segunda-feira, agosto 28, 2006

As origens de Peretz

Um dos maiores responsáveis pelo atual genocídio de palestinos e libaneses é um ex-sindicalista. Amir Peretz, ministro da Defesa de Israel, foi durante onze anos presidente da Histradut –a rica confederação sindical israelense. Quanto nomeado ministro pelo governo de Ehud Olmert, em março passado, ele era visto pela comunidade local e internacional como uma esperança de paz para a região. Na prática, porém, tem se mostrado um carrasco frio e sanguinário. Todos os dias, ele surge raivoso na mídia para justificar a feroz ofensiva militar contra o Líbano e a Palestina. Também não esconde suas intenções de atacar a Síria e o Irã. “Não haverá cessar-fogo enquanto Israel não atingir os seus objetivos”, esbraveja diariamente.
No atual gabinete sionista, Peretz tem adotado as posições mais inflexíveis. Artigo recente da agência de notícias EFE revelou que o governo israelense estaria dividido sobre o alcance de sua ofensiva no Libano. Enquanto o primeiro-ministro Olmert está reticente quanto ao avanço das forças terrestres, temendo o desgaste mundial e a resistência do Hezbollah, o ex-sindicalista “já comunicou aos comandantes militares que se preparem para a próxima etapa da operação” e solicitou a ampliação do número de reservistas, de 10 mil para 22 mil soldados. “O plano de Peretz prevê que o Exército chegue até o porto libanês de Tiro, que seria ocupado por tropas israelenses”, garante a agência com base em informações do jornal Haaretz.
A sua crueldade é tamanha que um grupo de juristas de Marrocos, onde nasceu o atual ministro, já entrou com uma ação no tribunal penal de Rabat por “crimes de guerra no Líbano”. Segundo os três advogados, este “terrorista e criminoso sionista conservou nacionalidade marroquina e ainda está inscrito no registro civil do Marrocos”. Eles alegam que “as declarações políticas e instruções dadas por Peretz ao Exército contribuíram para os assassinatos coletivos cometidos no Líbano contra civis inocentes e desarmados”. Ao final, o grupo de renomados juristas solicita que o governo do Marrocos acione a Interpol com uma “ordem de detenção internacional” contra o sanguinário ministro da Defesa de Israel.

Uma trajetória errática

Segundo a minuciosa biografia produzida por Yossi Schwartz, em reportagem no jornal El Militante de dezembro de 2005, o ex-sindicalista teve uma carreira política meteórica e bastante errática. Nascido na cidade marroquina de Bojar, sua família migrou para Israel em 1956. Ferido na guerra em 1973, tornou-se produtor rural na região e só despontou para a política em 1983, quando foi eleito prefeito de Sderot. Em 1994, ele chegou à direção nacional da Histradut, secundando o presidente Haim Ramon, que promoveu profundas mudanças nas históricas e lucrativas empresas da central sindical. Ao invés de democratizar a sua gestão, Haim Ramon decidiu vender parte delas à iniciativa privada e sofreu forte desgaste nas bases.
Amir Peretz foi eleito presidente da Histradut em dezembro de 1995. Nos primeiros anos, atuou como um ativo militante, dirigindo várias greves. “Entretanto, logo moderou a sua posição e tornou-se responsável por sabotar muitas lutas. Apesar da sua retórica de esquerda, ele colaborou bastante com o governo para impor ‘reformas estruturais’, o que significou entregar a economia israelense, conhecida no passado como fortemente estatal e sob controle da Histradut e do Estado, a uns poucos ricos que hoje governam Israel”. Já no governo de Ariel Sharon, ele voltou a liderar manifestações e greves contra as amargas medidas neoliberais nas áreas trabalhista e previdenciária, ganhando prestígio entre as camadas mais populares.
Em 1999, Peretz fundou o seu próprio partido (Am Ehad), mas os resultados eleitorais foram pífios. Em 2004, retornou ao Partido Trabalhista, “já com a ambição pessoal de se converter em primeiro-ministro de Israel”. No final do ano passado, o seu grupo conquistou a maioria no interior do trabalhismo, derrotando o histórico líder Simon Peres. O próprio Militante, de matriz trotskista, encarou o surpreendente resultado como algo positivo. “Com Peretz no comando do trabalhismo, o cenário político de Israel está mudando. Em função dos seus antecendentes, pela primeira vez em anos o país terá os dois partidos principais que não se parecem almas gêmeas servindo abertamente à classe capitalista” – apostou Yossi Schwartz.
Durante a campanha eleitoral de março passado, o novo presidente do partido laborista se comprometeu a dobrar o valor do salário mínimo e a fortalecer a proteção social do Estado. Atualmente, Israel gasta 30% do seu orçamento em segurança e apenas 6% em políticas sociais; a taxa de desemprego aberto já é de 9% e o número de famílias que vivem abaixo da linha da pobreza pulou de 15 para 20,5% em 15 anos. As propostas de Peretz fizeram com que “a bolsa de valores e a moeda local, shekel, reagissem nervosamente com medo de que o novo líder trabalhista girasse o país à esquerda”. Mas sua indicação para o Ministério da Defesa do governo de Ehud Olmert causou outra surpresa na política israelense e acalmou o chamado mercado. Novamente, ele mudou radicalmente de posições, deixando aflorar seu nacionalismo de direita.

CUT, Histradut e Ciosl

Como observa Schartz, o ex-sindicalista nunca teve uma concepção classista – no máximo, defendeu os interesses econômicos e corporativos de camadas dos trabalhadores. “Embora as suas declarações sejam populares, ele sempre se disse comprometido com a economia de mercado. Aqui temos a sua contradição. Por um lado, ele promete muito para os trabalhadores; por outro, diz que defende o capitalismo”. Já na complexa questão nacional, na tensa relação entre árabes-judeus, ele sempre teve posições dúbias. Foi um dos fundadores do movimento Paz Agora; já nos anos 80, integrou o grupo de oito deputados trabalhistas favorável à solução negociada do conflito e, inclusive, foi contra os assentamentos judeus na Cisjordânia.
Mas ele sempre colocou os interesses nacionais acima das questões de classe. Em função do nacionalismo xenófobo, ele nunca se opôs frontalmente às ambições geopolíticas e econômicas dos EUA, que armam e financiam o Estado terrorista de Israel para garantir o seu domínio na região. Na verdade, esta política expressa exatamente o pensamento dominante na maior parte do sindicalismo israelense, que sempre foi partidário do pragmatismo exacerbado – da chamada concepção sindical tradeunionista. Como demonstra Schwartz, em outro texto revelador, Apuntes sobre la historia del movimiento obrero em Medio Oriente, a atuação da Histradut sempre teve uma forte marca racista, carregada de preconceitos contra os árabes.
Em decorrência desta orientação pragmática, a Histradut sempre gozou de muita influência no interior da Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres (Ciosl), fundada em 1948 sob a hegemonia do mafioso sindicalismo dos EUA e das centrais socialdemocratas da Europa. Isto ajuda a explicar porque até agora a Ciosl apenas emitiu um tímido comunicado sobre o atual genocídio no Líbano e na Palestina, taxando a resistência de “terrorista” e criticando apenas o “excessso do uso de força” por parte de Israel. Nesta região, onde são mais agudas as contradições entre as nações periféricas e o imperialismo, a Ciosl conta com poucas centrais árabes afiliadas porque é vista como um fiel instrumento de Israel e dos EUA.
Diante da matança na região, que já dizimou mais de mil libaneses – incluindo 200 crianças –, as centrais brasileiras filiadas à Ciosl (CUT, Força Sindical e CGT) têm a obrigação moral e humanista de exigir uma postura mais firme desta entidade mundial e, além disso, de criticar as posições assumidas pela Histradut e por seu ex-presidente, Amir Peretz, o “carrasco do Libano”. No caso da CUT, seu secretário de relações internacionais, João Felício, já divulgou uma dura condenação à “ação terrorista de Israel”. Ela também faz parte do comitê de solidariedade ao povo libanês e participou da passeata contra a guerra ocorrida no último dia 6. A gravidade do genocídio, porém, exige uma política internacionalista mais ativa, que ajude a desmascarar e a barrar a barbárie humana promovida pelo Estado terrorista de Israel, a mando dos EUA.

Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PcdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).

Este artigo pode-se lêr em www.galizacig.com

sexta-feira, agosto 25, 2006

O que nom se conta do juízo a Saddam

Tribunal não pode revelar laços de Hussein com EUA e França
O ex-presidente do Iraque, Saddam Hussein, deposto com a invasão e posterior ocupação do Iraque pelos EUA em março de 2003, passou nesta quarta-feira (23/8) pelo terceiro dia de seu novo julgamento, por causa da chamada ''Operação Anfal'' (despojos de guerra, em árabe) que supostamente matou entre 50 mil e 100 mil curdos — de acordo com a organização Human Rights Watch — promovida no fim da Guerra Irã-Iraque (1980-1988).
Líderes das áreas ''autônomas'' curdas do norte do Iraque, instalados pelo ocupante americano, exigem que Bagdá pague uma indenização pela morte de curdos durante a Anfal. A exigência do governo regional do Curdistão foi revelada apenas dois dias depois do início do julgamento do ex-presidente iraquiano por causa da operação.

Os promotores tentam provar que o governo de Hussein foi responsável pela morte de 50.000 a 180.000 pessoas durante a campanha militar deflagrada entre 1987 e 1988 na fronteira com o Irã. Segundo a acusação, gases venenosos teriam sido usados na ofensiva. A defesa do ex-presidente argumenta que que a operação militar tinha como objetivo afastar da região milicianos curdos aliados ao Exército iraniano na ocasião.

Julgamento desacreditado

Há dois anos, em um café do centro antigo de Bagdá, os clientes foram questionados pelo diário francês Le Monde sobre o processo contra o ex-presidente Saddam Hussein. Todos revelaram na época descrença com o julgamento e disseram que os Estados Unidos iriam controlar inteiramente o tribunal, diante do qual foram forçados a comparecer o ex-presidente e sete membros de seu governo.
Diziam também que nenhum estrangeiro seria ali questionado, fossem quais fossem os crimes hediondos que pudessem ter cometido no Iraque. “Se esse processo um dia acontecer mesmo, e eu duvido”, dizia um professoar ao diário francês, “nunca abordará a questão das relações de Hussein com os países estrangeiros”. Um engenheiro acrescentou: “Isso traria o risco de revelar coisas demais que não são do interesse do Ocidente”.

Apoio americano e francês a Hussein

O perito judiciário americano Cherif Bassiuni explicou na época que: ''tudo foi feito para instalar um tribunal em que os juízes não serão independentes, mas ao contrário, estritamente controlados. Falando de controle, quero dizer que os organizadores desse tribunal têm de assegurar-se de que os Estados Unidos e as outras potências ocidentais não serão questionadas. Os próprios estatutos do tribunal farão com que os Estados Unidos e os outros países sejam completamente afastados das acusações. O que fará desse processo um processo incompleto e injusto; uma vingança do vencedor''.

Os organizadores americanos e iraquianos do processo decidiram que o tribunal especial não pode acusar nenhum estrangeiro de cumplicidade – o que quer dizer nenhum americano, inglês ou francês.

Nos últimos 40 anos cinco presidentes americanos, três presidentes franceses, vários primeiros ministros britânicos e inúmeros empresários ocidentais foram cúmplices, e por vezes co-autores, dos denominados crimes supostamente cometidos pelo governo de Saddam Hussein.

Luta contra os comunistas

Foi sob a presidência de John F. Kennedy que Washington começou a apoiar matanças no Iraque. Em 1963, preocupados por ver o presidente Abdel Karim Qassem se aproximar de Moscou e ameaçar nacionalizar o petróleo, os Estados Unidos decidiram agir.

Em 8 de fevereiro de 1963, apóiam o golpe de estado de um partido político na época muito anticomunista, o Baath. Conselheiro político da embaixada dos Estados Unidos em Bagdá logo depois desse golpe de estado, James Akins confirma: ''Fornecemos dinheiro aos baathistas, muito dinheiro, e equipamento. Isso não se dizia abertamente, mas muitos dentre nós o sabíamos''.

Depois de fuzilar o presidente Qassem, os baathistas mataram e torturaram milhares de comunistas e simpatizantes da esquerda: médicos, magistrados, operários. ''Nós recebemos uma só ordem: exterminar os comunistas!'', confessa um dos autores desse massacre, hoje diretor de uma escola primária em Bagdá, Abdallah Hatef. ''O jovem Saddam Hussein estava muito motivado. Torturava os operários, o que consistia em encher os homens com água, em quebrar-lhes os ossos ou em dar-lhes choques elétricos''.

Washington sempre negou, mas vários dirigentes do golpe de Estado revelaram que a CIA desempenhou um papel ativo na matança, notadamente fornecendo listas de comunistas a serem presos. Em 2003, uma ex-autoridade da diplomacia americana, entrevistada por uma grande agência de notícias, antes de responder exigiu o anonimato: ''Estávamos francamente felizes por nos livrarmos dos comunistas! Vocês acham que eles mereciam uma justiça mais equitativa? Estão brincando. O negócio era sério mesmo!''

Até então inédito, o relatório de uma reunião ocorrida em Bagdá em 9 de junho de 1962 entre os americanos e os baathistas confirma a ''vontade comum de erradicar o comunismo na região''. O inimigo visado não se limitava aos comunistas, mas incluía os curdos resistentes ao poder baathista no norte do país.

Em Bagdá, Subhi Abdelhamid, que na época comandava as operações do exército iraquiano contra os curdos, confirmou que havia negociado pessoalmente com o adido americano a entrega de 5 mil bombas a fim de esmagar a resistência. “Depois, os americanos nos ofereceram, sem exigir pagamento, mil bombas de napalm para bombardear as aldeias curdas''. Segundo os curdos que viveram esses bombardeios, o napalm queimou o gado e aldeias inteiras. Mas na época eles pensavam que aquele napalm tinha sido fornecido pelos soviéticos.

A guerra contra o Irã

Hussein será acusado também de de ter empreendido, em setembro de 1980, uma guerra contra o Irã, que custou a vida de 1 milhão de homens e mulheres. Entretanto, várias testemunhas afirmam que Washington o encorajou a iniciar esse conflito. O Ocidente tinha tudo a ganhar em vê-lo atacar a muito ameaçadora revolução islâmica do aiatolá Khomeiní.

Um documento altamente secreto do governo americano, datado de 1984, revela: ''O presidente Carter deu a Saddam Hussein o sinal verde para começar a guerra contra o Irã''.
Com esse sinal verde, os Estados Unidos participaram também do plano de batalha contra o Irã — É o que afirma o presidente iraniano da época, Abolhassan Bani-Sadr. Segundo ele, seus serviços secretos compraram uma cópia desse plano, redigido, segundo suas fontes, em um hotel parisiense por iraquianos e americanos. ''O que me permite afirmar que era autêntico é que a guerra iraquiana foi conduzida exatamente de acordo com esse plano. Foi por ter esse plano que nós pudemos enfrentar os ataques iraquianos''.

Oficialmente, Washington estava neutro no conflito Irã-Iraque. Uma comissão de investigação americana, todavia, revelou que a Casa Branca e a CIA secretamente passaram a Hussein todo tipo de armas, entre as quais bombas de fragmentação. Suas informações por satélite permitiram melhor visar as tropas iranianas, enquanto que Washington sabia da utilização de armas químicas pelas tropas iraquianas.

Segundo Rick Francona, oficial de informação militar americana, que em 1988 levava a Bagdá a lista de alvos iranianos a serem bombardeados, foram essas informações que deram ao Iraque a vitória final sobre o Irã.

Massacre aos curdos

Outro dos crimes pelo qual Hussein responde agora diante do tribunal especial é a morte por gás, em 1988, de 5 mil civis da aldeia curda de Halabja. Bagdá os acusou de ter colaborado com os iranianos. Na época, os Estados Unidos e a França fizeram tudo para impedir que Hussein fosse condenado por esse crime.

Não apenas o presidente Ronald Reagan impôs seu veto a uma lei destinada a bloquear o comércio americano com o Iraque, mas Washington enviou um telex a suas diversas embaixadas no mundo, pedindo-lhes para afirmar que os curdos de Halabja haviam sido mortos com gás pelos... iranianos.

A França também ''esqueceu'' de condenar Hussein por este crime. No dia seguinte ao drama, o governo de Michel Rocard publicava um comunicado denunciando os ataques químicos ''venham de onde vierem'', mas sem citar o presidente iraquiano. Ministro das relações exteriores na época, Roland Dumas explica por quê: ''É verdade que o Ocidente fechava um pouquinho os olhos, porque o Iraque era um país que nós julgávamos necessário para o equilíbrio da região''.

Já Jean-Pierre Chevènement, ministro da defesa na época, declarou: ''Se quisermos julgar o caso de Halabja no seu conjunto, é preciso remeter-se à importância decisiva daquela região no fornecimento mundial de petróleo: quem tem essa região tem o equilíbrio financeiro do planeta. Então, nunca se tem a escolha entre o bem e o mal: tem-se a escolha entre o que é horrível e o que é horrendo''. Além de suas necessidades de petróleo, a França era também o primeiro fornecedor militar do Iraque.

Em Paris, o homem que comandava a Direção Geral da Segurança Externa (DGSE) em 1981, Pierre Marion, preocupava-se com o apoio militar da França de François Mitterrand a Saddam Hussein. Ele afirma hoje que esse apoio era alimentado pelos comerciantes de armas, que tinham todo interesse em manter a guerra Irã-Iraque. ''Dassault'', diz Marion, ''foi o comerciante de armas que mais lucrou com esta guerra e que mais a impulsionou.

Ele tinha meios de pressão extremamente enérgicos e potentes sobre todos os dirigentes franceses''. Em 1992, uma pequena associação européia, Juristas contra a Razão do Estado, acionou na justiça os vendedores de armas franceses Dassault, Thomson e Aérospatiale. Os tribunais parisienses chegaram então à conclusão que vendendo armas a um país que as utilizava para bombardear civis, essas companhias francesas se expunham ao risco de um dia, ter de prestar contas à justiça.

sexta-feira, agosto 18, 2006

Comunicado de ADEGA

Diante deste drama, e deste desastre ecolóxico, cómpren duas reflexions:
1) A quen beneficia o lume.
2) que se fixo mal que deba ser corrixido para evitar ou, cando menos dificultar esta hecatombe.
Para as duas cuestions, ocorréseme reflectir que todos pecamos de inxenuos. A capacidade de incendiar é muito maior da que se tiña previsto. A capacidade de prever era muito menor da que se esperaba. Por iso é que digo inxenuos. Non se contou con que muitos concellos non ian colaborar. Non se contou coa inmensa capacidade incendiaria dos bosques sen limpar, en encostas ou de especies ignífugas. Non se contou coa existencia de métodos de prender lume muito mais eficaces e sofisticados dos habituais. Non se contou con que habia sectores da populación interesados en que non pasase este veran sen arder. Non se contou tampouco con unha climatoloxia favorable aos incendios, que, por outra parte, sempre existiu.
Mais nunca tiña acontecido esta explosión repentina e simultánea incendiaria. Para alén diso arden tanto as especies pirófitas como as frondosas. O dano en saúde tanto ecoloxica como humana é enorme. As persoas estan a respirar un ar contaminado, con dano para as suas vias respiratorias, e os solos fican empobrecidos a todos os niveis. Os restos de materia carbonizada acaba por cair nos rios e rias, danando a vida que se cria nelas. Nesoutro dia falei con unha mariscadora de Vilaxoan. Diciame: Atacannos por terra agora antes foi polo mar, só fica o ar, mas polo que sabemos nen iso queda. Mas tamén dicia: Se escrebes ou falas nalgún medio di que as galegas e galegos vamos sair para adiante, ainda que algúns non o queiran. Porque lle votamos valor.
Non se trata de eximir de responsabilidades ao governo. Tampouco de criticar gratuitamente, pois como ben se sabe o falar non ten cancelas. Agora trátase de trabar a vaga de incendios, e de coidar que non se reproduzan ou extendan. Recoñezo o empeño por lle poñer remedio a esta situación e a transparencia informativa, coa comparecencia diaria dos responsábeis do governo. Non se negou a evidencia da gravedade, como os vellos políticos nos tiñan acostumados. Pediuse a intervención das forzas civís e militares, non como no caso do Prestige, que se lles tivo parados un tempo precioso. As formas son de todo diferentes, e iso e de recoñecer.
Mais a eficacia da prevención non foi tal. Isto non debia ter sucedido. Posibelmente non se valoraron os resortes que funcionan no medio rural. Nen a capacidade incendiaria deste terrorismo ecolóxico. Como se fixera no caso do Prestige debemos reclamar a opinión e colaboración dos expertos, tanto en temas forestais, como en socioloxia, e das xentes que viven do monte e do agro. Agora a poboacion civil volta a movilizarse. É un caso de urxencia, como o do Prestige. E farémolo como o fixemos antes. Nunca Máis, que representa a esta poboación civil, que integra tanto a colectivos como individualidades, convoca a unha manifestación en Compostela, tamen asediada polas chamas, para o domingo 20 de agosto.
Ali estaremos para proclamar que hai xente que lle quere a este país de Galiza, e que vai seguir loitando pola sua dignidade e para que a xente que decida traballar e vivir aqui o poida facer con base as riquezas naturais que temos e a nosa capacidade criativa. Manténdoas e incrementándoas de maneira perdurábel. Ali estaremos para mostrar a nosa soliedariedade coas xentes que levan dias e dias traballando arreo para salvar o que se poida do lume. Tamen para mostrar a nosa disposición a colaborar nas tarefas que se coordenen, tanto desde a administración como desde os colectivos como ADEGA para traballar no voluntariado.
Adela Figueroa Panisse, presidenta de ADEGA
Artigo apanhado de www.adega.info

quinta-feira, agosto 17, 2006

As chaves do lume segundo Verdegaia

Dez preguntas básicas sobre os incendios forestais en Galicia



Domingo, 13 de Agosto do 2006
Por causa da intensa vaga de lumes que está a sufrir o noso país desde comezos de agosto, estase a falar moito de lumes forestais. Nas análises do problema predominan moitas veces a falta de rigor e as visións partidarias dun ou doutro signo. Desde Verdegaia queremos contribuír ao esclarecemento da opinión pública respondendo a dez preguntas básicas para entender o problema dos lumes na nosa terra, as súas causas e as súas solucións.

É tan novidosa a vaga de incendios que sufre Galicia?

O número de incendios en Galicia é moi alto. No período 2000-2005 houbo unha media de 10.748 lumes anuais. De forma aproximada, en Galicia teñen lugar o 40% dos lumes españois e queimase o 50% da superficie total que arde en todo o Estado español.
Nos últimos anos, tanto na primavera como no verán, houbo varias semanas nas que se rexistrou unha media de máis de 500 lumes. Non son tan excepcionais os días nos que hai 100-200 lumes (nun só día de marzo de 1998 houbo 323 incendios). Por outro lado, agosto adoita ser o mes con maior número de lumes (unha media de 2.843 no período 1994-2003). As zonas máis afectadas en agosto (máis de 225 lumes de media) soen ser as incluídas nos seguintes distritos forestais: Caldas-O Salnés, O Condado-A Paradanta, Vigo-Baixo Miño e Verín-Viana.
Alén da existencia de vítimas mortais, dúas parecen as razóns principais polas que esta vaga de lumes está a ser máis visíbel que outras acontecidas no pasado. Por un lado, sucede en agosto e afecta a zonas do país densamente poboadas (as vagas que teñen lugar noutros momentos do ano, ou que afectan a áreas con menor peso demográfico e vitalidade socioeconómica, adoitan xerar menos interese). Por outro lado, está ter moita presenza nos medios de comunicación, o que se ve favorecido pola maior transparencia en materia de incendios e o menor control dos medios exercido polo Goberno bipartito Por exemplo, sería impensábel que, con Fraga como presidente, algúns medios, como a TVG, fixesen unha cobertura tan ampla dunha vaga de lumes.
A elevada vulnerabilidade poboacional de moitas zonas afectadas por esta vaga de lumes (vulnerabilidade favorecida por un deficiente ou nulo ordenamento urbanístico), coa conseguinte necesidade de concentrar esforzos na defensa de vidas humanas e vivendas, contribuirá a que a superficie queimada por esta vaga sexa superior a outras rexistradas no pasado.

Cais son as causas estruturais dos incendios?

É preciso ir máis alá das causas inmediatas e reparar nas causas estruturais dos lumes, é dicir, nas causas que favorecen a aparición e a extensión do lume nos montes. O abandono do medio rural, a falta de ordenamento e xestión sustentábel da inmensa maioría da superficie de monte, a elevada combustibilidade das plantacións forestais de piñeiros e eucaliptos, xunto coa cultura do lume que pervive no medio rural (o lume segue a ser unha importante ferramenta agraria, cada ano expídense máis de 300.000 autorizacións e comunicacións para a realización de queimas) e os riscos asociados a novos usos do monte (urbanístico, lecer…) favorecen o xurdimento e a propagación dos lumes.
E as causas inmediatas?
Máis alá de elucubracións, o que se sabe con certeza é dabondo para termos algunhas cousas claras. A primeira é que a inmensa maioría dos incendios son intencionados. Por exemplo, no período 2000-2004, o 85,1% dos lumes en Galicia foron intencionados.
A segunda cousa importante é que se descoñecen as causas de máis do 30% dos incendios intencionados, o que, unido á porcentaxe dos incendios dos que non se sabe nada sobre a súa causa, nen tan sequera se son intencionados ou non (o 7,3% do total entre 2000 e 2004), revela importantes insuficiencias en materia de investigación.
A terceira é que as causas inmediatas dos incendios son múltiples e a súa importancia relativa varía dunhas zonas a outras do país. Porén, toda a xa importante experiencia acumulada en materia de investigación de incendios conclúe que as dúas causas máis importantes coñecidas dos incendios intencionados a nivel do conxunto de Galicia son, con diferenza, as queimas agrícolas e as queimas coa finalidade de crear pastos para o gando mostrengo que vive en zonas de montaña. Esta conclusión non parece que vaia alterarse aínda que mellore moito o estado de coñecemento das causas dos lumes.
Outras causas de incendios intencionados, en xeral de menor importancia cás anteriores, son o uso do lume para combater animais prexudiciais para os cultivos e o gando, o negocio inmobiliario, disputas relacionadas coa propiedade dos montes, vinganzas entre veciños, intereses vencellados á “industria do lume”, especulación madeireira por parte de intermediarios no comercio da madeira, etc, etc.

É o mesmo un pirómano que un incendiario?

É preciso diferenciar entre pirómanos e incendiarios. Os pirómanos son persoas que sofren trastornos mentais que os levan a provocar lumes, mentres que os incendiarios son persoas sas que prenden lume, de forma intencionada ou neglixente. Só 16 de 176 persoas detidas en 2004/2005 pola Garda Civil acusadas de provocaren lumes eran pirómanos.
É serio falar dunha organización incendiaria?
A respecto desta cuestión, o Goberno bipartito está a reaccionar de forma similar a como o facía o Goberno do PP cando había vagas de lume que xeraban forte preocupación social. Como en anos anteriores, ao se ver superado o dispositivo de extinción e os incendios ocuparen o primeiro plano da actualidade, axiña ouvimos falar de “nova tipoloxía de incendiarios", "organizacións incendiarias", “trama organizada”, “incendios de escaparate que só buscan xerar alarma social”. Tampouco é novidoso que se lancen, desde o propio Goberno ou desde o seu entorno, acusacións ou insinuacións de motivacións políticas como causa dunha parte importante dos incendios.
Os que antes, desde a oposición, perante unha vaga de lumes, facían fincapé nas responsabilidades políticas do Goberno, propugnaban un pacto social e político e reclamaban comparecencias parlamentarias urxentes, agora teiman en reducir o problema dos lumes a un asunto de orde pública. Pola contra, os que daquela estaban no Goberno, antes facían o mesmo que fai agora o actual Goberno e agora fan o contrario. O mesmo se pode aplicar a algúns creadores de opinión e a algunhas organizacións sociais afíns ás principais forzas políticas galegas.
O certo é que até hoxe as investigacións da Policia Autonómica e da Garda Civil non demostraron a existencia de ningunha organización incendiaria. Malia as carencias en investigación, semella incríbel que unha “organización” non deixase máis rastro logo de tantos anos de lumes que uns poucos artefactos incendiarios, extremadamente rudimentarios, e que ningún dos seus “axentes” fose detido e/ou identificado. Ademais, a realidade desminte a “teoría da conspiración”, pois todos os detidos e/ou denunciados son veciños do lugar ou das súas proximidades.

Quen son os incendiarios detidos?

Segundo o Servizo de Protección da Natureza (SEPRONA) da Garda Civil, o perfil medio do incendiario en Galicia é un home (máis do 98% dos incendiarios son varóns), cunha idade de 40-65 anos (o 46% do total), que prende lume perto do seu lugar de residencia e que actúa en solitario. Abundan as persoas detidas por imprudencias, máis fáceis de descobriren que os incendiarios intencionados.
O SEPRONA asegura que no medio rural non se perciben os incendiarios como delincuentes e que se ve como normal, e até beneficioso, que o monte arda en certas zonas e épocas.
É diferente se se queima unha zona arborizada dunha zona non arborizada?
É habitual que se diferencie entre os incendios que afectan a zonas de mato e aqueles que queiman zonas arborizadas. Porén, en termos ecolóxicos, un incendio nunha zona de mato non é necesariamente menos grave que outro nunha zona arborizada. Por un lado, os efectos ecolóxicos máis preocupantes dun lume adoitan ser a erosión e a perda de fertilidade do solo, e non a destrución da vexetación en si mesma. Por outro lado, moitas áreas de mato presentan un importante interese natural (varios tipos de mato están incluídos na Directiva europea que protexe os hábitats máis valiosos a nivel europeo), mentres que a maior parte das zonas arborizadas son plantacións forestais e non bosques. Só o 35% da superficie arborizada galega se considera que é bosque natural ou seminatural.
Mudou a política de loita contra os incendios?
O problema dos lumes é un problema moi difícil e complexo. A ningún Goberno se lle pode esixir que o resolva nin nun ano nin en catro. Mais si se lle debe esixir que aplique políticas que tendan a reducir o número de lumes e a súa incidencia. Nese senso, é preciso un cambio político.


¿O actual Goberno iniciou a mudanza que os partidos políticos que o sustentan propugnaban desde a oposición?.

A resposta é non.
Os orzamentos autonómicos de 2006 amosan que o monte aínda non é unha prioridade política. Na política autonómica de montes segue a predominar unha visión pouco sustentábel. Nada se sabe da mudanza do Plano Forestal. Nada se fixo para negociar un amplo pacto social e político en defensa dos montes e contra os incendios, tantas veces demandado por BNG e PSOE desde a oposición e anunciado por Pérez Touriño no verán pasado. O Consello Forestal (órgano consultivo para a participación social) herdado do Goberno anterior non foi reformado, só celebrou a reunión de constitución e non debateu o Plano INFOGA 2006.
A aposta pola prevención que fai o Plano INFOGA 2006 é moi inferior á que sería desexábel e á posíbel se o monte fose unha prioridade orzamentaria. Por exemplo, as actuacións da Consellería do Medio Rural en silvicultura preventiva limítanse aos montes de xestión pública e abranguen 30.124 ha. Os convenios asinados pola Consellería para desbroces inciden sobre outras 14.000 ha. Temos 2 millóns de ha de monte e case 400.000 ha declaradas como de especial risco de incendios.
Un dato preocupante a respecto das expectativas de cambio político é que, segundo o recollido polo xornal “El País” nunha entrevista con Alfredo Suárez Canal, conselleiro do Medio Rural (11 de agosto), foille ofrecido ao director xeral de Montes do anterior Goberno, Tomás Fernández Couto, a súa continuidade no cargo, que desempeñou durante 10 anos.
Hai que “limpar” o monte?
O mato non é lixo. En termos ecolóxicos, “maleza” é un termo tan incorrecto como “alimaña”. É preciso rozar máis mato para reducir o risco de incendios, mais non sería bo facelo de forma xeralizada. As rozas deben ser selectivas (non afectar a grandes extensións continuas) e centrarse nas áreas con maior risco de lumes. Non se pode ignorar que o mato cumpre funcións ecolóxicas importantes: protección do solo fronte á erosión, mantemento da fertilidade do solo, conservación da biodiversidade,….

É preciso gastar máis en prevención e menos en extinción?

É preciso investir máis en prevención, pero non menos en extinción. O esforzo en extinción debe manterse, polo menos durante os próximos anos, pois, de non ser así, sería aínda moito maior a extensión de monte queimada cada ano. É preciso investir máis en prevención, mais non á custa da extinción.

¿É intelixente que a Xunta e o resto das Administración públicas invistan anualmente en prevención de incendios, en ordenamento e xestión sustentábel do monte, que representa o 69% do territorio galego, o mesmo que nuns poucos quilómetros de estradas que, en moitos casos, con políticas territoriais e de transporte sustentábeis, serían innecesarias?
Todos os datos mencionados proceden de fontes oficiais.

Texto apanhado de www.verdegaia.org