sexta-feira, dezembro 31, 2004

Acaba o ano

Acaba o ano, e queria desejar a tod@s aqueles que seguistes este blog um feliz ano novo. Cumpre-se meio ano de vida, um tanto vacilante e irregular num princípio, desta pequeninha ferramenta de expressom à que lhe acabei colhendo um imenso aprezo, e a travês da qual conhecim a e interagim com muita gente. Desde pessoal que conhecim já quase ao começo da minha andaina blogueira, como Bernardes, Debinha, Loba, Sônia ou Karla, até gente que acabo de conhecer há poucos dias, como Lledoneta ou Gémini, passando por outr@s aos e às que já conhecia de fora do mundo do blog, como Sabela ou Alberte. Polo caminho ficarom Furor Scribendi e o blog da Alicia, mas eu já me preocupei de ir enchendo espaços com cousas novas que recomendar. Essas estrelas que se apagarom do firmamento blogueiro, de qualquer maneira, brilam com força ainda no meu coraçom. Um saúdo para Alicia e Elvira.

Quero fechar este ano convidando-vos a que expedicionedes polas páginas que O Tangaranho recomenda. Atoparedes cousas interessantes; blogs de diferentes pontos do planeta e páginas referentes a Galiza e à lingua galega a mayoría delas. Para os e as que várias vezes já me perguntastes por música galega, direi-vos que poderedes escuitar música e vozes do meu país em Rádio Galiza.net e Rádio Artábria. Tendes também ligaçons neste blog para acessar a estes sites.

Um saúdo também para as pessoas que, de maneiras diversas chegarom a este recantinho da internet. Pessoal da Espanha, de Portugal, do Brasil, dos Estados Unidos, da França, do Reino Unido, dos Emiratos, de Estónia, da Argentina, de Canadá, de Indonésia, da Suíça, do Uruguai...nom sei, é iludinte pensar que a mensagem do Tangaranho chega tam longe. Oxalá, de toda esta gente alguém parasse a escuitar a vozinha deste náufrago diminuto, que no meio do oceano da internet protesta, para estranheça dos que passam por diante, porque quer que o mundo entenda que ele é de um minúsculo país chamado Galiza, mas que se orgulha muito de ser de alí. Eu sempre, a todo aquele que se achegue a mim, seja de onde for, lhe falo das minhas origens galegas e das cousas do meu país...eu nom sei se realmente isto serve para algumha cousa, tenho a esperança de que sim. Muitos pensarám que estou tolo, que som um espanhol acomplexado que quer mas é passar polo que nom é, mas todo o contrário, do que se trata é de que reivindico nom ter que ocultar nunca mais de onde som e qual é a minha verdadeira pátria. Como quero que compreendam que nom falo espanhol, que o meu idioma é o português. Com todas as peculiariedades e os matizes que se lhe queiram antepôr, mas é português. Neste sentido tenho a cumplicidade da Loba e do Bernardes, que sempre se mostrarom compreensivos e solidários com a minha reivindicaçom. Eles colam literatura galega nos seus blogs, mesmo a Loba chegou a “ressuscitar” umha banda punk da minha cidade natal, Ferrol, à que tanto nomeio aquí (por certo, Loba, o Xávi Porto já o sabe!!! Hahahaha....) Agradeço profundamente as suas achegas a difundir a nossa luita numha guerra tam desigual.

Pois nada, um abraço a
tod@s...e voltem por este humilde blog...

quinta-feira, dezembro 30, 2004

Recomendaçom musical: um violinista na encruzilhada

Um dos músicos que poderia ser considerado o símbolo do que deveria ser o Oriente Meio num futuro próximo é o Yair Dalal. Já actutou várias vezes no festival Womad. Conhecim-no a travês do desaparecido catálogo de músicas do mundo “Con la música a todas partes” e impressionou-me. A sua peripécia pessoal bem merece certa atençom, nom porque seja singular, mas porque seguro que marcou o seu carácter e a sua maneira de ver as cousas. Ele é judeu, nascido no Iraque; um país onde, imagino, os judeus nom serám demasiado bem vistos, muito a pesar de que, teoricamente, no Iraque de Saddam havia liberdade religiosa. É de supor que, conhecendo um bocadinho a agitada história daquela regiom do mundo, as tensons com os judeus em países vizinhos de Israel sejam frequentes. Bem, ele hoje reside em Israel. Conhece portanto o que é ser um perseguido. E conhecerá também o que é ser um cidadao de segunda num estado tam indisimuladamente racista como é Israel, que nom recebeu nunca com os braços abertos aos refugiados ou inmigrantes procedentes da Europa do Leste, dos países árabes ou da África negra. Um judeu iraquiano nunca vai ser igual a um judeu norteamericano em Israel.

Dalal fai música de tradiçom judia e árabe, trabalha com músicos de vários pontos do planeta, e os seus discos som autênticas viagens transcontinentais por estes dous universos culturais. A tradiçom sufí e a sefardita podem-se dar a mao, e acto seguido um pode vibrar com um frenético klezmer. As melodías vam desde o sensual até o hipnótico.

Este irmanamento entre mundos e tradiçons, este transgredir limites históricos, culturais, étnicos...tem toda a intencionalidade, é umha clara reivindicaçom da necessidade de entendimento entre dous povos; o israelí e o palestiniano. Esperemos que nada nem ninguém chegue a calar a este violinista, filho de um tempo difícil e refem do fogo cruzado que condiciona a sua vida.

terça-feira, dezembro 28, 2004

Um novo ano....

Estas festas do Natal som umha vorágine consumista, já nom fica nelas nada de espiritoal e o que sim há é, ainda que já sone a tópico “progre”, muitíssima hipocrisia, muita vanalidade e muito excesso. Estamos num impasse, acabada a primeira jornada de histéria natalícia, até a noite de fim de ano no que aproveitarei, inspirado num comentário da minha amiga Lledoneta no post anterior, para formular a minha tabela de desejos para o ano que vem. Assim que direi o que quero e o que nom quero para o nosso futuro.

QUERO:

Mil primaveras mais para a língua galega aquí, no seu berço histórico, com os seus correspondentes veraos, outonos e invernos, sem faltar um...Cuba livre e socialista...estado palestiniano...longa vida ao Partido Comunista do Nepal...liberdade para o povo de Aceh...liberdade para o povo curdo...stop ao extermínio em Chechénia...ianques fora do Iraque...mais feminismo, mais ambientalismo e mais movimento gay...cor e diversidade contra o racismo...mais concertos e de balde...mais teatro, mais cinema...mais centros sociais auto-gestionados, ocupados ou nom...nom mais guerra entre povos e mais guerra na rua, polo pam e o trabalho, pola dignidade da classe operária...

NOM QUERO:

Violência machista...neo-nazis e neo-fachas...integristas católicos e de outras religions...Fraga e fraguistas...sectas...UltrasSur, Bastión, Brigadas Blanquiazules...bom, os imbéciles do futebol... desastres ambientais...racismo e leis anti-inmigraçom...homofobia...cárceres...monarquias...ditadores...banqueiros.


A ver se polo menos, se vem cumpridos em parte os meus desejos, e se vai abrindo caminho para esse outrro mundo que acreditamos e desejamos possível.
Bom fim de ano e melhor começo do seguinte

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Este ano, Palestina Livre

Percorrer um bosque de arames farpados
E de pó que invade o ar
De moscas e de cadáveres
Jehová...
...merenda corpos mutilados e rebentados

O seu exército é umha negra marabunta
As suas botas esmagam o meu coraçom
O frio ferro das armas gela o meu sangue

E eu procuro a passagem da Torah que me desminta
Que Israel é a pátria dos infames.

domingo, dezembro 26, 2004

Mares de queijo

...O meu livro electrónico já é umha realidade e podede-lo descarregar no Portal Galego da Língua. Obrigado a tod@s polo vosso apoio...

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Poema para a resistência

Ontem extirparom-nos um sonho
Varrerom um mundo.

A sua cirugia implacável
Arrancou-nos em carne viva
O direito a resistir

Manada sinistra de lobos raivosos
A esnaquiçar este ser vivo
Que berra de dor nos estertores
Da nossa luita.

Piara de porcos bravos famélicos
A foçar num jardim de flores rebeldes

Nom podiades suportar o desafio
Deste punho ergueito
Florecendo numha segunda primavera

Latejava a sua energia revolucionária
Com demasiada força

terça-feira, dezembro 21, 2004

Ano 2005: Bye, bye Fraga...

Há umha piada muito extendida que di que há três cousas que nom se podem ser ao mesmo tempo; inteligente, boa pessoa, e do Partido Popular. Se és inteligente e boa pessoa, seguro que nom és do Partido Popular. Se és boa pessoa e do Partido Popular, nom serás demasiado inteligente. E se és inteligente e do Partido Popular, entom seguríssimo que nom és umha boa pessoa. Pois é umha piada políticamente incorrecta e que pode chegar a ser cruel. Mas, desventuradamente, penso em todas as pessoas que conheço do Partido Popular....e a fórmula plantejada cumpre-se. Conheço muito boas pessoas que votam e que mesmo militam no Partido Popular – nom demasiadas- mas que vivem bastante enganadas. Conheço pessoas cultas e inteligentes que militam ou votam para o Partido Popular, mas as suas intençons vam cara onde vam; som gente que quer medrar económicamente e sobir na escala social e para elas a vida é, em si própria, umha competiçom a todos os níveis. O da solidariedade para eles é umha falácia. E, por último, as pessoas que eu conheço às que se lhes poderia atribuir a combinaçom entre qualidade humana e inteligência....pois a verdade é que estám bastante nas antípodas do Partido Popular.

A piada tivo muito sucesso naquelas horas negras do Prestige, nas que o confronto social estava a flor de pele por todos lados. A minha nai tivo um enfrentamento com dous clientes na frutaria, porque no posto tínhamos umha bandeira de Nunca Mais. Estes dous clientes, um homem de certa idade já e umha mulher de uns quarenta e tal anos mostrarom-se molestos pola presença daquele símbolo, que, em poucos dias, como recordaredes, passou de ser politicamente correcto a ser um ícone maldito. O Secretário Geral do Partido Popular da Galiza, Xesús Palmou, chegou a referir-se à bandeira de Nunca Mais como “a bandeira galega satánica”. Enfim, que o clima social era tam tenso, que a imaginaçom de alguns começou a cozinhar cárregas de profundidade em forma de piadas como esta...humor contra a prepotência do poder. As mentiras mil vezes repetidas nos méios de comunicaçom sobre a magnitude da catástrofe, sobre os seus efeitos, a negativa chulesca dos mandatários daquele entom a assumir responsabilidades...e a ofensiva a nível de rua, com cadros do Partido Popular fazendo de claque dos cárregos oficiais nas visitas às zonas afectadas, ou insultando e ameaçando aos voluntários e voluntárias que lá estavam a trabalhar, tudo isso, contribuiu para que nom tardasse em produzir-se umha reacçom social ánti-PP, que durou até que se celebrarom as eleiçons autárquicas e a misséria moral e ideológica oculta se manifestou como umha realidade nom tam difícil de quebrar como pensávamos. Claro que já sabemos que houvo outros factores, dos que um dia falarei, que também intervirom.

A questom é que estamos já nos últimos estertores do ano 2004, e sabedes que o 2005 é ano eleitoral. Tocam eleiçons autonómicas. E parece que há certas esperanças de que o Partido Popular perda a maioria absoluta, e que por tanto Fraga, o velho fascista (o assassino que quiso matar ao meu pai, e nom o esqueço...) deixe de ser Presidente da Junta. Sem que me subscite demasiadas esperanças a perspectiva de umha Junta presidida por Quintana ou Touriño, proponho-vos um jogo. Mandade-me, ao correio pessoal (
ramiroleiros@hotmail.com) piadas sobre Fraga ou sobre o PP, e eu colarei-nas aquí. A finalidade? Pois sacodir um bocadinho a amargura que nos produz às pessoas decentes ter a esse filho da grandíssima puta mangoneando as instituiçons, a sociedade, os méios de comunicaçom, fodendo o país e rindo-se nas nossas caras, e esconjurá-lo qual demo pestilente. Há que ir morrendo...

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Lume e ferro sobre asfalto

Escuita os ecos do clamor. A cidade de novo a renger...a chamada da luita. Bolas de borracha a asubiar-te nos ouvidos. E sereias a ouvear, e botes de fume e bengalas. Sai à rua e abre-lhes a cabeça. Começou a guerra. A por eles.

domingo, dezembro 19, 2004

Revisionismo Musical

Encontrei na net umha página intitulada deste jeito. Estava a procurar informaçom sobre um grupo fascista chamado Skinheads España, e fum dar a esta página que visitei já várias vezes, por curiosear no material que tem. A web tem como objectivo a reivindicaçom de determinados músicos dos que se rumoreia, ou se conhece mas se oculta a sua filiaçom ultra-direitista. Em princípio, a página se criara para airear material censurado dos Decibelios, a controvertida banda oi! Barcelonesa, da que se tem dito de tudo, mas foi-se incorporando material referente a outras bandas e músicos como Ilegales, Siniestro Total, Seguridad Social, Conemrad, Guerrilla Urbana, Oi! The Arrase, Agnostic Front, Sick Of It All, No Alibi, Manowar, Eminem...esse material consiste em biografias, crónicas, entrevistas publicadas antano em fanzines, fotos e inclusso músicas que se podem descarregar e escuitar. Algumhas bandas nom me surpreendeu atopá-las aí; Manowar, se nom som fascistas disimulam-no muito bem, desde logo, Exploited tenhem um amplo historial e de certas bandas do que se deu em chamar New York Hardcore havería muito que falar. Os criadores da página plantejarom-se como um repto desmascarar a atitude, ao seu juízo, hipócrita de certas bandas que num momento dado manifestavam fílias fascistas e que mais tarde se sobirom ao carro dos bempensantes ou inclusso se re-inventarom umha imagem de esquerdas e hoje som conhecidas como bandas comunistas ou anarquistas. Este tipo de iniciativas antes as lideravam os fanzines da cena hardcore-punk, para denunciar sobre tudo determinadas bandas que estavam no circuito comercial mas que tinham sucesso entre o público que frequentava a cena alternativa. Há bastantes anos já que se denuncia que os Exploited som simpatizantes do British National Party. Esta iniciativa, o que tem de novidoso, é que é promovida por gente que se reclama de ideologia nazi. Mas nom deixa de ter relativo interesse visitar o sítio e inteirar-se de algum aspecto escuro da biografia de algumhas bandas.

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Poema sem qualidade, mas sincero

Nom escorregarám lágrimas polo meu rosto
Nem se me encolherá o coraçom
Quando veja o teu corpo banhado em sangue,
Quando escuite o teu alento a se extinguir
Nesse leito de asfalto

Nom haverá indignaçom a correr polo meu sangue,
E embora
Sim que haverá certo sentimento de humilhaçom vingada.

Eu lembro a tua bota nas costas do operário
O som da tua porra a cortar o ar

Eu lembro Ferrol e lembro Gasteiz.

terça-feira, dezembro 14, 2004

Natal skatalítico

O Ska soará na Fundaçom Artábria. E eu estarei lá para nadar nas suas notas sincopadas. Dandy Fever. "...hooligans, hooligans..." serei um skinhead, sonharei desperto com o espírito do 69. O rocksteady, os malandros a bailar num antro ao pé da praia, lá em Kingston. Será divertido, serám minutos felizes. Com a família de Artábria, na minha cidade natal, e entre os meus amigos. The real ska!!!

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Artur Alonso Novelhe

A poesia de Artur Alonso Novelhe está de novo com nós. Vai hoje um novo poema do seu livro "Entre os teus olhos".


NA TUA MEMÓRIA

Eles ham lembrar-te
sempre
porque para eles
nunca te foste

e ainda tenhem que aprender
a viver sem o teu sorriso

e um dia haverá
um garfo de mais à mesa

e numha hora sem saber
alguém pronunciará o teu nomecomo se ainda estivesses
como se fosse impossível
a resposta do silêncio

por que
como podem aceitar
que falta a tua mao para erguer os seus sonhos

a eles
que o vento doou umha flor
e agora esta ausência
murcha
lhes leva
entre rosas e bágoas
o alento da tua presença

eles nunca te ham de esquecer
e nos seguiremos
chorando o teu desterro

por que nom te foste
por que nunca te deixaremos ir
enquanto a nossa memória retenha seu tempo

entre a tua vontade de viver
e o desejo dos deuses
de tornar ao seu jardim a sua orquídea predilecta

sábado, dezembro 11, 2004

Mais sobre a cita de Janeiro

Hoje recebim a resposta de dous convidados mais. Cruz Martínez, que di que de momento nom me pode dar resposta definitiva, e o Xavier Vásquez, quem me dixo que viria seguro. Ontem falei com o Ângelo e já me assegurou que podia contar com a sua presença, com o que o cartaz, fica, polo de agora, com os seguintes nomes
Amanhá, poesia galega na página do Tangaranho.

quarta-feira, dezembro 08, 2004

O primeiro evento do Tangaranho!!!

Minhas caras amigas e meus caros amigos. Dezembro e Janeiro vam ser messes de muita ocupaçom para mim, mas penso fechar o mês de Janeiro com um interessante e divertido evento. Organizarei um recital poético para o dia 29 de Janeiro. O local está pedido já, e se nom surge qualquer problema este recital se vai celebrar no Centro Social A Treu, da Corunha. Quem vai recitar? Pois a ver se fecho cartaz assinha; por enquanto confirmados estamos o Miguel Vento, Alízia Fernández, e eu. Duvidosos estám Alberte Momán e Ângelo Pineda. Vai ser umha alegria ver de novo a Alízia, ao Miguel e ao Alberte, se finalmente pode vir. Este evento será ensaio geral de algo mais ambicioso, que montaremos aproximadamente quando levemos um ano de actividade.

Para nom gafar o processo, apenas direi que estou pendente de aderir ao cartaz do recital algum nome importante. Mas ante tudo espero que isto se convirta no que em realidade se tem que converter; numha impressionante festa, numha reuniom de amigos. Espero sinceramente ver-vos aí. Já vos irei adiantando cousas...

terça-feira, dezembro 07, 2004

A poesia galega volta ao Tangaranho

De Pilar Pallarés, muito e bom poderia postar. Mas vou postar este poema breve. Ela é outra das vozes poéticas galegas que muit@s deveriam esforçar-se em descobrir. Para quem estiver interessad@ em poesia galega, recomendaria a Biblioteca Virtual Galega. Alí poderedes atopar material desta e de outros e outras autores/as galeg@s. O inverno galego, e mais as tardes de Dezembro, com um manto de chúvia e névoa a vestir a terra, convidam a fazer estes poemas, claro que esses elementos tenme que agir em combinaçom com umhas qualidades e umha predisposiçom por parte da pessoa potencialnmente autora. Falar da morte com a elegancia de Pilar Pallarés nom está ao alcance de qualquer.

Às veces fica só unha estátua quebrada
Na que o tempo acumula rosas de humidade
E unha flora imprecisa de estacións nevoentas

Non tentar recompor a liña do sorriso
Non lle buscar nos hombros un calor que fuxiu

Deixar que a noite cegue a sua fronte branca
Tan tersa na vellez, tan preservada ainda

Que as larvas e as formigas devoren os seus ollos
E o que onte viveu, caia en olvido.

segunda-feira, dezembro 06, 2004

O tempo, o espaço, a ausência...

Amanhá volta a poesia. Entretanto, estou a receber noticias dispares dos amigos. Elvira vai dar-lhe um cámbio radical à sua vida. Karla acabou o curso universitário. As duas tenhem em comum que à partir de agora vam ver transformado o seu mundo. Miles de pequenas cousas que desaparecem. Miles de pequenas cousas que, entroques, aparecem. Enfiam o caminho ao futuro. E a um amigo, o quê lhe fica, quando vê partir a umha pessoa que estima cara umha nova etapa? Pois tratar de nom desaparecer de tudo. Dar sinais como um farol numha costa acidentada a um barco que navega ripando o bravo lombo das ondas. Permanecer como referente desse verdadeiro fogar, que é a amizade. É duro, às vezes. Mas é um dever. No caso de Karla, nom poido mais que sentir alegria. No caso de Elvira, nom me cabe mais que a esperança de que este caminho tortuoso que é a vida, um dia dea umha viragem favorável. Tristeza, melhor nom invocá-la, que se a invocamos aparece. Vértigo, sim. Em chave futurista, diria que umha maneira de descrever essa falácia chamada destino seria a de um acelerador de partículas manejado por um macaco. De quando em vez o macaco dá-lhe à palanca e o acelerador o tele-transporta a um a nom se sabe quê ponto do espaço e do tempo. O tempo. Quê brincadeira pesada. A nossa prisom. É o verdadeiro espaço. Brasil é aquí e agora, neste mundo da internet, se queremos. De todos os jeitos, estamos feitos de matéria. As ausências doem, ainda que saibas que com a tecnologia, essas ausências, som menos. Tocar e sentir o alento e a voz dessa pessoa que já nom está...se nom é possível...amanhá volta a poesia...parabens a Karla e o meu abraço amigo como dique de emergência sempre para Elvira.

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Os sons da minha geraçom

Prometo que com este post fecho – por um tempo – o apartado dedicado à nostalgia da música que soava na minha cadeia de som até há relativamente pouco tempo. Os meus hábitos e circunstáncias vitais forom mudando, mas nom apenas eu; também o mundo que me arrodeia, lugares que desaparecem, lugares que aparecem, pessoas que aparecem e que desaparecem, e que re-aparecem com esquemas mentais cambiados...mas eu nom arrenego de nada, nem me arrepinto de nada. Isto fai parte já da minha bagagem pessoal. Lembro que houvo umha época em que eu nom pisava umha loja de discos nem tolo. Nom era que eu nom escuitara música comercial, música que circulava no mercado convencional. Lembro que eu e o meu irmao pirateávamos em k-7’s bandas como Pantera, Sepultura, Napalm Death, Gorefest, Rage Against The Machine, AC/DC, Iron Maiden, Hellowen, Motorhead, Manowar, Anthrax, Slayer...ou outras bandas que respiravam mais com o movimento hardcore como Gorilla Biscuits, Reagan Youth, Disaffect, Minor Threat, Fugazi, Bad Religion, Agnostic Front...mas o nosso oxigénio vital, ideológico, o nosso padrom de atitude, vinha servido em pequenas e clandestinas dosses a travês dos fanzines, vinilos de 45 r.p.m. e demos de ao melhor quatro ou cinco temas. Era um “mercado alternativo”, com todo o contraditório do conceito, mas com todas as conseqüências, por que nem com ser mercado deixava de ser alternativo nem viceversa, onde um podia atopar vias para a circulaçom de ideas que rara vez teriam cabimento em espaços convencionais. Consignas políticas ou simplesmente maneiras de entender a vida. Como o nosso conhecimento de outras línguas além do galego-português e o espanhol era precário, a nom ser que fóssemos músicos e tivéssemos especial interesse em render culto ao virtuosismo, o ritmo de assimilaçom de novas ideias, no musical e noutros planos, marcava-o a extensa cena de bandas da península, com bandas que cantavam em português, em euskera, em catalá, em espanhol...por isso determinadas bandas forom importantes para nós, polo seu nível musical ou simplesmente pola sua atitude. Havia muitas bandas, eu poderia citar, de nome, a muitíssimas; mais de cem quase com segurança. Muitas delas eu conheço-as de ver-lhes entrevistas em vários fanzines e de ter temas incluídos em várias demos compilatórias, sem ao melhor vê-las em directo nem umha soa vez, nem ter nada da sua discografia. Se volto sobre este tema é porque aí atrás venho de receber umha mensagem do Mínus-Bálido com umha crónica sobre o movimento autónomo em Ourense nos anos noventa; muito interessante, contando as peripécias da época na que se ocupou o Fogar Infantil e na que existia um amplo grupo de moços e moças que agiam, baixo as “siglas” do Komando Estrela Galiza, como grande núcleo dinamizador sócio-político-cultural da Cidade das Burgas. Quando vim aquilo, incitou-me a lhe pôr cerne ao assunto oferecendo extractos daquele mundo tam diverso. Saudaçons para o Mínus-Bálido e para toda aquela gente que um dia agitou Ourense numha experiência efémera, mas que deixará herdo, com absoluta segurança. O que vem a continuaçom é umha pequena mostra do que deziam aquelas bandas nas suas letras. Um bocado do miolo daquele espírito.

“Por qué te comportas de esa forma tan extraña, oponiendo lo que piensas a tu forma de actuar? Porqué sigues fingiendo por temor a ser distint@? Tus ideas ya no valen en tu mundo artificial. Dime por qué eres tan fácil- de manejar! Por quéles permites que roben – tu libertad! Sólo tú puedes guiarte-quién si no tú! Sólo tú debes guiarte- quién si no tú!”

(Strangis Guajes)

“Erase unha vez/ unha pequena aldea/ en forma de laranxa azul/erase unha vez/ unha pequena aldea/ en forma de laranxa azul/ pero a laranxa estaba dividida/ por moreas de raias inexistentes/muros feitos para separar/ ós habitantes da pequena aldea / fronteiras / mentiras / muros cos que separar / muros cos que dominar.”

(Fame Neghra)

“O homem capitalista nasceu, e logo o homem pobre sofreu, vítima da exploraçäo, e assim o capitalismo cresceu. Como o pobre sofreu, como o ambiente sofreu, sofremos tu e eu. O capitalista tudo comeu”

(Alcoore)

“En América amanece hoy/ un brillante y rojo sol/ del monte baja la libertad/ la guerrilla ha triunfado ya”

(Intolerance)

“Un cerdo, no tiene otro nombre más que un cerdo / el que en la oficina te sonríe y te toca el culo/ el que duerme contigo y todos los dias te tortura/ no tiene otro nombre más que un cerdo”

(MOL)

“Rebuig! Bruticia! Porqueries que malmeten les façanes. Riquesa urbana cultura incompresa. Rebuig! Bruticia! Cultura incompresa per un grup d’apoderats. El terreny urbá és ple d’art i sentiment crema els ulls burguesos il.lumina les neurones juvenils. Color! Optimisme!”

(Batzak)

“Vendo de lonxe o que quixo ser / cuspe o pasado, non mira atrás / é traballo duro o ter que aturar / a frustración de non poder chegar./
Canso de normas feitas sen sentido / afoga en cervexa o seu medo a berrar / non cré en nada que o poida levar / a un mundo feliz a cambio de calar”

(Zënzar)