segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Cinismo

Hoje sai na Voz de Galicia um inquérito segundo o qual as três quartas partes dos galegos claramente se opunham a que os clubes de futebol profissionais recebessem ajudas oficiais. Aliás, em todas as cidades as proporçons vinham sendo quase idênticas. Cerca de um 70 ou 75 por cento estavam claríssimamente em contra, e do resto havia sempre entre um oito ou dez por cento que estava claramente a favor, e depois havia como 7-8 por cento de indiferentes e outro 7-8 por cento de NS/NC. Francamente curioso. Porque depois, quando os clubes fam pressom para que os concelhos deam cartos, ou invistam em instalaçons, ou lhes concedam algum tipo de privilégio, parece que som legiom os que secundam as suas exigências e o alcaide que nom lhes baile a auga, está condenado a ser o mau da fita. Eu ainda lembro duas bem gordas que lhe montou o Deportivo ao Concelho da Corunha - antes deste último folhom da requalificaçom de Riazor - que forom o pifóstio das pistas de atletismo, que suprimirom no estádio com o aplauso da comunidade futeboleira em geral, e sob a promesa nom cumprida, mais de dez anos depois, de fazer umhas pistas de atletismo novas. Ainda é hoje o dia que os rapazes do atletismo tenhem que treinar na Praça de Portugal, na Maestrança, no Pavilhom, ou nas pistas da Universidade. Outra boa de manda truco foi quando se plantejava a necessidade de mandar os eventos futeboleiros fora da cidade; era umha época na que o Deportivo jogava competiçons europeias e havia futebol às vezes dous dias numha semana, com o que colapsavam o tráfico rodado. Aliás, como daquela a gente sim que ia ao estádio, pois começarom a dizer desde a directiva do Deportivo que Riazor ficava pequeno já e que se impunha a construcçom de um estádio novo. Lembro os atendedores de todas as emisoras de rádio da cidade colapsados com mensagens de deportivistas de pro e corunheses de toda a vida a dizer que o Concelho lhe tinha que construir um estádio ao Deportivo.
Se os galegos, com efeito, vemos mal que se ajude com dinheiro e recursos públicos aos clubes profissionais, porquê quando estes extorsionam aos organismos públicos para que lhes concedam privilégios, todo o mundo fai coro ao seu favor? Som de verdade maioria ou os méios de comunicaçom amplificam o suposto clamor popular que às vezes acompanham as exigências desses clubes? Ou é que a gente minte nestes inquéritos? Algumha cousa nom encaixa aquí.
Aliás, aproveito para dizer que na Galiza parece que estamos numha espécie de mundo ao revês. Porque, assim como vemos clubes profissionais jogar em estádios de propriedade municipal (Riazor, Balaídos, A Malata...) também som muitos os clubes modestos que jogam em campos privados. Em Euskadi pode haver três, quatro, cinco clubes de um mesmo concelho ou zona que partilhem campo (campos bem cuidados, com boas instalaçons e serviços...) isso aquí é inconcevível.
Em todo caso, o verdadeiramente alucinante é que os clubes de futebol profissionais cheguem ao extremo de exigir que se lhes construa um estádio mais grande e para uso exclussivo deles; ou seja que se eu amanhá monto umha empresa, poido pedir-lhe ao Concelho que me ponha umha nave no polígono de POCOMACO? ou que me presenteie um local numha rua céntrica da cidade?

domingo, fevereiro 25, 2007

Moderadamente imbécil, segunda parte

Carloz Marcoz tem umha empreza de publicidade. Zupom-ze que tem um olfato ezpecial para captar az tendênciaz zoziaiz, az zencibilidadez. Zupom-ze que zabe o que fai quando pretende conectar com a gente do povo. A última do Partido Galeguizta na Corunha é um feztival de múzica doz anoz zetenta, no que ze vai contar com az actuaçonz de Tony Ronald, Miki e Jeanette. Zegundo o PG, o feztival quer zer umha homenagem à geraçom da tranziçom. Curiozo. Vamoz ver, eztez zenhorez nom tenhem nada a ver com a geraçom da tranziçom, porque na tranziçom ezpanhola, eztez já tinham oz quarenta anoz pazadoz. Nom tenhem nada a ver com oz que forom jovenz na tranziçom. E por certo, nom reflictem na zua múzica nada zocialmente ou políticamente relevante; az zuaz cançonz nom evocam nengum momento combativo da luita pola liberdade ou daz luitaz eztudantíz ou operáriaz. Eztez reprezentavam tudo o contrário; a trivialidade, a moda passageira. A nom zer que agora alguém me revele que Tony Ronald actuou em benefício de algumha caixa de reziztência de algum comitê de greve baixo zeudónimo e dizfarçado, ou que Jeanette agachava umha vietnamita na caza, parece-me a mim que, nada a ver. Em todo cazo o que zim reflictem ao melhor é onde eztava o Carloz Marcoz naquelez tempoz...com a reacçom, claro, quê lhe importava a ele a libertaçom doz prezoz políticoz ou a legalizaçom do PCE...quê lhe importava a ele a greve de Bazán...
Também é certo que é improvável que Miro Casabella, Bibiano, Lluis Llach ou Raimon quixeram tocar num bódrio tam infame. O dito anteriormente: vaia circo dos horrores!!!

sábado, fevereiro 24, 2007

Moderadamente imbécil

"No le hemoz entendido nada, porque no habla claro". A frase lapidária do Carloz Marcoz na televisom autonómica. Algum dia haveria que falar de se é de recibo permitir anúncios que fam troça da língua galega na TVG. Nom deveria ser assim. A TVG é um instrumento da autonomia criado com umhas finalidades bem determinadas no estatuto. Enfim. Nom é exactamente desse anúncio que queria falar. Sim queria falar desse frikie fascistoide chamado Carloz Marcoz. Nom penso pôr o seu nome correctamente: se ele pode burlar-se da minha língua, nom vou poder eu rir-me dos seus problemas de dicçom? Que se foda! E que se vaia preparando, que isto nom é nada em comparança com o que vem a continuaçom.
Está até na sopa. Deve pensar que tem umhas ideias originais. Deve pensar que tem umha pessoalidade interessante. Deve pensar que o seu discurso é engaiolador. Noz guzta La Coruña. Ciudadanoz de La Coruña, hablemoz. Define-se corunhesista, liberal, moderado. Corunhesista quer dizer anti-galeguista...facha. Liberal quer dizer...hoje liberal nom quer dizer nada, ou sim quer dizer algumha cousa; Jesús Gil era um liberal e Yirinovski era outro liberal...ou seja liberal é facha. E por último, moderado: moderado a respeito do quê? É um facha moderado? Ainda bem, porque pensei que a sua assistência asídua às concentraçons dos Peones Negros obedecia às suas nada disimuladas querências ultramontanas.
Bom, indo à crítica séria, parece que a descomposiçom do búnker vazquista traz consigo a concorrência nestas eleiçons de várias listas que se fam acreedoras da etiqueta "corunhesista" e umha delas é o Partido Galeguista. Esta é a encabeçada por Carloz Marcoz (esse grande líder genial, cercano, amável...). Evidentemente, nada a ver este PG com o PG de Castelao. Para começar, onde está a língua galega? O que é na propaganda eleitoral da lizta de Carloz Marcoz é a grande ausência e a mais flagrante. Ez que lez guzta La Coruña, qué le vamoz a hacer...por outra banda, esta lista eleitoral é um circo barato onde che assomam as arcadas a douscentos metros de distáncia. Seguiremoz informando...

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Apagam-se os últimos ecos

Ontem era um dos motores industriais da comarca de Trasancos, e hoje dá os seus últimos estertores sem remédio. O livre mercado decideu estrangulá-lo. O livre mercado é de tudo menos livre, o problema é que os que mais conscientes som de que o mercado livre de livre nom tem nada, som os que mais enchem a boca com isso do livre mercado e a livre competência.
O problema de ASTANO nom era de viabilidade, nom era de incapacidade para competir, nom era de falta de preparaçom dos seus cadros para fazer frente às exigências do mercado...nom, nom...nom era nada disso. O problema de ASTANO é que os tecnocratas que desenham a cousa esta do mercado comum lhes dixerom aos seus colegas espanhois que, para ir funcionando como umha soa economia, havia que ir reconvertendo o sector. A pior parte levou-na Galiza, ainda que asturianos, cántabros e bascos nom se pode dizer que sairam muito bem parados do embate tampouco. A construcçom naval militar ficou concentrada em Puerto Real (Andaluzia) e a construcçom civil pública quase liquidada. Em todo caso já previamente ASTANO passou a formar parte de IZAR, com o que os estaleiros de Fene passarom a trabalhar com a carga de trabalho desviada desde Ferrol.
Ultimamente, umha facçom do capital galego andava com um projecto entre maos para privatizar ASTANO e devolvê-lo à construcçom civil. O BNG, polo menos desde a sua postura oficial, apoiava esta saída para o complexo de Fene. Sectores da esquerda e do sindicalismo criticavam duramente esta pretensa soluiçom, porque as privatizaçons o que costumam trazer consigo som deslocalizaçons ou, em qualquer caso, reducçons de plantel. Desde o sector mais oficialista do BNG qualificava-se aos que reclamávamos umha soluiçom sem privatizaçons de demagogos, ultra-esquerdistas e inimigos do povo. Quando se plantejava umha compra do estaleiro para constituir umha sociedade pública galega de construcçom naval, sempre se aludia à impossibilidade de tal via, frente ao suposto possibilismo caval da via propugnada polo BNG.
Bem, o caso é que parece que o Conselheiro de Indústria, Fernando Blanco, ia intentar reunir-se com a comisária europea do ramo para explicar-lhe o projecto que defendia a Xunta, ainda que a Comisária nom chegou nem a o receber, alegando que nom tinha tempo. Também confirmou algo que a SEPI, a sociedade estatal que gere ASTANO, já assinalara quando conhecera as intençons do grupo de empresários galegos embarcados nesta aventura, avalados polo governo autonómico. A saber; que existia um acordo secreto segundo o qual era impossível que ASTANO voltasse à construcçom civil, nom já como empresa pública, mas em qualquer das formas possíveis, parece que incluida a de empresa privada.
Ou seja, que afinal tam utópica era umha soluiçom como outra. A única soluiçom realista era deixar as cousas como estám. Porque polo demais, parece que já decidirom por nós. Pois para isso, teria sido mais coerente - desde um governo de esquerda, vaia - intentar a compra do estaleiro via Xunta. E se desde Bruxelas deziam que nom, pois sempre havia ficar a rua.
Eu as conclusons que tiro de tudo isto som:
1.- Resulta evidente que a falta de soberania política do nosso país tem muita culpa nesta situaçom, porque é óbvio que decidirom por nós.
2.- E decidirom por nós, numha mostra lapidária de como funciona o livre mercado, do democráticos que som os seus mecanismos de funcionamento. De maneira que existem acordos institucionais nom públicos que impossibilitam que ASTANO volte trabalhar? Pois isso parece, e o povo nom pode conhecer o conteúdo desses acordos
3.- Com o que chegamos à necessária conclusom também de que a economia de mercado é, como dixéramos, tudo menos livre. Às costas dos povos decidem o seu futuro, conculcam a soberania das comunidades políticas.
Resituemo-nos para nom perder de vista que a luita é o único caminho. Que para que che deam dous, há que sair à rua a demostrar a tua força, e reclamar seis. Se reclamas um e meio e jogas com as suas regras, nom che vam dar nada.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Solidariedade com Iñaki de Juana Chaos

Neste momento crítico na vida deste preso político basco, cumpre molhar-se...e nom já polas liberdades públicas, ou pola democracia, ou pola autodeterminaçom de Euskal Herria. Neste momento crítico, o que há é que molhar-se por algo tam elementar como é a dignidade humana. E nomeadamente a de umha pessoa condenada, pola impotência política de uns imperialistas fracassados que morrem matando, a ser um botím de guerra. E também pola nossa...o único que fica é calar, e portanto conceder que somos imbéciles, ou pronunciar-se, ou seja, dizer-lhes que nom, que o conto nom vai assim, e que eles montarám todo este circo misserento, mas nós nom aplaudimos. Que surjam os primeiros assobios no pátio de butacas.