sábado, abril 29, 2006

A estupidez do corunhesismo

O “corunhesismo” e a realidade corunhesa

Qual é a reivindicaçom principal do corunhesismo, do que Francisco Vázquez era principal abandeirado e do que agora Javier Losada é fiel continuador? A capitalidade da comunidade autónoma da Galiza. Segundo esta peculiar doutrina, que alumea os retortos caminhos dos que regem os destinos do Concelho da Corunha, A Corunha tem um direito histórico a ser capital, um direito que foi traído pola totalidade das forças políticas durante o debate do estatuto de autonomia vigorante. O corunhesismo acha que Galiza tem umha dívida com Corunha, que é resarcir essa traiçom. Som curiosos os argumentos que costumam expôr para explicar tal tese. Dim que A Corunha é a cidade “mais importante” da Galiza – sem que nunca se esclareza em quê consiste essa “maior importáncia” – dim que foi a capital da ilustraçom galega, que tem umha provada tradiçom liberal, etc., em contraposiçom com o carácter mais fechado e reaccionário de Compostela, mais ligada à Igreja. Mas quando falam do carácter “liberal” corunhês, nom reivindicam a indiscutível referencialidade da Corunha na história do galeguismo ou a importáncia do movimento operário corunhês e a sua também inocultável pegada histórica...nada mais longe disso; delatam-se ao aprofundar nesse contraponto Corunha-Compostela, reivindicando a elementos como Alfonso Molina ou Salvador de Madariaga, e aliás “pincham” quando assinalam que A Corunha é mais universal que a nossa capital histórica, porque supostamente olha mais cara fora a nível cultural, é menos nacionalista e fala espanhol (isto último parece nom ser tam certo como se pensava até há pouco, se atendemos aos estudos que se tenhem feito sobre o assunto) em oposiçom a umha Compostela que seria mais reflexo do pior do país, ou seja, seria mais fechada, seria culturalmente falando mais nacionalista, e falaria mais em galego. Dezia o intelectual corunhês Antón Vilar Ponte que pouco universal se pode ser se nom tens nada que aportar ao mundo, e se os galegos e as galegas nom preservamos o nosso nada teremos que pintar no mundo, francamente. Assim que essa dicotomia plantejada polos “corunhesistas”, enfim, é bastante frágil.

Agora vamos ver se o “corunhesismo”, que di defender à cidade da Corunha e os seus interesses por cima de tudo, conecta de verdade desde as suas reivindicaçons principais com as necessidades reais do povo. Vejamos: primeiro, topónimo; curioso que a cidade que nom renuncia a ser capital de um país negue a língua desse país e se envergonhe do seu nome. Segundo; bandeira do Orçám, outra flagrante contradicçom, a saber, dim que é umha homenagem aos valores constitucionais e aos idiomas do estado, isto num concelho que tem proscrita a língua galega e que em matéria de toponímia se teima em violar a lei. Terceiro, capitalidade; a estas alturas? Deixemos de perder o tempo, e aliás veja-se primeiro ponto: umha capital que nega ao próprio país é um absurdo. E quarto, um arcebispado para Corunha; este já me absterei de o comentar por razons mais do que evidentes.

A realidade que este governo municipal nom afronta, porque se importa bem pouco com ela : a carestia da vivenda, o funcionamento caótico do transporte público (para mais também abusivamente caro) as altas taxas de desemprego, que irám em ascensom porque na Corunha nom fam mais que fechar empresas; o crescimento imparável da pobreza...essa é a realidade. Há quem di que o melhor alcaide da Corunha foi Paco Vázquez; pois se ser bom alcaide vem consistindo em destroir umha cidade, estou totalmente de acordo. A Corunha nom será capital administrativa da comunidade autónoma nem capital histórica da naçom galega, agora, é indiscutivelmente capital da especulaçom urbanística, do desemprego, da pobreza e de outras lacras.

terça-feira, abril 25, 2006

Monarquias, repúblicas, futuro da humanidade

Quando nos chegam notícias de que o tirano Gyannendra accede a reestaurar o parlamento nepalí, o que esperemos seja o começo do fim para a monarquia feudal que este impresentável encabeça, quando hoje celebra aniversário umha República vizinha, a do irmao Portugal, reanudo a minha actividade blogueira, um bocado abandonada ultimamente...a vida política e laboral merma o meu tempo livre.
Comentar que ontem estivem numha mesa redonda no Centro Social Atreu, que se celebrou baixo o título "II República, presente e perspectivas", na que participarom Maurício Castro por NÓS-UP, Miguel Queipo por El Militante, Roberto Laxe por Corrente Vermella e Martín Naya polo Comité de Loita Popular. Nom teria tempo de reproduzir e analisar pormenorizadamente as intervençons que lá se derom, sim devo dizer que foi interessante por vários motivos. Fundamentalmente, diria que foi umha boa ocasiom para medir quais som as sensibilidades da esquerda revolucionária espanhola e do independentismo galego de cara ao confronto da crise do regime espanhol. Parece que há umha crescente mas tímida assunçom por parte de alguns colectivos estatalistas da necessidade de assumir a autodeterminaçom das naçons oprimidas como umha meta necessária e irrenunciável. Tímida e de umha progressom lenta, porque ainda puidem ver algum tic furiosamente espanholista e algumha intervençom que seguia na posiçom catequizadora inamovível de partido de ámbito estatal, único, centralismo democrático, etc. Mas foi interessante, porque puidem conhecer um bocado mais do movimento que se está a artelhar na Espanha a favor da III República e das contradicçons existentes entre a esquerda estatalista sobre como formular a tal III República...primeiro umha república burguesa e depois o socialismo, ou directamente a República Socialista? O que tenho bem claro é que na burguesia espanhola nom há hoje o potencial revolucionário que noutros tempos houvo. O cadro que nos podemos atopar hoje na Espanha, nom se parece em nada ao de 36. Neste sentido, pareceu-me interessante o ponto discordante que El Militante puxo a respeito do movimento pola III República, dizendo que nom era admissível esse reivindicar a República sem mais, sobretudo tendo em conta que nom era em nengum caso umha luita interclassista. Ainda tenho entom que lhe perguntar ao companheiro Queipo, como é que entom apoia Chávez tam afervoadamente; parece bastante ingénuo pensar que Chávez poida ser comunista ou socialista sequer.
Por outra banda, mais ou menos umha polêmica parecida houvo a respeito da assunçom da reivindicaçom da autodeterminaçom; em quê forma, quê cabimento poderia ter? Em quê prazo, em quê seqüência? Sempre batemos com esse internacionalismo falso e refém das fronteiras estatais, que só conceve as vanguardas nos centros metropolitanos. Qual é o sujeito revolucionário na Galiza, esse é o verdadeiro miolo da diferença entre os marxistas que advogam por forças políticas próprias desde as que fazer a revoluçom e os que dim que há que luitar desde partidos espanhois.

segunda-feira, abril 17, 2006

Jornadas Independentistas na Corunha

Cartaz provisório das Jornadas Independentistas que celebrará NÓS-UP na Corunha

Dia 20 de Abril.- "Reptos do movimento ambientalista no S. XXI" José Cadaveira (Membro da Direcçom Nacional de NÓS-UP e activista do movimento ambientalista)

Dia 27 de Abril.- "A necessidade das selecçons desportivas próprias" Rodolfo Fernandes Vasques (Siareir@s Galeg@s) Daniel González Palau (futbolgalego.net) e José António Tourinhám (Jogador de andebol do O.A.R. Culheredo)

Dia 4 de Maio.- "Música e compromisso com a língua" Xavier Diaz (Produtor de folk) Xosé Antón Bocixa (Membro da banda de rock Zënzar) José Constenla (Cantautor) e José Grajal (Projecto Global)

Todas as mesas redondas serám às 20.30 horas no Centro Social Atreu (Rua Sam José, 12 A Corunha)

sexta-feira, abril 14, 2006

Alonsomania

Suponho que é umha questom de modas, as modas que o próprio nacionalismo espanhol promove. Ultimamente um tem que ver a Fernando Alonso até na sopa. Eu nom digo que nom tenha o seu mérito, que está claro que para tudo há que valer...para pilotar bólidos também. Mas já resulta um bocadinho...cargante.
Lembro quando todos os rapazes queriam ser Indurain, lembro quando todo o mundo flipava com Arantxa Sánchez Vicario. Cada vez que um espanhol ganhava algumha cousa nalgumha disciplina desportiva por minoritária que fosse...punha-se na moda.
Sinto-o muito, mas com Fernando Alonso ou sem Fernando Alonso a Fórmula 1 é um penhaço insofrível. É aborrecido como ele só. Ainda que compreendo em parte o fenómeno. É umha questom de nacionalismo. Claro que se Fernando Alonso fosse basco e o que se vissem nos circuitos fossem ikurriñas e nom bandeiras espanholas e asturianas...por parte de alguns nom ia haver a mesma compreensom.

quinta-feira, abril 13, 2006

Haiku

Já está em andamento a página de umha nova banda do metal corunhês. Som algo mais do que umha promessa. Som músicos bem curtidos nos cenários da Galiza a travês de outros projectos. Este verao achegade-vos a vê-los, se tendes ocasiom. Paga a pena.

quinta-feira, abril 06, 2006

O que fai a emigraçom...

Os preconceitos que eu, humano de mim, arrasto sobre a emigraçom, às vezes, e por ventura, vem-se desmentidos. Eu sempre associei emigraçom a desarraigo, desleixo pola sorte do país, desafecto pola língua e a cultura próprias, auto-ódio. Parece que as cousas vam cambiando. Nom tudo o que a emigraçom produz é negativo.
Por lá, pola Helvétia, andam a bailar ska ao ritmo da gaita galega. Cousas curiosas que um atopa na rede.

terça-feira, abril 04, 2006

O AVE e as bandeiras

A nova regueifa dialéctica entre BNG e PSOE é altamente enganosa. Explico-me. O BNG qualifica de tomadura de pelo o baile de datas que está a haver a respeito dos prazos de execuçom do AVE e o Francisco Rodríguez pede ao Presidente da Xunta firmeza neste tema perante a ministra espanhola do ramo, Magdalena Álvarez. O Emilio Pérez Touriño, nom encaixa bem a crítica e manda-lhe ao Francisco Rodríguez um recado com bastante má óstia: que o PSOE nunca queimou nengumha bandeira e que agora nom precisa envolver-se numha bandeira galega. Umha clara alusom a uns incidentes nos que estivo mesturado o Francisco Rodríguez anos há, quando o BNG recebeu os restos de Castelao desde o outro lado da barricada e o governo "aliancista" de Albor montou umha marcha triunfal a costa do cadáver do polígrafo rianjeiro. O deputado galego em Madrid e mandamais da U nom se corta em lembrar quem foi e quem é Touriño...e certamente nom lhe falta razom ao precisar que o Touriño, indivíduo sem dúvida nefasto, nunca se caracterizou por defender a Galiza desde o governo central, quando fixo parte dele.
E eu nom teria problema em pôr-me da parte do político ferrolano se nom for porque acho que o BNG mente ao povo galego no que di respeito da trascendência que tem o AVE para o desenvolvimento da Galiza e o bem - estar de galegos e galegas. O AVE vem a ser um exponhente de um modelo de caminhos de ferro com o que nom estou de acordo; como alguém dixo, quem for de Madrid a Sevilla de comboio, há de saber que tipo de pessoal vai no AVE. O problema da Galiza neste momento é o claro pioramento das condiçons de vida do povo, e se ainda por cima vamos partir-nos a cara por transportes caros e confluir com os planos ultra-liberalizantes e elitizantes de PP e PSOE...ao único que vamos contribuir é a fazer da Galiza um lugar ainda mais fodido para viver.
Polo demais, é óbvio que Touriño é um indivíduo bastante indigno, sem autoridade política e com um carisma prefabricado que tira pa'trás. A sua incapacidade para fazer calar a Paco Vázquez dá a medida de quem é, mas quando desde Madrid o comecem a deixar em calçons ao melhor é quando o povo se decata do autêntico bluff que é...a pena é que a tensom venha por aí, precisamente, por umha questom a respeito da qual a postura do nacionalismo, de todo o nacionalismo, tinha que ser outra.