Prometo que com este post fecho – por um tempo – o apartado dedicado à nostalgia da música que soava na minha cadeia de som até há relativamente pouco tempo. Os meus hábitos e circunstáncias vitais forom mudando, mas nom apenas eu; também o mundo que me arrodeia, lugares que desaparecem, lugares que aparecem, pessoas que aparecem e que desaparecem, e que re-aparecem com esquemas mentais cambiados...mas eu nom arrenego de nada, nem me arrepinto de nada. Isto fai parte já da minha bagagem pessoal. Lembro que houvo umha época em que eu nom pisava umha loja de discos nem tolo. Nom era que eu nom escuitara música comercial, música que circulava no mercado convencional. Lembro que eu e o meu irmao pirateávamos em k-7’s bandas como Pantera, Sepultura, Napalm Death, Gorefest, Rage Against The Machine, AC/DC, Iron Maiden, Hellowen, Motorhead, Manowar, Anthrax, Slayer...ou outras bandas que respiravam mais com o movimento hardcore como Gorilla Biscuits, Reagan Youth, Disaffect, Minor Threat, Fugazi, Bad Religion, Agnostic Front...mas o nosso oxigénio vital, ideológico, o nosso padrom de atitude, vinha servido em pequenas e clandestinas dosses a travês dos fanzines, vinilos de 45 r.p.m. e demos de ao melhor quatro ou cinco temas. Era um “mercado alternativo”, com todo o contraditório do conceito, mas com todas as conseqüências, por que nem com ser mercado deixava de ser alternativo nem viceversa, onde um podia atopar vias para a circulaçom de ideas que rara vez teriam cabimento em espaços convencionais. Consignas políticas ou simplesmente maneiras de entender a vida. Como o nosso conhecimento de outras línguas além do galego-português e o espanhol era precário, a nom ser que fóssemos músicos e tivéssemos especial interesse em render culto ao virtuosismo, o ritmo de assimilaçom de novas ideias, no musical e noutros planos, marcava-o a extensa cena de bandas da península, com bandas que cantavam em português, em euskera, em catalá, em espanhol...por isso determinadas bandas forom importantes para nós, polo seu nível musical ou simplesmente pola sua atitude. Havia muitas bandas, eu poderia citar, de nome, a muitíssimas; mais de cem quase com segurança. Muitas delas eu conheço-as de ver-lhes entrevistas em vários fanzines e de ter temas incluídos em várias demos compilatórias, sem ao melhor vê-las em directo nem umha soa vez, nem ter nada da sua discografia. Se volto sobre este tema é porque aí atrás venho de receber umha mensagem do Mínus-Bálido com umha crónica sobre o movimento autónomo em Ourense nos anos noventa; muito interessante, contando as peripécias da época na que se ocupou o Fogar Infantil e na que existia um amplo grupo de moços e moças que agiam, baixo as “siglas” do Komando Estrela Galiza, como grande núcleo dinamizador sócio-político-cultural da Cidade das Burgas. Quando vim aquilo, incitou-me a lhe pôr cerne ao assunto oferecendo extractos daquele mundo tam diverso. Saudaçons para o Mínus-Bálido e para toda aquela gente que um dia agitou Ourense numha experiência efémera, mas que deixará herdo, com absoluta segurança. O que vem a continuaçom é umha pequena mostra do que deziam aquelas bandas nas suas letras. Um bocado do miolo daquele espírito.
“Por qué te comportas de esa forma tan extraña, oponiendo lo que piensas a tu forma de actuar? Porqué sigues fingiendo por temor a ser distint@? Tus ideas ya no valen en tu mundo artificial. Dime por qué eres tan fácil- de manejar! Por quéles permites que roben – tu libertad! Sólo tú puedes guiarte-quién si no tú! Sólo tú debes guiarte- quién si no tú!”
(Strangis Guajes)
“Erase unha vez/ unha pequena aldea/ en forma de laranxa azul/erase unha vez/ unha pequena aldea/ en forma de laranxa azul/ pero a laranxa estaba dividida/ por moreas de raias inexistentes/muros feitos para separar/ ós habitantes da pequena aldea / fronteiras / mentiras / muros cos que separar / muros cos que dominar.”
(Fame Neghra)
“O homem capitalista nasceu, e logo o homem pobre sofreu, vítima da exploraçäo, e assim o capitalismo cresceu. Como o pobre sofreu, como o ambiente sofreu, sofremos tu e eu. O capitalista tudo comeu”
(Alcoore)
“En América amanece hoy/ un brillante y rojo sol/ del monte baja la libertad/ la guerrilla ha triunfado ya”
(Intolerance)
“Un cerdo, no tiene otro nombre más que un cerdo / el que en la oficina te sonríe y te toca el culo/ el que duerme contigo y todos los dias te tortura/ no tiene otro nombre más que un cerdo”
(MOL)
“Rebuig! Bruticia! Porqueries que malmeten les façanes. Riquesa urbana cultura incompresa. Rebuig! Bruticia! Cultura incompresa per un grup d’apoderats. El terreny urbá és ple d’art i sentiment crema els ulls burguesos il.lumina les neurones juvenils. Color! Optimisme!”
(Batzak)
“Vendo de lonxe o que quixo ser / cuspe o pasado, non mira atrás / é traballo duro o ter que aturar / a frustración de non poder chegar./
Canso de normas feitas sen sentido / afoga en cervexa o seu medo a berrar / non cré en nada que o poida levar / a un mundo feliz a cambio de calar”
(Zënzar)