terça-feira, novembro 30, 2004

Reclamo a liberdade para os povos

Parafrasseio a Xosé Luís Méndez Ferrín depois de lêr impressionantes notícias acerca da violaçom sistemática dos direitos humanos em Palestina ou sobre detalhes que desconhecemos a maioria de nós acerca da ocupaçom militar anglo-americana no Iraque. Segundo tenho lido, os serviços secretos israelís terám matado a miles de pessoas notáveis no Iraque, cadros universitários especialistas em todas as ramas do conhecimento, intelectuais, artístas, científicos, para aniquilar o património intelectual iraquiano. Isto, com a connivência dos ocupantes. O objectivo, criar umhas condiçons propícias para que o Iraque se converta num país submisso, dependente científica, tecnológica e económicamente de Israel. Para isso o Mossad terá assassinado a várias pessoas notáveis de nacionalidade iraquiana no próprio solo iraquiano, pessoas de cuja morte se divulgou de maneira oficial que tinha as suas origens em ajustes de contas entre facçons enfrentadas do Partido Baaz. Mas dá-se a circunstáncia de em muitos casos nom tratar-se de pessoas vinculadas à estrutura do antigo regime. As informaçons que circulam entre a solidariedade exterior com a resistência apontam a que se trata de atentados perpetrados polo Mossad, a inteligência israelí. A ocupaçom está a trabalhar a fundo, aliás, para destroir o forte nacionalismo árabe arraigado entre a populaçom e cabe destacar que o governo provissório, tutelado polos ocupantes, prohibe às canles de televisom Al-Arabiya e Al-Jazeera emitir para Iraque.

Nom me surpreende a notícia, mas sempre impacta ver como a realidade nom apenas supera a ficçom, mas inclusso supera os teus cálculos. Que o sionismo tinha interesses no Iraque, é umha cousa que, quem nom o sabia com certeza, dificilmente nom o imaginaria. E eu estou especialmente disposto, depois de que Israel ameaçara ao meu povo, a bater, desde a modesta força deste humilde sítio, contra Israel. Contra Israel e contra USA, os seus principais valedores, sobre tudo depois de saber que me vigilam.

Hoje reclamo a liberdade para os povos. Todos eles; o galego, o catalám, o bretom, o irlandês...mas ante tudo para aqueles que sofrem o imperialismo na sua expressom mais brutal; o curdo, o palestiniano, o saharauí, o iraquiano. Se algum israelí ou algum estadounidense visita esta página, que lhe saia urticária. Sim, culpável...incluide-me na vossa lista de terroristas...viva a intifada e a resistência patriótica armada iraquiana!!!

Soa duro dizer que celebro a morte de cada soldado ianque no Iraque, mas é certo que o celebro. Que umha alegria imensa me sobe polo corpo quando vejo as imagens de um helicóptero derrubado polos obuses da resistência, que sinto umha inorme ilusom ao ver um tanque arder nas ruas da mesma Bagdá, e que penso, depois de tudo aínda pode haver outro Viet-Name.

domingo, novembro 28, 2004

Um bocado de ironia

DEPRESSOM

Quem puidera aspirar em outubro essa guitarra aquosa que nos envolve,
Esse dub que nos abraça cálido como primavera na cloaca.

Depremo-me na voz náufraga de umhas pletinas asmáticas e nos bacilococos deste antro mundano

Nom sei se chegarei à noite…

Quiçá me mergulhe noutras derrotas.

Tam obscura anda agora a minha razom.
Tam febril o meu equilíbrio.

Jah afundiu-se num mar de excrementos,
Se veu à Corunha foi para se suicidarem.

E na feira já nom vendem mais religions

Apenas fica o álcool.


sábado, novembro 27, 2004

Transiçom

Vou ir de aquí a pouco para a cama, que falta me fai. Amanhá toca ir a Compostela e trabalhar. Hoje foi um dia de transiçom. Pouco fixem. Posto por dar sinais de vida. Por certo, de novo estamos convidados ao blog da Loba. Gostou da letra de Eutanásia Activa que postei o outro dia, já tenho vontade de ver ao Xábi Porto para lho comentar. Seguro que nunca pensarom em que a sua cançom “Lobos ou ovelhas?” ia viajar ao Brasil. O punk ferrolano, o asteleiro-core, ressuscitando, reverdecendo quase dez anos depois do seu apogeo ao outro lado do Atlántico. Como estará o Xábi? Nom o vejo desde há um mês, e soubem recentemente que a polícia lhe batera por defender a um músico ambulante que estava a ser detido.

Felizmente comprovei que o Aitor voltou a postar no seu blog. Passade a saudá-lo. Um saúdo também para todas as mulheres que hoje se manifestarom em Vigo no Dia Internacional contra a Violência Machista . Estou muito orgulhoso de ter muitas amigas que hoje forom a Vigo.

quinta-feira, novembro 25, 2004

Acto hoje contra a Constituiçom Europeia

A Plataforma Galega polo Nom à Constituiçom Europeia celebrará um acto no liceu Salvador de Madariaga.
Contará com a presença de Antón Dobao e Domingos Antom Garcia.

O próximo dia 26 de Novembro, a Plataforma Galega polo Nom à Constituiçom Europeia celebrará um acto público no liceu Salvador de Madariaga. Este acto dará começo às 20h e nele intervirám o escritor Antón Dobao e o filósofo Domingos Antón Garcia.

A Plataforma Galega polo Nom à Constituiçom Europeia é um organismo popular no que participam quinze organizaçons políticas, sindicais e juvenís e está constituida em várias comarcas da Galiza. Na Corunha reune-se regularmente em assembleias de carácter aberto.

Ramiro Vidal Alvarinho, pola Plataforma Galega polo Nom à Constituiçom Europeia. Tlfn 637242459

terça-feira, novembro 23, 2004

Mais sobre punk galego...

No ano 96 em Ferrol soava umha contundente banda punk chamada Eutanásia Activa. Nela tocava o meu amigo Xábi Porto, do que recentemente souvem que fora agredido pola policía, por defender a um músico ambulante que estava a ser detido numha céntrica rua da “cidade departamental”. Era umha banda com atitude hardcore, nada de “no future”, nada de nihilismo destrutivo, nada de exaltaçom da violencia e as drogas. Como mostra, umha letra da sua única demo, “A alienaçom do poder”.


LOBOS OU OVELHAS?

Por quê nunca mudas, por quê sempre actuas/ de um jeito violento, de um jeito fascista/ mentres duram os efectos do que tomas/ vaia diferença: Dr. Jeckill e Mr Hyde/ deixa de comportar-te como um botarate/ nom tés mais atitude que fodê-lo tudo/ Olha-te num expelo e di-me se vés algo/ porque baixo o pelo eu nom vejo nada/ pero nesta vida tudo tem um final/ nom quedam recordos (pero si aos demais)/ já nom és Superman, já voltas ser normal/ um borrego mais, um escravo do capital.

segunda-feira, novembro 22, 2004

A pesar de tudo, de novo o amor.

De novo o amor. Nom o vaiamos condenar, porque eu nom o tenha. Também nom jogo ao futebol como Pelé ou como Maradona, e nom por isso digo que o futebol seja umha merda. Os meus parabens a quem o tenha e o desfrute. Este poema mereceu os elógios de muitas mulheres. Eu presenteio-lho a toda aquela mulher que o necessite para si. Que o leia e que imagine que a pessoa com a que sonha esperta é quem lho dedica. Que imagine a sua voz a recitá-lo. Concedede-vos esses segundos de felicidade.
VERSOS PARA UMHA MULHER ANÓNIMA
Continua na minha lembrança, mulher de vento e mar
Que vens voando numha ráfaga de liberdade
Que trazes ao meu coraçom umha estela de corpos celestes
Que jogam nos meus sonhos
A construir um cosmos limpo e fermoso.

Continua a namorar-me sem sabê-lo
E que o misterio permaneza por sempre
Quero posuir a mágia da tua presença e nom conhecer-te

Para outros o teu nome e a tua pele
Para mim a tua áurea limpa e clara.

domingo, novembro 21, 2004

En la línea de frente (Que se note que estás presente)

Ultimamente, som muitas as referências a esta música de Kortatu. Velhos tempos, e tolos, os que me fai evocar aquele tema. Kortatu...o rock radical basco...Eskorbuto...desde Santurce a Bilbao, como ratas...La Polla...no somos nada, somos los nietos de los que perdieron la guerra civil...os skinheads...Decibelios...paletas al poder...o hardcore...os squats...a Ocupa da Ria, os concertos ao pé do Castelo de Santo Antom, o festival “A Coruña Moito Heavy”, a Festa Rachada de Dexo...as manifes pola insubmissom, contra a primeira Guerra do Golfo...as greves de estudantes de finais dos oitenta...as noites do Sábado no Borrazás...as jornadas e o festival anti-fascista de Burela (aquelas bandas de Burela, Mala Oxtia, Triquinosis...) os centros sociais de Minuesa, Seco, Campamento, o Kunde-kunde de Sant Adriá del Besòs, o Ateneu Popular de Badalona, o Ateneu Llibertari de Castelló...a Casa Encantada, de Compostela...as bandas galegas...Arde Siberia...MOL...Maquiavelo...Xudef Klass...Xentalla...Á Deriva...Zombie Riot, na Corunha....Em Ferrol Eutanasia Activa, Wisdom, Consumatum Est...em Compostela Dirty Barriguitas, Fame Neghra, Túzaros...em Vigo, Desvirgheitors, Mentes Podres, Os Raiados...os fanzines...o Falcatruada Zine, com Nando e Xúlio de Meninh@s da Rua...o 100% papel del WC...o Gazmuz Zine, que o fazia Antonio de Nigrám...Os Zënzar, Peldaño e Desertores do Arado, de Cerceda...Meigallo e Brutal Distracción de Ponte Vedra...Prap’s e Krisis de Ourense...Todo esse mundo foi-se transformando ou esmorecendo...mas as pequenas cousas que sobrevivem tenhem um grande significado...qualquer cançom daquela época pode ser um hino, como o é “La línea de frente”, de Kortatu.

sexta-feira, novembro 19, 2004

...solidom...

A solidom. Eterna companheira. Este mundo resulta-me realmente duro, às vezes. Por nom dizer sempre. Rara vez falo eu dos meus sentimentos. Mas estou numha etapa na que me assalta constantemente o seu fantasma. O medo a todo e a todos. O medo a mim próprio. O nojo de mim próprio. A incompreensom. A impotência para um se expressar. A hostilidade do outro. O medo. Merda. Umha nova queda. A eterna queda. E a eterna volta ao débil fio do equilibrio emocional. O coraçom é umha bomba de relojoaria que quererias extirpar. É umha tortura. Deveria estar já insensibilizado de tanto golpe. E nom. Segue, o cabrom, a funcionar. Segue com capacidade de se namorar. Ufff...um analgésico para as dores de coraçom, era o que tinham que inventar. Porque por muito que queiras enganar a este imbécil irracional que se acobilha no teu peito, afinal acaba lembrando-te o que doeu a última lategada. Fará-che tremer o sorriso. Anubiará-che o olhar.

A SOLIDOM

A solidom é essa travesia constante
Que envelena os teus dias
É essa agonia surda
Essa prisom

Essa morte em vida que te invade
Esse fel ressesso

É umha derrota antiga e amarga
Fiel e dolorosa

A solidom é um cancro na esperança.



quinta-feira, novembro 18, 2004

Repressom em Euskal Herria

Batasuna lança umha proposta de paz, e Espanha responde detendo a 17 pessoas...porquê nom me surpreende...? De facto, o que me surpreenderia seria que me demostrassem que nom há umha relaçom praticamente mecánica entre estes factos. Mas devolvamos-lhe à poesia o lugar que lhe corresponde neste blog, hoje sim que haverá versos. Mas com música. De umha magnífica banda de hardcore melódico basca, chamada Kashbad. Um dos seus membros está agora em prisom, se nom me engano. Por um motivo muito parecido ao que se aduze para deter a todo este pessoal que estám a deter em Euskal Herria. Quero que hoje, desde este modestíssimo blog, o irmao povo basco receba o meu abraço solidário e revolucionário. Eu honro-me de militar numha organizaçom política que ajudou a que os votos de Herritarren Zerrenda fossem contados nas eleiçons europeias, a pesar do veto judiciário à candidatura. Nom no-lo agradeçam. Foi um honor. Desde o Tangaranho Vermelho, eu e os meus amigos fazemos nosso este grito: Gora Euskal Herria Askatu Ta!!!


HIK ZER NAHI DEK?

Aurre idatzitako askatasuna/ izango da zure bizitza / jaiotzetik hiltzerako programa / zure destinua idatzita. / Hik zer nahi dek? / gurutz batetan bizi / apaiz horien bedeinkapenaz / edo zergaitikez / hire itzeak kendu / eta gurutzeari / buelta eman / Eliz sakramentuak / ez ditut gosalduko / zuen mitiñak / ez ditut bazkalduko / heroitz balak / ez ditut afalduko / zuen ohean / ez dut lo hartuko / in nomine patris

TU O QUÊ QUERES?

Umha liberdade prescrita / será a tua vida / Um programa desde que nasces / até que morres. / O teu destino escrito. / E tu o quê queres? / viver numha cruz com a bençom dos cregos? / por quê nom tirar os pregos / e virar a cruz? / nom vou almorçar os teus sacramentos / nom vou engolir os teus comícios / nom vou cear as tuas balas de morte / nom vou adormecer na vossa cama / in nomine patris

quarta-feira, novembro 17, 2004

Política internacional e surrealismo

A quem se lhe diga que um concelho de trinta mil habitantes estivo durante umhas horas no alvo do estado israelí....
...pois por difícil que puidera parecer, assim foi. O nosso alcaide foi ameaçado polo embaixador de Israel na Espanha, por umha campanha contra a política de Israel a respeito do povo palestiniano. Mesmo a imprensa israelí ressenhou a tal campanha desenvolvida polo Concelho, agora já retirada. Pois sim, alí moro eu...em Oleiros...

terça-feira, novembro 16, 2004

Este furancho está fechado!!!

Hoje estou triste, enfadado, e mesmo obcecado. Demasiado nervoso para escrever. Hoje estivem ocupado e tivem pouco tempo de pensar no post do dia. É igual. Sabedes o que vos digo? Que hoje neste balcom nom se serve nada, e ao caralho. Que vaiades tomar-lhe algo à de Elvira ou à de Alberte. Nom tenho vontade de abrir o furancho. Também podedes ir a Vieiros e lêr os interessantes artigos de Carlos Taibo e Camilo Nogueira. Mágoa que Alízia nom tenha já blog, e assim também vos recomendava que lhe felicitássedes os anos, que os cumpriu este dia quinze. Seguro que ela vos respondia com carinhosos beijos de tangerina.

Hoje estou muito triste, e a ver como me vai amanhá. Nom haverá versos. Quiçá amanhá decida postar algo de Mário Herrero. Ou de Estevo Creus. Ou meu, mesmo. Já verei. Venha para fora, nom tendes casa ou quê? Hoje aquí nom se serve nada.

segunda-feira, novembro 15, 2004

Versos no clamor da batalha

Com ruído de obuses e botas militares em todo Oriente Próximo, com conflitos bélicos a ponto de explodir em meio mundo, quero lembrar estes versos que um dia aparecerom publicados num caderno editado em solidariedade com um de tantos valentes que um dia, neste país, lhe dixerom nom ao exército e a maquinária militar. Neste caso trata-se de Carlos Morais, mas som tantos os nomes prórpios que saltam trás a palavra INSUBMISSOM...Carlos Sánchez Crestar, Chano Luengos, Alberto Naya, Joseph Ghanimé, Ernesto López Rei, Ramiro Paz, Elías Rozas, César Aguiño, Pasky, Goldi, Júlio Asier Rodríguez, Miguel Anxo Abraira...muitos deles forom, como digo, auténticos valentes que se fixerom ojectores de consciência num estado em guerra, porque falo em muitos casos de pessoas que lhe fixerom frente à maquinária militar do estado espanhol quando a primeira guerra do Golfo, quando aliás o mundo capitalista nom estava dividido a respeito desse tema e havia unanimidade entre os mais fieis servintes dos USA em aprezar a necessidade de bombardear o Iraque. Este poema, sem ir mais aló, sem se meter noutras disquisiçons, fala da guerra, do momento terrible da guerra, das sereias que soam e nuns minutos, o ceu arde. Escreveu-no alguém que, hoje por hoje, é conhecido por outras questons, mas polo que parece alá polos noventa escrevia versos e nom o fazia mal. Estes versos de Anxo Quintela, servem para dar sentido a este post, um post de protesto contra a guerra imperialista, contra as guerras que nos monta o capital. Versos no clamor da batalha.
Para acabar con todo

Para acabar con todo non fixamos
Hora ninguna. Veunos dada a cifra
Ignorada da grande conxunción.
Nun só segundo, tódalas alarmas
Da cidade saltaron no alarido
Mais agudo que nunca se escoitara.
Como atraídos polo riso bébedo
Duns ratos xigantescos, os que amarom
Un día o soño e a palabra, armados
De sombra e da memoria dos fracasos,
Entregáronse ó rezo e á pillaxe.

quinta-feira, novembro 11, 2004

Prometido é dívida

Prometim ontem que hoje sim, que hoje ia postar poesia africana. Hoje vai umha mulher africana. Vamos-lhe dedicar hoje este post à nossa querida mulher africana.
Ontem umha mulher nigeriana salvava-se de morrer lapidada. Salvada do horror por um defecto de forma. Nom foi a compaixom, nem qualquer imperativo moral o que levou ao ulema a ditar a absoluçom desta mulher, desta inocente mulher cujo delito principal, nom nos enganemos, nom foi o adultério, que era a acusaçom baixo a que era julgada, mas o ter nascido mulher. Porque quando umha ordem moral inquisitorial te vigia por ser mulher...quando a tua identidade sexual e o teu rol de gênero som fonte de culpa...entom...já inventarám a razom pola que condenar-te. Já nem me lembro de como se chamava esta desventurada mulher, à que a mim me gostaria abraçar e dar-lhe alento e esperança, agora que umha estranha sorte lhe deu umha segunda oportunidade na vida. Nem me lembro do nome do triste indivíduo que exerceu a justiça em ausência total de qualquer traço de humanidade. Se nom houver defecto de forma, quê? A minha amiga, a minha irmá, a minha vizinha, a minha companheira de trabalho (porque em momentos como esse, esta mulher nigeriana ou qualquer mulher numha situaçom similar, para mim representa a todas as mulheres) teria morrido lapidada?

Hoje o nosso canto de liberdade e esperança vem da voz de umha mulher africana. Nom é umha mulher nigeriana, nem sequer muçulmana. Nom tinha ao alcance neste momento poesia feita por mulheres desde países muçulmanos. Já postarei algumha cousa de algumha escritora muçulmana. Valha neste momento este poema, para formular umha máxima. Nom há futuro para África sem a mulher!!! Nengumha mulher mais cruelmente lapidada!!! Lapidemos nós aos clérigos administradores de justiças tiránicas e aos deuses despiadados, e caminhemos de umha vez por todas cara a luz!!!
QUITANDEIRA DE LUANDA

Eh! Laranjinha, ‘aranjinha boa
Mia siôa!

Vem de longe, do Catete
Onde há batuque e quitende.
Vem de longe o seu sorriso,
Sorriso que se intromete
Sem querer nos olhos da gente.

Vem de longe o seu sorriso
Sempre fresco, sempre aberto.

E o passo ligeiro, certo,
Batendo a terra encarnada
Já quente ao sol matutino,
Revela em cada pegada
O mover airoso, fino,
De uma rainha ignorada.

Leva colar de missanga,
Panos de garrida cor.
E nos lábios-a verter
Tom de madura pitanga-
A promessa de um amor
Que é razäo do seu viver.

Leva colar de missanga,
Panos de garrida cor.

Eh! Laranjinha, ‘aranginha boa,
Mia siôa!

Cantando caju ou manga,
Maboque, ananás, mamäo,
Alta e Baixa de Luanda
O Muceque e Sabizanga
Reconhecem-lhe o prègäo

E afirmam certos poetas
Que a magia dessas cores
Que lhe enfeitam a quitanda,
Se derramou das paletas
De exotíssimos pintores

Dengosa p’la estrada fora,
Mal irrompe o claro dia,
Com tanta graça aprègoa
Que a própria aurora
É nela que se anuncia!

Eh! Laranjinha, ‘aranginha boa
Mia siô...ô...a!
MARIA EUGÊNIA LIMA

quarta-feira, novembro 10, 2004

Lois Pereiro ganhou-lhe à África

Hoje quero dedicar-lhe o post à irrepetível Alízia. É umha autêntica devota de Lois Pereiro. Hoje estivem a dar umha vista de olhos aos autores galegos que tenho por casa e achei este poema deste maldito mas genial chairego, por certo que corunhês de adopçom.

É um poema magnífico. Beijinhos à minha caríssima Alízia, na que sempre achei umha amiga, umha protectora, umha conselheira, umha confidente. E desfruta do poema.

Amanhá prometo que sim, que postarei poesia africana. Hoje, quem quixer lêr poesia africana, pode visitar o site da Elvira, a minha outra deusa.


CAR CRASH (DA MORTE EN NEGATIVO)



Á sombra deste horror metalizado
Escribirás os diálogos da morte
Da cóxega homicida da memoria
No centro xeométrico do choque
Deixando a porta aberta a outras escenas
Na emulsión dos meus ollos que impresionan
Imaxes de accidentes e feridas

terça-feira, novembro 09, 2004

Ecos de Faluja

Hoje erguim-me sem demasiada vontade de pôr-me a procurar algumha cousa para postar. Amanhá prometo que voltará de novo a poesia. Seguramente seja poesia africana, o que poste. Hoje erguim-me com os obuses da resistência patriótica iraquiana escachiçando carros de combate ianques, e com os carros de combate ianques derrubando casas em Faluja, e com tertulianos e parásitos de todo o tipo a opinar sobre tudo aquilo, e fazendo conjecturas arredor do preço do petróleo, e que se o dólar, e que se o euro, e que se o índice Nikkei e o Down-Jones, e os mercados bursáteis, pareceu-me grotesco...nom sei, a macro-economia e a geo-política, e a sua linguagem misseravelmente abstracta, como se aquí nom estivéramos a falar de sofrimento humano, como se estivéssemos a falar de um jogo de estratégia que jogássemos sobre umha mesa, com uns uisques e umhas olivas acompanhando a jogueta, e como se nom contasse, que realmente nom conta, a dor das pessoas feridas nos hospitais iraquianos, vítimas de qualquer bala perdida que a saber quem dispararia, ou de umha bomba...como se a dor de quem chora os seus mortos nom nos conmovesse, que realmente nem nos conmove, quiçá porque nom puidemos escuitar o seu pranto e estamos a salvo de que esse pranto desesperado nos desgarre o coraçom.

Estou com a resistência patriótica iraquiana, hoje mais do que nunca, e também contra esta récua de misseráveis, que se enchem a boca com palavras como democracia, transiçom, e nom sei o quê mais, bah, o caralho, oxalá polo menos, a pesar da dor do povo iraquiano e de todo o dano que poidam infringir as forças de ocupaçom, afinal assistamos a umha derrota militar dos USA perante o povo levantado em armas. Na era das armas nucleares, até essa derrota havia ter um valor simbólico incalculável.

quinta-feira, novembro 04, 2004

Hoje ia falar um pouco mais polo miudo das eleiçons no país dos ianques, mas para quê? Quase vou recomendar o artigo de Celso Álvarez-Cáccamo em Vieiros, que o Celso escreve muito melhor do que eu, tem mais habilidade para expressar o que pensa, e tem mais sentido do humor do que eu tenho também...por certo, obrigado ao Tristäo polo comentário que me deixou no meu post sobre a falácia da ameaça islámica na Europa, que já puidem lêr, e prometo que em muito breves visitarei a sua página.

Em vez de me ocupar dos ianques e da sua antroidada de eleiçons, vou-me dedicar a postar poesia, que é o que venhem lêr a maioria das pessoas que me visitam. Simplesmente mais um apontamento político, para a gente da Corunha que dea em lêr este blog entre hoje e amanhá; que amanhá falará umha representante do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado no café Alfaiate, às oito da tarde. O tema, o Brasil de Lula. Será interessante saber de umha versom do que está a acontecer alí que nom seja a do revisionismo e a da social-democracia.

E deixo-vos com estes versos do para mim inigualável Igor Lugrís. Também um homem de um sentido do humor mais abondante e mais inteligente do que o meu. Olhemos o mundo com ironia, quê caralho...
Passei por esta rua cinqüenta mil vezes
Nom é um dizer
É certo
Vinte e cinco mil cara arriba
Vinte e cinco mil cara baixo
Sempre sentado aquí
Sempre parando no mesmo sítio
Sempre vendo a mesma gente
Os mesmos carros
As mesmas tendas
Sempre os mesmos semáforos
As mesmas sinais
As mesmas marcas viais que sinalam o meu caminho
Sem variaçons
Sempre o mesmo sempre
Sempre a mesma falta de variaçons
Variantes ou diferências
E depois de todo este tempo
De tantas viagens
Decato-me de nom ter chegado a nengum sítio

quarta-feira, novembro 03, 2004

Heil, Bush!!!

Ganhou George Bush...os ianques som teimudos. Ganhou, isso sim, amparado por um sistema eleitoral bastante estranho e injusto. A besta negra dos povos continuará as suas andanças. Que tremam em Síria, que tremam em Coreia do Norte, em Cuba, em Colómbia, em Venezuela, no Brasil, a Indonésia. Já podem ir tremendo, que o George Walker Bush os vai "libertar".

Por certo, que quem me tenha comentado o texto anterior, vai-me ter que desculpar, porque nom tenho maneira de lêr o seu comentário. Nom sei o quê acontece, mas nom se pode lêr.

terça-feira, novembro 02, 2004

Europa e a ameaça islamista

Hoje venho de lêr na imprensa um artigo de María Xosé Queizán a respeito da presença do Islám na Europa. Vai muito na linha de certa corrente de opiniom que está a cobrar força no nosso continente, que defende a reestricçom de direitos para a comunidade muçulmá, para prevenir certas ameaças que trai consigo o crescimento da populaçom procedente de países onde a religiom de Mahomé tem maior predicamento, ou mesmo é explicitamente a religiom oficial do estado. Países onde se favoreceu a consolidaçom de viveiros para a guerra santa e que som quarteis gerais de grupos radicais islamistas, em muitos casos.

Di a María Xosé Queizán que tanto a igreja católica como a esquerda estám a ser excessivamente tolerantes com a cada vez mais manifesta presença do Islam na mesma rua, que nos calamos ante, ou mesmo favorecemos a apertura de mezquitas em cada vez mais cidades e vilas do estado espanhol, que há umha inorme permissividade com os ritos e formas de vida que a gente muçulmana procura preservar aquí, e que tudo isso está a favorecer que o extremismo islamista bote raízes em solo europeu, propagado polos próprios imans e com um caminho aberto polas próprias liberdades que as democracias ocidentais lhes reconhecem por um lado, e por um falso sentido do políticamente correcto dominante na esquerda, que sanciona como saudável o anti-americanismo mas risca de racista o anti-islamismo polo outro.

Eu, francamente, estou numha posiçom já nom oposta à que defende María Xosé Queizán, mas simplesmente pertencente a outra esfera de pensamento, onde se manejam outras conceiçons. Para começar, já estou totalmente em contra da Europa que pretende esta mulher. Entom, nom vou entrar a discutir qual deve ser a política do estado espanhol ou da Uniom Europeia para com a inmigraçom procedente dos países muçulmanos, sim direi que me oponho por princípio a que se tomem medidas especiais contra pessoas ou grupos de pessoas inmigrantes em razom do seu país de procedência ou da sua religiom. Isso de que há religions boas e religions más, eu nom o acredito. O que sim penso é que o mundo muçulmano nestes momentos está a ser cenário de fenómenos sócio-políticos que guardam analogia entre si, por ser reacçom de situaçons também similares, mas se é por potencial para a inspiraçom da violência, judaísmo e cristianismo nom vam pior servidos que a fé de mahomé nesse sentido. Que os grupos armados islamistas se camuflem entre as comunidades magrebís de certas povoaçons nom significa que toda a inmigraçom magrebí simpatice com esses grupos armados. Ao que me nego é que a ser muçulmano seja sinónimo de ser suspeito.

E no referente aos seus costumes, nom tenho nada em contra deles no entanto nom choquem com umha convivencia normal e civilizada. Nada tenho em contra do ramadám ou da oraçom diária; naturalmente sim estou em contra da ablaçom, ainda que oportuno seria recordar que a maioria da comunidade muçulmá também o está, e outra cousa bem diferente é o chador, que nom é nem de longe o mesmo que o burka.

Para afirmar que os imans, assim, em geral, amparam aos grupos armados ou instigam a violência, há que ter provas. Na própria cúria muçulmá surgirom vozes no seu dia que condenavam atentados como o da estaçom de Atocha em Madrid ou o das Torres Gémeas em Nova Iorque e que deziam que a yihad nada tinha a ver com o que Al Qaeda ou grupos similares praticavam. O Al – Corám, como todos os livros, de religiom ou do que sejam, tem o problema de que uns o podem interpretar de umha maneira, e outros de outra maneira bem diferente. E se o livro cai em maos de um iluminado que quer ver que determinada passagem desse livro o legitima para estrelar dous avions contra as Torres Gémeas, vai dar o mesmo que se prohiba a instalaçom de mezquitas ou nom, nom está aí o problema.

Algum dia terei que escrever sobre estes grupos armados dos que ultimamente se fala tanto; a Yemah Islamiya, Os Irmaos Muçulmanos, o GIA, o Frente Moro de Libertaçom...desgraçadamente, som o resultado da obra da mao ocidental nesses países, e também de umha tristíssima realidade a nível planetário. Ontem estivem a falar com um amigo um pouco informalmente do tema; à parte da resistência anti-globalizaçom que está a servir como eixo para a re-organizaçom da esquerda, existe umha anti-globalizaçom reaccionária. A essa resposta anti-globalizadora de carácter reaccionário, pertenceriam os fascismos europeus e americanos e o fundamentalismo islámico. Gostaria de que o panorama fosse outro, e houvesse algumha esperança de que a resposta anti-imperialista no mundo muçulmano fosse de esquerdas, desde logo nom tenho simpatia qualquer com o islamismo. Já tratei algo disto quando falei da guerra do Iraque.

Desde logo, nego-me a dar a razom a aqueles e aquelas que alçam a voz contra a presença do Islam na Europa, assinalando-o como um perigo para as liberdades e a mesma identidade europeia. Eu nom me reconheço na Europa que certos pensadores e opinadores profissionais querem construir, nem me reconheço em Espanha, pois som independentista galego. Mas no contexto de umha Galiza soberana e umha Europa e um mundo construidos baixo os parámetros que eu defendo, a identidade galega nom teria nada a ver nem com o lugar de nascimento, nem com a raça, e menos ainda com a religiom...um galego poderia ter nascido no Senegal, ser negro e muçulmano.