

 

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