terça-feira, setembro 30, 2008

No meio do crack capitalista

No meio do crack capitalista, as circunstáncias levam-me a reflectir. A reflectir sobre algumhas "verdades indiscutíveis" que se erigiram como tais durante os nefastos anos noventa, e que agora começam a se desinflar. "O comunismo morreu, o socialismo nom tem sistema próprio, e o de livre mercado é o melhor dos sistemas possíveis". Pois parece que nom. Parece que nom andavam tam acertados aqueles que se enchiam a boca fazendo tais afirmaçons.

O poder legislativo norteamericano vem de rejeitar o "plano de resgatamento" que o George Walker Bush pretendia implementar para o sistema financeiro dos USA. Ajudar aos bancos para que a gente da rua nom sofra as consequências da sua ruína, parece ser a ideia. Pois algumha cousa deve falhar para que o estado tenha intervir numha economia que tinha como piar doutrinário intocável a "nom intervençom".

Por algum lado lim que quiçá seria mais sensato e mais justo destinar a "gasto social" (porquê "gasto" e nom "investimento social"? É concevível qualquer sistema sem a gente? Que o sistema invista cartos em cuidar da sua base humana é um "gasto"?)o que alguns governos pensam destinar a financiar o descalabro de alguns sectores do capital. Isso achega-se mais à minha forma de pensar. Claro que eu, mais bem o que penso é que o capitalismo nom tem remédio. Que está baseado na injustiça e na exploraçom, e que, ainda por cima, polos vistos, tem problemas para se substentar a si próprio. Sim, algumha cousa falha.

E fago esta pequena e modestinha reflexiom quando nos achegamos ao 91 aniversário de certo facto histórico. Que parece que vai haver que voltar a reivindicar.

terça-feira, setembro 16, 2008

Declaraçom de urgência em solidariedade com a Esquerda Abertzale

O autor deste blog, na sua linha de solidariedade com a esquerda revolucionária internacional, expressa a sua solidariedade com a Asamblea Nacionalista Vasca, cuja ilegalizaçom acaba de ser anunciada polo máximo órgao do poder judiciário espanhol. Por enéssima vez, o imperialismo espanhol demostra a sua cegueira e a sua incompetência total para resolver o conflito basco. Se pensam os que estám a sustentar ideologica e operativamente este modus operandi de suspender os direitos civís de umha parte importante do pobo basco que este proceder os vai levar a algures, estám errados. Claro que, no fundo, sabem perfeitamente que a receita que aplicam nom vale para acabar com a violência política em Euskal Herria.
Aquí a que está a ser continua e impudicamente enganada é a sociedade espanhola. Essa que lhe entrega os votos cegamente ao que lhe promete acabar com o problema a base de mao dura. Quantos agentes da Guardia Civil deverám de voltar à sua terra natal numha caixa de pinheiro para que os mesmos que acreditam nessas milongas comecem a pedir-lhes contas aos seus líderes polo seu rotundo fracaso? Ninguém se perguntou nunca porquê PSOE e PP som marginais em Euskal Herria?
A falta de umha ruptura democrática real no estado espanhol é a principal culpável de que continue a haver luita armada em Euskal Herria. O nom reconhecimento do direito de autodeterminaçom. Um princípio que parece, nos tempos que correm, que foi inventado pola extrema esquerda, quando é um princípio liberal, com o que nom deveriam ter nengum problema esses que dim que defendem umha naçom de "cidadaos livres e iguais".
Tanto preocupar-se polo facto de que em Euskal Herria nom queiram escuitar falar de Espanha, porquê nom se perguntam o motivo polo qual a bandeira "rojigualda" nom pode entrar nem nos bairros operários de Madrid, salvo em momentos de euforia desportiva? Isso sim que é um problema sério para Espanha: que os seus símbolos nom tenham legitimidade nem entre a sua populaçom, em territórios onde dificilmente se poderia questionar "que estamos en España". Ou será que afinal Espanha é a Moncloa, a Zarzuela e o Paseo de La Castellana?
E isto é porque no fundo a Espanha que defendem Zapatero, Rajoy, Llamazares e Ynestrillas, os quatro ao unísono, é umha Espanha que para comezar nem foi capaz de questionar a ordem sucessória do franquismo (Juan Carlos I é o rei que Franco nomeou) nem de rehabilitar a bandeira tricolor da tradiçom republicana, a única tradiçom minimamente progressista que umha pretensa naçom espanhola pode reivindicar.
Por certo: se a premisa para poder exercer actividade política legal no estado espanhol é condenar a violência, estamos aguardando a ilegalizaçom de outras organizaçons que que nom só nom a condenam, mas inclusso a exercem por sistema, como as diferentes falanges ou Democracia Nacional. Digo-o porque há só uns dias outro jovem foi apunhalado por neo-nazis em Barcelona e os autores tenhem pai e nai políticos...claro que, a fim de contas, tampouco o PP, nem o PSOE, nem IU abrirom para nada a boca neste assunto.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Desporto nom tem nada a ver com política?

Nom será a primeira nem a derradeira vez que eu mantenha umha ágria discusom com alguém sobre este assunto. A última vez foi com motivo dos Jogos Olímpicos, nos que eu lhe expressei a várias pessoas a minha satisfacçom polo facto de que, frente a fanfárria infumável de alguns, frente ao chauvinismo cego de alguns, havia umha potência olímpica da que ninguém falava mas que se mantinha aí, na zona méia-alta do medalheiro, que era Cuba. A isto alguns responderom-me que eu sempre andava a mesturar política com tudo, ao que eu repliquei que naturalmente. Que a ver se eles pensavam que os JJOO nom tinham nada de político, que a ver se pensavam que o resto dos estados do mundo nom utilizavam os seus logros desportivos em benefício dos seus respeitivos regimes. Todos os regimes e todos os governos o fam. Cuba também, e com todo o direito do mundo. Para muita gente, demasiada, inclusso para alguns nacionalistas galegos também, resulta incompreensível que para mim os logros de Cuba os sinta como mais próprios mesmo que os de desportistas de origem galega como Iván Raña ou David Cal. Alguns esquecem que estes dous atletas e outros atletas galegos que competirom nas Olimpíadas faziam-no sob a bandeira espanhola. Se o fixeram sob outra bandeira, iam mesmo alguns média de certo corte galeguista dar-lhes tanta bola?
Precisamente de David Cal falou-se muito ultimamente a raíz da sua enésima polémica com a Conselheira de Cultura, Ánxela Bugallo. O seu comunicado desmentindo umhas declaraçons da Conselheira nas que se afirmava que a Conselharia já lhe ingressara umha quantiosa subvençom ao piragüista de Aldám, tivo umha resonáncia mediática considerável. Nom fai falta que eu aclare porquê se lhe está a dar tanta amplificaçom a esta polémica. Já sabemos quais som as lealdades políticas de Cal e já sabemos o grande interesse que muitos média tenhem em destroir a política desportiva da Junta da Galiza. A desportiva e a cultural em geral. De facto, as alusons que se fam a certos aspectos da gestom de Bugallo som claríssimas. A mim o que me interessa deste cruzamento de fogo entre o desportista de elite do Morraço e a Conselheira é que esta briga desminte isso de que desporto e política nom tenhem nada a ver: se o problema de Cal com a Junta fosse governando o PP (supondo que esta crise nom seja outra das muitas crises de cartom-pedra que provoca a direita espanholista) nom haveria estas alusons, nem os ataques até pessoais que se estám a dar. Eu poido nom saber muito de desportos, mas até aí chego.
Há, afortunadamente, outra face da moeda. Frente a "heróis nacionais" que se emprestam a fazer de arietes da reacçom aproveitando-se dessa aureola de modelo para a juventude, rapazolo sano e com imagem politicamente correcta e demais, ontem lia com agrado umha notícia referida a Pia Sundhage, a mulher que levou à selecçom feminina de futebol dos Estados Unidos ao mais alto do pódio olímpico, que rejeitou o convite de George Walker Bush para cear com ele na Casa Branca. O motivo? Pois que Pia Sundhage se confessa militante do Partido Comunista Sueco, e colaboradora da sua revista. Como é natural, num lance de simples coerência, Sundhage perguntou-se quê demo pinta umha comunista partilhando ceia com um criminoso da talha de Bush.
O espírito de competiçom, obrigatório num ou numha desportista, nom está enfrentado com o sentido crítico das cousas. Há desportistas que pensam que estám por cima do bem e do mal e que vam ter sempre razom. E que nunca vam ser criticados. E assim, lançam-se a cruzadas absurdas, como no caso do senhor Pereiro e a sua infeliz adesom ao "Manifiesto por la Lengua Común" ou, como no caso do David Cal, deixam-se levar polos poderes fácticos para servir a interesses reaccionários. Há outros que tenhem os pés e a cabeça na realidade, e que dam liçons de dignidade, como a senhora Sunhage.

terça-feira, setembro 09, 2008

Carta do amigo Igor

Senhores Água de Mondariz,

Escrevo-lhes desde o Bierzo, território galegófono sob administraçom da Comunidade Autónoma de Castela e Leom porque desejo expressar-lhes a minha irrevocável decisom como consumidor de DEIXAR DE COMPRAR a sua água e indidar a TODOS OS MEUS AMIGOS que deixem de adquirir os seus produtos.

Os motivos som, como já vostés sabem, as últimas declaraçons do Clube Financeiro de Vigo a respeito da língua, que vostés decidirom apoiar, e as respostas insultantes cara a nossa língua e cultura que estám a dar às queijas que muitas pessoas já lhe estam fazendo chegar.

Se vostedes pensam que a língua galega é 'una fuente de riqueza cultural, magia inspiracional y de melodía poética', e nom um instrumento de comunicaçom próprio que devemos defender, potenciar e promover, umha ferramenta de trabalho, e umha mostra de identidade com a que apresentar-nos ante o mundo inteiro, eu e outras muitas pessoas decidimos que comprar os seus produtos e colaborar com a campanha de ataques contra a língua galega que a direita espanholista está (estades) a promover.

Enviarei cópia deste correio a todos os meus contactos de internet, e colaborarei em todas as campanhas que se ponham em marcha para boicotar e contrapublicitar os seus produtos, até que mudem a sua opiniom e a sua postura com respeito à língua galega.

Igor Lugris Alvares.
Poeta, escritor e ex-consumidor de Água de Mondariz