Venho de repartir programas eleitorais. Um na rua atopa de todo. Atitudes mais compreensivas e menos compreensivas. Atitudes receitivas e atitudes bordes. A rua é complexa e diversa, e parece mentira que a nossa sociedade seja às vezes tam monolítica. Ou dea a sensaçom de sê-lo. Enfim, o que sim é certo é que há pouca margem de maniobra para grupos minoritários, por muito que o de minoritário ou maioritário seja bastante relativo. Por muito que mesmo as três forças políticas maioritárias hoje em dia na Galiza também tiveram no seu dia sido minoritárias. Alianza Popular estivo ao borde da desapariçom há uns vinte anos, o PSOE antes do oitenta e dous na Galiza era umha cousa bastante marginal, e quê dizer do BNG...ainda lembro ao Beiras confinado na sua solidom parlamentar...
Em todo caso, e a pesar de que desta nos vai tocar viver umhas eleiçons tri-polarizadas nas três siglas do arco parlamentar, penso que nom há tardar em chegar o momento dos minoritários. Estas eleiçons, tenho-o comentado com vários amigos, parecem um referendo franquista. Nom há debate ideológico, tudo se reduz a debates tecnocráticos sobre se AVE aquí ou AVE acolá, Porto Exterior em tal ou qual prazo, esta ou a outra proposta de novo estatuto, o PSOE com a sua, o BNG com a sua, e nom tardará em aparecer a do PP. Enfim, que afinal há que votar aos tecnocratas da direita ou aos tecnocratas da esquerda. Uns e outros tenhem as suas respeitivas claques: os de “Lo que diga don Manuel” por um lado, e polo outro os de “Hai que botá-los”. O povo parece que se mete muito nesse papel de aceitar que isso é o que há, e pronto, quê se lhe vai fazer. Possibilismo e política institucional, como únicas vias.
Eu tenho umha particularíssima teoria sobre o que se vai passar, que já lhe expliquei a várias pessoas, a maioria das quais considerarom tal teoria como plausível. Há uns dias dezia o Paco Vázquez que nom trabalhava com a hipótese de o BNG entrar no governo. Falava de que, ao perder o PP a maioria absoluta, este quebraria. E que o PSOE co-governaria com umha cisom do PP. Bom, eu o que penso é que se o PP perde a maioria absoluta...pactuará com umha facçom do PSOE; a liderada por Paco Vázquez. Ou comprará a alguém, como já tenhem feito na política municipal. Os casos de Sada e Sárria estám aí. Isto contei-lho hoje mesmo a umha filiada do BNG, quem me contestou que nom lhe surpreenderia tal maniobra. Dezia que tudo era tam sórdido que desanimava.
E eu digo...pois isso, tanto possibilismo e tanta política institucional para isto. A mim os discursos manejados por uns e por outros parecem-me perigosamente parecidos. A este respeito, há umha caricatura do Siro na Voz de Galicia que lhe fai um tremendo favor à candidata de Esquerda Unida, Yolanda Díaz. Aparecem os três principais candidatos a cantar a trio umha cançom italiana, no entanto aparece a Yolanda Díaz com umha piruleta que pom: “Entramos pola esquerda”. É certo que, postos a reduzir as comparativas entre EU e os três grandes, ela é a única que di cousas com um certo conteúdo. Em todo caso, parece que, por enquanto, os que entendemos o voto como um acto de afirmaçom ideológica nom vamos ter nestas eleiçons a nossa oportunidade.
Alguém dizia no Portal Galego da Língua que o nosso programa era fraco a respeito daquela matéria (a língua) Suponho que a maioria de quem usa o PGL sabe que o programa de NÓS-UP nom é um programa de governo, que nom aspiramos a entrar em Sam Caetano. Da mesma maneira que para nós o debate nom pode ser se o novo estatuto tem que marcar tais ou quais tectos competenciais, porque o estatuto nom é um marco jurídico político válido para nós, ou se o AVE deve ou nom passar por tal sítio, ou se tem que ir a duzentos ou a trescentos, porque nom é o AVE a necessidade prioritária deste país, nem em quê prazo se tem que finalizar a obra do Porto Exterior, porque nom é tampouco umha necessidade real, e porque afinal estamos a falar das necessidades estratégicas do capital...como vamos nós falar do Plan Galicia dentro dos discursos oficiais mediaticamente permitidos, por exemplo? E um longo etcétera...pois também nom tem sentido que falemos de normalizaçom lingüística nos termos que utilizam as forças do sistema. Em todo caso, somos a única força reintegracionista de prática, ainda que a algum lhe dea sarabulho reconhecê-lo. Continuará...