quarta-feira, setembro 29, 2004

A poesia de Cruz Martínez



Hoje deixo-vos com a poesia da viguesa Cruz Martínez. Desfrutade da provocaçom e a beleza das suas palavras. Conhecim-na em Combarro e gostei imenso da pequena mostra do seu trabalho que nos presenteou naquela esplendorosa tarde de Setembro.


ESVÁRANSE LETANÍAS, nos recunchos dun alma feble
Cínguese o crepúsculo no peito
Firen as xeladas apertas
Das terribles ausencias

Síntese a certeza dun caos que regresa
Onda ti, na media noite
E sabes
Que as lembranzas percorren os soños
Cando dormes
E fan da morte un acto certo

Quixeras ter alzheimer
Pasear polos corredores da ignorancia

Lástima, non ter algunha maña
E cambear o texto deste guión dramático
Do mesmo xeito que cambeas as bragas

Lástima non ser personaxe
Dun filme de Almodóvar
Onde o drama é consecuencia, visión
Dunha pantalla
Lástima

terça-feira, setembro 28, 2004

Poema anti-fascista

Este é um poema que estreei em Ferrol. É um poema dedicado a um monumento de triste recordo para a nossa gente, que presidia a praça mais céntrica da minha cidade natal até há bem pouco. Afortunadamente, já nom está aí. Quero dedicar este poema à gente que luitou contra o fascismo na Guerra Civil.






O perfume da pólvora nas tuas botas,
O sangue calhado,
A infámia que dá resplandor às medalhas sobre o teu peito,
A atmosfera gelada ao teu passo

A atronadora charanga militar
O teu séquito de bispos e tricórnios
Cruzes e fuzís
Cançons de amor para a morte
Portada sinistra de umha carniçaria
Presidida por corvos

Raposos descidos das cavernas uivando cânticos a um Deus imperialista
Tendido de sol
Mantilhas...

O banquete macabro de umha decrépita vitória bélica
Aquele dia em que se desligou a luz...

Anano com voz de galinha
Símio com uniforme
A tua lembrança

Polui ainda estas ruas.

Aí ficas, cabrom, a cavalgar face o horizonte
Desafiando o julgamento da História
À espera de que um graffitti justiceiro
Decore a tua marcial atitude


segunda-feira, setembro 27, 2004

Ferrol

Já voltei de Ferrol. Alí estivemos a recitar o Sábado, em Sam Joam de Filgueira, perante um auditório que ultrapassava os sessenta anos de média. Mas encantad@s, isso sim, do trato recebido a todos os níveis. Sinto nom ter ficado a ver a coral que actuou depois do recital que tivem o honor de partilhar com Alberte Momán, Elvira Riveiro e Oscar Antón Garcia, mas eu tenho certa alergia a esse género musical. O resto dos meus companheiros de palestra sim ficarom ao concerto e depois ao “terceiro tempo” do evento, leia-se petiscos. Eu como nom sento devoçom polas corais, como acabo de dizer, e aliás os meus acompanhantes (O meu primo e mais o Pepe Cunha) convergiam comigo no anseio de passar por Artábria, que anda nestes dias a celebrar o seu sexto aniversário, marchei e depois ainda puidem desfrutar de umha divertida conversa com o Miguel Vento (o incombustível Miguel Vento) e os companheiros de cartaz que também lhe fixerom a sua visita de rigor às ártabras hostes.

O Domingo, tocou manifestaçom contra o feche da factoria de IZAR-Fene. 40.000 pessoas, e umha boa parte delas nada dispostas a converter aquilo numha procisom. Houvo consignas que faziam referência clara a que algumhas presenças lá nom eram oportunas. Algum provou o champú de ovo. Ainda bem. Para fazer o que alguns pretendem fazer, nom fam falta manifestaçons. Se queremos um acto vitimista e inóquo, sem qualquer rastro de combatividade, pois fazemos umha procisom com o alcaide, o crego e o sargento da guardia civil à cabeça, sacamos a passear à virgem de turno, e depois a casinha todos, a rezar e resignar-se com o que venha. É absurdo fazer umha manifestaçom polo futuro do sector naval e nom assinalar as responsabilidades políticas que houver. Nada pintavam nessa manifestaçom elementos como Juan Juncal, Juan Fernández ou Xesús Palmou. Esses, que desfagam o entorto que provocarom. Nom sei quem lhe atirou os ovos a Juan Fernández, mas eu aplaudo-lhe.

Amanhá colarei algum poema por aquí.

quinta-feira, setembro 23, 2004

Reclamando a fantasia com Estíbaliz Espinosa

Chega aí a fim de semana, tudo o que eu faga amanhá irá encaminhado a preparar umha fim de semana intensa, que transcorrerá em Ferrol; o Sábado, recital com Elvira, Alberte e Maria José (dá gosto fazer estas cousas quando é com gente que paga a pena) e visita à gente de Artábria, que anda a celebrar neste mês o seu sexto aniversário (...e que dure!!!). O Domingo às doze da manhá...manife em defesa do sector naval. Contra umha nova reconversom selvagem, contra a destrucçom da nossa comarca. Pola dignidade do nosso povo. Sim, há que ir a Ferrol, falar de Ferrol, nom esquecer-se de Ferrol. Alguns, quando escuitam falar de Ferrol, assóciam-no injustamente ao recordo do “Caudillo de las Españas”, aos militares...eu escuito falar de Ferrol, e o que me vem à memória é a luita operária; as luitas dos anos setenta, as de finais dos oitenta...e inclusso episódios importantes da luita contra o franquismo. Temos que parar a injustiça, o Domingo o coraçom de tod@s nós deve estar em Ferrol. Tod@s @s galeg@s devem ser de Ferrol. Os únicos que alí vam sobrar, desgraçadamente, som os que vam encabeçar a manifestaçom; o alcaide e os seus concelheiros, e em geral os representantes do PSOE e do PP.

Nom tudo e de cor cinzenta, a pesar dos tragos amargos da vida, e depois de um verao intenso em actividade musical (...a música em directo...quê eu faria sem ela?) ainda fica o último evento do ano que nos vai deparar concertos de massas ao ar livre e gratuítos. Falo das festas de Sam Froilám, onde vam actuar entre outros Nass Marrakesch e Carlinhos Brown. Nom penso perder nengum dos dous concertos. Depois, os concertos vam ser todos de pagar e sofrer aglomeraçons em locais que muitas vezes nem reunem as condiçons para dar cabimento a este tipo de actividades. Haverá que estar pendentes de datas definitivas, mas polo que por enquanto sei, o 11 de Outubro será a data em que o Carlinhos toque em Lugo. Nom sei quando lhe vai tocar a Nass Marrakesch. Esta banda de raí influenciada polos ritmos de trance da tradiçom sufí e a música da étnia gnawa, à que pertencem a maioria dos membros do grupo, é sumamente interessante. Os gnawas som um povo do golfo da Guiné, mas existe umha comunidade importante de gnawas em Marrakesch, descendentes dos muitos gnawas que foram durante muitos séculos afastados da sua terra e conduzidos cara várias zonas do Norte de África para trabalharem como escravos. Nass Marrakesch cantam tanto em árabe como na sua língua; um gnawa arcaizado, o gnawa que falam os gnawas de Marrakesch. Aliás dessa base mestiza com componhente árabe-bereber-gnawa, também se deixam transluzir algumhas raiolas de reagge. Vou-vos deixar com umha poeta optimista, porque a pesar das expectativas de troula, tivem umha entrée um bocado dramática. Umha poeta que reclama a fantasia. Nom nos vem mal. E por certo, insistir, para quem lhe interessar, que o recital do Sábado será no local social de Sam Joam de Filgueira às sete da tarde. Digo-o, sobre tudo pensando que se calhar há alguém de Ferrol que me lê. Às nove, em Artábria, concerto de Maria Manuela.


Reclamo a fantasia pró meu pobo.
Ese beizo descomunal a parir imaxinaturas
Un reino onde adoita dar a luz
O azar
Preñado de soños
O azar.

Poderán vir os grandes incendios o que nada perdura
Poderán rebater definitivamente que eu porte no
ADN
O inaudito xen do alicornio
Negar as mandarinas que prometes
Que vivamos a lombos
Dunha esfera ilimitada.


Dicirque non existe
É fácil
Pois non se ve.

Seica eu reclame a fantasia pró meu pobo
E que habitemos o incendio
Reclame
Todo o visible e o invisible
O que trenza cordais
A pendurar dende os altos paradisos,
A fantasia pró meu pobo.

Entre as patacas e a seitura.
No país do vento.
Vivir cos ollos da vaca sacrificada
Metidos na inocencia.
Sen cotas para as nosas lácteas imaxinacións.

Reclamo a fantasía pró meu pobo.

Enrugada por dentro coma unha alfombra
Que quixer voar.
Reclamo a fantasía pró meu pobo.

Afeitos en todo a ser
Como animais de costumes submariños
Fosforescentes
Por non ter máis remedio
Pobo salgado e recaído unha e mil veces no mar

¿Como non callado
En fantasías verdes
En argazos fantásticos
En osamentas de besta
Transoceánica,


Como non inchado en beizos
Reclamando a fantasía como unha turba
Que pede pan?

quarta-feira, setembro 22, 2004

Em lembrança de Luísa Villalta e Xela Arias

Estas som as palavras que deixei no poema colectivo em homenagem a Xela e a Luísa. Desaparecerom do mundo físico, mas sempre nos atoparemos na travesia do verbo.




Na distáncia, entre a chúvia
O eco da tua imagem
A dor subindo polas paredes
A lembrança espreitando polas janelas
Ondas do mar, lamento.

terça-feira, setembro 21, 2004

O magnetismo de Amado Carballo

Na Feira do Livro Antigo da Corunha, comprei a obra completa de Luís Amado Carballo, editada por Galaxia. Este autor sempre exerceu certo magnetismo sobre mim. Nom sei se será pola tragédia que envolveu a sua existência. Ou simplesmente porque, de por si, é um poeta extremadamente singular. Deixo-vos com os versos de Amado Carballo, e vós julgaredes, vós opinaredes...quê tem Amado Carballo? Porque, sem dúvida, algumha cousa há que engancha...



A CARÓN DO ATLÁNTICO

Hai lóstregos de espranza
Na lonxitú do mar
E comenza a alborada
Nun céltico cantar.

A belida GALICIA
Durmida nas súas mágoas
Pon un ronsel de prata
Na inquedanza das augas.

Na súa misa lírica
Leva o Santo Graal
E comulga con o sol
No templo de aserán.

Os seus ollos chorosos
Contemplan o camiño
Que trazan as estrelas
En branco remuiño.

E a nosa santa TERRA
Magoada de penares
Escoita a canción brava
Que balbordan os mares.

Soñando no futuro
Esquecendo o presente.
Leva no seu ollar
a lumeira do abrente.

Os roxos aturuxos
Acenderon no lonxe,
Lumeiradas de sangue
Nos cabezos dos montes.

Camiña de vagar
Unha estrela viaxeira
E na conca da ria
Bebe o sangue da TERRA.
O mar salaia néboa
Que vén chamar ás portas
E para a nosa patria
De amor pide unha esmola.

Caeron as suas verbas
Nas nosas mans abuadas
Co exilio melancólico
Das nosas esfolladas.

Nevou a nosa alma
Seu ollar bizantino
E a súa roiba voz
Tornáranos meniños.

E pola corredoira,
Ian entre as silveiras
As escumas de lúa
Como tépedas breixas.

Hai lóstregos de espranza
Na lonxitú do mar
E comenza a alborada
Nun céltico cantar.


segunda-feira, setembro 20, 2004

De volta de Combarro

Já estamos de volta da aventura em Combarro. Quê alegria ver de novo a Elvira, a quem voltarei ver o Sábado em Ferrol. Quê delícia desfrutar de Combarro, esse lugar tam idílico. Quê prazer poder escuitar e conhecer a Claudia Castro e a Nana Coromoto, e quê alegria comprovar que o anseio era compartilhado. Quê magnífica experiência, ter a oportunidade de conhecer a tanta gente que fai cousas interessantes. Maravilhoso falar por fim em pessoa com Alberte. Maravilhoso também poder coincidir de novo com Brais. Lástima pola ausência de Iago Castro. E a de Alízia. E a dos presos, que esses, como bem apontava o Fernando Rodríguez Gómez, faltam sempre. Os políticos e os sociais. Todos. Todos refens deste maldito estado.Nom estamos todas nem todos; faltam as pessoas presas. Faltarom em Combarro, mas estiverom sinceramente no meu coraçom, polo menos. Nom puidem acessar, nom sei porquê, à página de Nana Coromoto. Sim que puidem fazê-lo à de Diego. Há um bocado de tudo; desde poemas até artigos de temática política ou filosófica. Também recomendaria a web de umha revista na que colabora outro dos meus descobrimentos nessa expediçom do Domingo à tarde ao Sul do país, Cruz Martínez; a publicaçom Formas Difusas. Nom deixedes de passar polo blog de Turzi. E visitade mais o blog de Aitor, que quer provar o seu contador.

sábado, setembro 18, 2004

Inverno Vermelho

Este post é umha homenagem a um projecto musical que se converteu em bandeira de rebeldia para a juventude basca - e nom só- lá pola década de noventa. Negu Gorriak (Inverno Vermelho) tinha letras tam eloqüentes como esta. Eu tivem o bom critério de comprar o LP "Ideia Zabaldu" ("Espalhade a ideia") a travês de umha distribuidora alternativa que havia por aqueles anos na Galiza, chamada Trevoada. Por isso o disco me chegou com umha folha anexa, editada polo Colectivo Meendinho, que traia as letras em galego. Quem comprara o disco em grandes superfícies, nom tem essa folha. Puidem portanto desfrutar da contundência e versatilidade da sua música, onde cabia hip-hop, reagge, salsa e até hardcore, e aliás das suas excelentes letras, que tenhem umha força poética, que desgraçadamente desconhecem muitos dos seguidores galegos desta banda, apenas preocupados com a parte superficial de todo isto. Suponho que a muit@s visitantes galeg@s deste blog, isto vos vai trazer recordos.

HITZ EGIN!

Bai, nik ere errezitatzen nuen Bertolt Brecht
Bidegaberkeria salatzen nuen ozen
Dudarik ez, hitz jarioak zirikatzen zituen
Eta mingaina tutorretik ebaki zidaten
Eskuak libre hasi ziren idazten
Kitarra, lagun errebeldea jotzen
Eta berriz nire bila etorri ziren
Besorik gabe, ezgauzatu ninduten

Hitz egin! Adierazpen askatasunarengatik. Hitz egin!

Laster aldiz, behatzekin moldatu nintzen
Alferrik, hankondoak alulkian nituen
Baina begiradak salatzen omen
Begiak beleek xehatu zizkidaten
Nire izate hutsak zituen ikaratzen
Tiro-hotsa, belarriek ozta-ozta aditu zuten
Norbaitek ahotsa altxatuko al luke?
Ordurako ordea den-denak mutu genituen

Hitz egin! Adierazpen askatasunarengatik. Hitz egin!

FALA

Sim, eu também recitava Bertolt Brecht. Denunciava a injustiça em voz alta. Sem lugar a dúvidas a minha retórica incomodava-os e decidirom cortar-me a língua de raíz.

As maos começarom a escrever livremente, tocando guitarra, amiga rebelde. E vinherom outra vez na minha procura, sem braços. Deixarom-me inválido. No entanto, logo comecei a arranjar-me com os dedos dos pés. Em vao, os tocos das pernas descansam na cadeira de rodas. Mas a olhada devia-os seguir denunciando, por que os corvos me arrancárom os olhos. Só a minha presença devia-os aterrorizar. Os meus ouvidos escuitárom justo o som do disparo. Levantaria alguém a voz? Para entom, polo contrário, todos eram mudos.
Fala! Pola liberdade de expressom.

Posicionamento de NÓS-UP acerca da "oficialidade" do galego na Europa

NÓS-Unidade Popular ante a proposta do Governo espanhol para a oficializaçom do galego por parte da Uniom Europeia

Ante a proposta do Governo espanhol para a oficializaçom parcial do galego nas instituiçons da Uniom Europeia, NÓS-Unidade Popular quer apresentar ante a sociedade galega as seguintes consideraçons:

1.- A esquerda independentista galega defende o pleno reconhecimento jurídico para todas as línguas hoje relegadas primeiramente no território próprio e, a seguir, em organismos supranacionais, no nosso caso, do continente europeu.

2.- A nossa língua é já oficial na Uniom Europeia e noutros organismos internacionais sob a denominaçom de “português”. Deputados galegos de Coalición Galega e do Bloque Nacionalista Galego tenhem já aproveitado essa oficializaçom para fazerem uso do galego no Parlamento europeu, demonstrando que a unidade lingüística galego-portuguesa significa nom só o reconhecimento da identidade entre as variedades lingüísticas faladas a Norte e Sul do rio Minho, mas sobretodo as potencialidades que esse reconhecimento abre ao presente e futuro da nossa ameaçada comunidade lingüística.

3.- Resulta um despropósito incorporarmos o galego ao grupo de línguas minoritárias e ainda carentes de qualquer reconhecimento na Uniom Europeia, quando já pertencemos a um dos espaços lingüísticos que contam com um grau de oficializaçom correspondente às línguas estatais.

4.- Som precisamente as favoráveis circunstáncias que se abrem ao galego, juntamente com a errática estratégia das organizaçons representativas do nacionalismo galego maioritário, que fam com que o Estado espanhol pretenda relegar-nos a um estatuto minoritário e subsidiário da língua oficial em Espanha, vendendo-nos essa pretensom como grande avanço para os nossos direitos lingüísticos. Ao mesmo tempo que aprofunda o isolamento da variante galega a respeito da portuguesa, a iniciativa do PSOE apresenta-se-nos como “normalizadora”, tentando ao mesmo tempo vender-nos as “bondades” da Constituiçom europeia em vésperas do próximo referendo.

5.- Perante esta situaçom, e com o intuito de combater qualquer confusionismo no seio do movimento normalizador galego, NÓS-Unidade Popular reclama, sim, a oficializaçom do galego na Uniom Europeia, mas pola via mais favorável para os interesses da comunidade lingüística galega: a do reconhecimento da Galiza como território europeu de fala galego-portuguesa, integrante do espaço lingüístico lusófono.

6.- Frente ao divisionismo lingüícida promovido mais umha vez polas instituiçons espanholas contra a Galiza, que também ensaia novamente nos Países Cataláns, a esquerda independentista galega reivindica a unidade lingüística como valor irrenunciável no caminho da plena recuperaçom dos nossos direitos lingüísticos numha Galiza com o galego-português como única língua oficial. Dizemos sim à oficializaçom do galego, mas através do reconhecimento da sua identidade com a variante portuguesa, já oficializada na Uniom Europeia e noutros muitos organismos internacionais.

7.- Ao mesmo tempo, e sabendo que a Uniom Europeia tal e como é concebida na Constituiçom que querem impor-nos os grandes estados evitará qualquer concessom aos direitos lingüísticos e nacionais das naçons sem Estado como a Galiza, aproveitamos para reafirmar o nosso rechaço frontal ao actual modelo do que eufemisticamente chamam “construçom europeia”. Frente a ela, defendemos umha outra Europa, a Europa dos povos, os trabalhadores e as mulheres. Votar NOM no próximo referendo será também defender os direitos lingüísticos dos povos sem reconhecimento na Europa do Capital.

8.- Finalmente, NÓS-Unidade Popular chama as organizaçons defensoras da nossa língua a se posicionarem ante este novo ataque contra a unidade da língua galego-portuguesa. É a altura de que quem di defender na teoria essa unidade, chegando a proclamá-la nos seus programas eleitorais, rejeite esta tentativa com que o Estado espanhol pretende aprofundar a divisom, condenando-nos ao beco sem saída do isolacionismo. É a altura de passar das palavras aos factos num assunto de importáncia estratégica para o nosso debilitado movimento normalizador.

Permanente Nacional de NÓS-Unidade Popular
Galiza, 16 de Setembro de 2004

quinta-feira, setembro 16, 2004

Blogomundo brasileiro

O blogomundo brasileiro foi para mim todo um descobrimento. Comecei há um par de messes a visitar o blog da Loba e, desde aí, tivem o prazer de conhecer alguns outros blogs interessantes polos seus conteúdos. Rosa dos Ventos, Contos e desencontros, Retalhos e pensamentos, Encantos e expressäo, o próprio da Loba, o da Debinha, o da Sônia, som pequenos mundos cheios de secretos, e às vezes de talento e de conhecimentos. Destacaria pola qualidade literária do que alí se pode ver, Retalhos e pensamentos, Contos e desencontros e Rosa dos Ventos. No caso de Contos e desencontros, um pode lêr os relatos do prolífico e original Antônio Oliveira. Histórias cheias de sensibilidade que falam com ironia e crueça das missérias humanas, com certa amargura do agir caprichoso do destino, e um longo etcétera de questons morais e espiritoais. Converteu-se no meu blog preferido, ainda que para mim isto nom quer dizer que outros blogs deixem de ser de visita obrigada para mim. O blog da Loba, por exemplo, contém as reflexions de umha mulher madura sobre os cámbios que se vam produzindo na sua própria vida, ou sobre o que acontece no seu país e no mundo. Ela já era umha namorada da Galiza graças ao Alberte, e desde que visita este blog, segue tudo o referente a Galiza que cá se escreva com especial atençom. As suas reflexions nunca deixam de têr um grande interesse polo seu estilo literário vivo e vehemente. Também às vezes nos presenteia um bocado da sua poesia, ou versos de outros autores. No Rosa dos Ventos, um pode atopar poesia de boa factura, com um grande domínio da linguagem poética. Em Retalhos e pensamentos o tom é muito mais ameno e pessoal, mais livre, ainda que se podem atopar poemas que paga a pena lêr.

Noutra chave nom tam estritamente literária, poderemos atopar os blogs de Debinha e de Karla. No primeiro caso, um atopará relatos e reflexions entorno a questons referentes ao amor e as relaçons humanas. No caso de Encantos, atoparemos fundamentalmente poemas, também com umha temática amorosa sempre.

Mençom à parte – em sentido positivo, entenda-se-me – mereceria o blog da Sônia, este cingindo-se à publicaçom de trabalhos e disertaçons acerca de um tema tam complicado e apaixonante como o da mente humana.

A razom deste post? Pois que toda esta gente está a tender pontes entre nós, os galegos e galegas, e esse mundo chamado Brasil, ao que eu acho que deveriamos conhecer mais. A maioria desta gente adicionou-me a mim entre os seus favoritos e, no caso da Loba, também adicionou a Alízia e a Alberte. Um saúdo fraternal para
tod@s eles e elas. Nalgum post futuro flarei mais polo miudo de algum destes blogs aquí citados, aliás de falar também de muitos outros que nom citei e que também mereceriam ser citados.

Boas notícias e mais um companheiro de combate

Hoje volta haver boas notícias. Já há umha cidade galega mais onde se pode estudar português, e apenas fica já Ferrol. Um às vezes se pergunta a si próprio se nom se estará a tornar paranóico, porque se é evidente que há demanda, o único motivo que pode haver para que custe tanto implantar o ensino do português na Escola Oficial de Idiomas de umha cidade galega som as pressons políticas. Que me chamem do que quixerem, porque eu nom lhe vejo outra explicaçom. O amigo Maurício Castro estivo a trabalhar durante dous anos como professor de português em Badajoz...e o paradoxo é que estivo alí porque nom encontrava trabalho aquí. Ser professor de português na Galiza nom lhe oferecia perspectivas laborais. Triste. Aínda que, felizmente, afinal logrou umha vaga na Galiza. O caso é que já se pode estudar português em Lugo. Aínda que nom vai ser o Maurício quem dea aulas lá.

Também estám de parabéns @s
companheir@s da AGAL, porque afinal o estado aceitou os seus estatutos. Vamos dando passos, neste difícil caminho.

E vou rematar este post cheio de boas notícias saudando a um novo companheiro no combate:

www.urcos.blogspot.com

Boa sorte, caro amigo.

terça-feira, setembro 14, 2004

Contra todo pronóstico, um poema de amor.

Já sabedes que nom me prodigo muito neste tipo de poemas. Mas este é dos poucos que tenho escrito e dos que fiquei minimamente satisfeito...




O PORTO DA TUA FACE

O porto da tua face à luz do gas é o melhor naufrágio para a minha sede.

Eu procuro paz em ti se os teus faros me abrem o cantil no que já quero ir morrer.

O frio da noite inunda-me e já nom posso…

Ao final da obscuridom, sei que estám os teus olhos
Mas a noite enveste e me afunde,
A noite enveste e me afunde,
Enveste e me afunde…
E me afunde…
E quero ganhar a costa, com tanta noite fria a abalar o meu pobre pailebote

E a tua face ao fundo, alá longe, tam confusa…

E eu navego e me debato a procurar um sinal…e nom sei se chega…

Promete-me que vai amanhecer…
E que daquela hei chegar…
Àquele porto anseiado.

Notícias de cá e de lá

Hoje, vai outra de conteúdo variado. Primeiro, umha notícia triste; o Engenheiro Eduardo Parajuá faleceu em Buenos Aires. Era um vulto dentro da vida sócio – cultural da diáspora galega na Argentina, também sócio da ADIGAL e descípulo do José Bieito Abraira, do que já coláramos umha ressenha biográfica aquí.

Depois, outra notícia, mas esta de signo totalmente contrário. Para mim, polo menos, é umha notícia goçosa como podiam ser poucas. A nossa
antaruxa voltou ganhar um prémio; esta vez o Ánxel Casal. Grandes cousas som as que vai fazer esta rapariga. Nom tardaremos em vê-la na cimeira da literatura galega.

Quixera também fazer-vos um par de recomendaçons. Que visitárades
Vieiros e que lérades os artigos de Maurício Castro e Xosé Antón Dobao. Falam de umha maneira bem clara sobre algumhas questons que, desventuradamente, neste país, nom todo o mundo parece têr demasiado claras.

E por último, obrigado às amigas e amigos do Brasil, porque mais do dez por cento das visitas que este blog recebe, som daquela beira do Atlántico. Amanhá falarei um bocadinho de blogs do Brasil

segunda-feira, setembro 13, 2004

O 19, em Combarro

Já fica menos para a ediçom deste ano de Poetas na Rua. Este Domingo já é. Vai ser maravilhoso poder encontrar-me de novo com Elvira. Tenho autêntica devoçom por esta mulher. Sempre activa, sempre detrás de iniciativas interessantes. Seria a minha ídolo, se nom for que já é a minha amiga. É umha autêntica heroina para mim. Ela já o sabe. Sempre terá um lugar de honor neste blog. Nom pode ser de outra maneira. Tenho que falar dela, porque ela é a artífice da ediçom deste ano. Umha ediçom que estava especialmente dedicada à lembrança de Xela Arias e de Luisa Villalta, mas vai andar fluctuando por aí, inevitávelmente, o recordo do irrepetível Manuel María. Será esta ediçom de Poetas na Rua umha ocasiom magnífica de conhecer o casco histórico da paróquia de Combarro e, para mim, também umha ocasiom de conhecer a Claudia Castro e a Nana Coromoto. Som duas poetas cuja obra me chama muito a atençom desde há tempo.

Dezia a Loba que ficava maravilhada de ver como eu queria aos meus e às minhas amigas. Claro. É o mais grande que tenho. Quê seria de mim sem eles e elas? Já vos tenho falado do importante que é para mim Elvira. Nom é a primeira vez que falo dela, nem será a última. Eu nom seria quem som sem ela.

Contava-me há uns dias a minha querida e admirada Elvira, que para ela o blog era umha janela desde a que lhes podia dar aos amigos e amigas o carinho que nom lhe saia de maneira expontánea no trato directo. Que era difícil para ela dizer um “quero-te”. A verdade é que nom lhe fai muita falta dizer com palavras o que demostra sobradamente com factos. Porquê nos temos sempre em conta para tudo? Porquê nos defendemos em público? Pois porque nos queremos. Pode parecer empalagoso que um se dedique a louvar aos amigos e amigas desde o seu blog, mas eu quando fago isto, fago-o desde a sinceridade. Como comentávamos nessa mesma conversa que mantivemos Elvira e mais eu, para quê vamos falar de poetas
d@s que nom gostamos? Outra cousa é criticar instituiçons ou determinado tipo de eventos, mas a um ou umha poeta que está ao teu mesmo nível, e que em princípio tem o teu mesmo direito a esbardalhar e a acreditar que o que fai val para algumha cousa? Com quê objecto?.

Tenho sobrados motivos para falar bem da Elvira, e nom será a derradeira vez que vos fale dela. Em todo caso, recomendar-vos que acudades a Poetas na Rua e que leades a Elvira, que visitedes o seu blog. Vemo-nos em Combarro.

domingo, setembro 12, 2004

Poema de Lara Araujo


Este poema encontrei-no numha antologia de poesia africana que comprei há anos. Dim-me conta de que lhe estou dando pouco cabimento às mulheres neste blog, e aliás tinha vontade de pôr algumha cousa desta autora cabo-verdiana. Desfrutade-o.




Meu fado está nesse pranto
Perdido, condenado
Que näo vem beijar
Nem flores lindas
Nem carícias puras
Que temperam o amor

Meu fado está nessa ansiedade
Nesse ciúme
Nesses braços
Que näo sustêm a tempestade.

Meu fado está nessa saudade
Nesse excesso de amor
Nessas lágrimas inúteis
Nessas palavras que ficaram por dizer.

sábado, setembro 11, 2004

Post sem título

Hoje nom ando como para pensamentos profundos... dizer que ando como menino com brinquedo novo com o contador que baixei e que o Alberte Momán me ajudou a instalar...fai-me ilusom ver como o contador medra, como vai dando dados de quem me visita, desde onde, como chega até a página...é umha cousa que sempre me subscitou curiosidade e agora tenho oportunidade de achar respostas a todas essas perguntas.

Estou a lidar com as sequelas de umha noite de troula e toca repôr forças para esta noite, assim que nom me extenderei muito com este post...sim que direi que me resultou emocionante escuitar a carrada de peripécias pessoais que me contarom em relaçom à feliz ideia que tivem de fazer-lhe a Manuel María a modestíssima homenagem que lhe tributei no meu blog...o que contam Alberte, Elvira e Alízia, pode servir como mostra. A todo o mundo na Galiza lhe trai algum tipo de recordo este poema musicado por Fuxan os Ventos. A mim também, claro. Mas a última peripécia passada com este poema foi o próprio post, e corro o risco de que nom me acreditedes, mas vou-no contar igual. Eu abrim o poemário Terra Chá, e dim de fozinhos com o poema. Abro, para postar algo do Manuel María ao açar, e nada mais abrir o livro...pumba!!! “O Carro”. E eu dixem...”Pois tem que ser este; nom se fale mais”.

Bom, pois agora marcho para a cama, nom sem antes anunciar-vos que justo umha semana depois do recital em Poio, estarei recitando na mesma paróquia onde fum baptizado...casualidades da vida...de todos os jeitos, nom é esta umha questom que tenha um significado especial para mim, como já suspeitaredes. O que sim tem certo morbo para mim, é o facto de voltar a uns cenários dos que estivem alonjado bastante tempo, mas que há muitos anos forom testemunha das minhas argalhadas de cativo. Sam Joam de Filgueira, as instalaçons abandonadas da RENFE, os caminhos e ruas desta paróquia ainda mais rural que outra cousa...aquilo para mim era um universo de liberdade onde dar rédea solta às minhas ocorrências...alí estarei o dia 25, com Alberte Momán e Elvira Riveiro. Também com Óscar Antón Pérez e María José Fernández. Precisamente outro aliciante especial para mim é o re-encontro com María José. Andivo algo fraquinha de forças ultimamente, por questons que espero que já vaiam sendo superadas, e agora por fim, depois de um tempo de relaçom epistolar e umha longa etapa de silêncio, vou-na conhecer em pessoa. A mim isto fai-me umha inorme ilusom.. Maria José, se lês isto um saúdo e miles de beijos. O recital vai ser no local social da paróquia de Sam Joam de Filgueira (Ferrol) o dia 25 de Setembro às 19 horas.

sexta-feira, setembro 10, 2004

Lembrança de Manuel María

Ao melhor até surpreendemos a alguém. Quiçá poucas pessoas associem estes versos ao grande patriarca das letras galegas Manuel Maria, falecido na cidade da Corunha na noite da Quarta –Feira. Quiçá sejam muitas mais as pessoas que associem estes versos a algumha velha fita dos inesquecíveis Fuxan os Ventos (aqueles heróicos anos setenta, nos que o meu pai tinha a casa feita um arsenal do PSG...) Pois valha este post como singela mas pedagógica homenagem a este genial poeta chairego, corunhês de adopçom e, ante tudo, pessoa profundamente comprometida com o país. Nom vamos dizer que a sua trajectória tenha sido impoluta, e de facto eu estou bastante longe de opinar isso, mas alguém que escreveu um poema como este, bem merece ser recordado neste blog. Já vos advirto, que mais de um e umha nom poderá evitar cantar nada mais começar a lêr.


O CARRO

Non canta na Chá ninguén.
Por eso o meu carro canta.
Canta o seu eixo tan ben
Que a señardade me espanta.

Non hai canto tan fermoso:
Fino como un asubío.
Anque é, ás vegadas, saudoso,
Faise, no ar rechouchío.

O meu carro é cerna dura:
Sábese carballo e freixo.
¡Que fermosura a sua feitura!
¡Que lixeireza a do eixo!

As cousas vanse aledando
Por onde o meu carro pasa.
¡Carrétame herba pró gando!
¡Traime a colleita para casa!

terça-feira, setembro 07, 2004

Centenário do nascimento de José Bieito Abraira

JOSÉ BIEITO ABRAIRA, UM BOM E GENEROSO

José Bieito Abraira nasceu em Meira, na província de Lugo, o 31 de Julho de 1904, ainda que nos papéis apareça nado o 1 de Agosto. Na sua vila natal fijo a escola completa. Seu pai era lavrador e a par desenvolvia-se como canteiro. Ele trabalhou algo neste ofício e, também em Meira, desempenhou-se depois num comércio de roupa para homens.

De 17 anos, decide percorrer o caminho fatal dos galegos. O 25 de Maio de 1922 parte para Buenos Aires, junto dum primo coirmão homónimo, José Abraira, e desembarcam o 14 de Junho. A pouco de chegado, emprega-se na loja de roupa de homens duns patrões betanceiros, chamadas Los Petizos. Trabalha as longas jornadas entom consumadas com zelo e eficácia, tanto que, quando os donos liquidam a loja, eles mesmos se encarregam de colocá-lo num comércio de chapéus, de propriedade duns catalães, chamado Tadeo. Ali Carlos Gardel compra os seus famosos Orion, de feltro rígido e borda revirada e simpatiza com ele. Nesse âmbito os seus patrões nom falavam outra língua que a sua própria, o que fai cismar na necessidade de defender a língua e o sentimento da pátria. Falando a língua galega recuperaremos a dignidade e a liberdade, romperemos o assovalhamento colonial de séculos do povo galego. Desses anos moços conservava a memória dum amigo, Ramom Rial Seixo, as actividades da revista Céltiga e as dos coros, que daquela cumpriam a funçom que hoje os conjuntos de música celta. No Ultreia, dirigido por Manuel Prieto Marcos, cantou e ali conheceu a que seria sua mulher. Ali cresce a sua paixom galeguista, ainda que nom foi membro da Sociedade Nacionalista Pondal. Conhecia e era amigo dos mais dos seus membros, mas o compromisso fai-se nele activo na época posterior, na guerra civil. Em 1930 casa com Mercedes. Na festa da boda, na casa da noiva, cantou Suárez Picalho e tocou o piano Eduardo Branco Amor. Na casa dos sogros viverá um tempo até que, em 1934, se estabelece na rua Federico Lacroze, nº 4086, no bairro da Chacarita, onde nascerám os filhos e terá tenda de roupa no ramo que melhor conhece. Por entom já participa activamente na vida da colectividade. No ‘36 nasce-lhe o seu filho Carlos, no ano seguinte o segundo -Demétrio-- e no ‘51 Maria do Carmo.

O centenário do nascimento de Rosalia, em 1936, nom se pudo comemorar polos acontecimentos da guerra civil, na pátria e na emigraçom. No mês de Julho de 1939 fijo-se em Buenos Aires ua semana de actos, brilhantes e dignos da cantora do Sar. Abraira foi o secretário da comissom organizadora. Nestes anos já é o nacionalista activo que deixou pegada em todos os que o conhecêrom.

Associado ao Centro Galego de Buenos Aires, participa na fundaçom da agrupaçom interna A Terra. Como secretário dela no ‘40 concorre a Montevideu para receber o Guieiro Castelão, quando este veu para a Argentina. Nos dez anos posteriores da vida de Castelão, Abraira foi um dos seus amigos mais fiéis. E nom duvidava ao afirmar que conhecer Castelão foi o acontecimento central na sua vida. Desde essa chegada até a morte da senhora Virgínia -viúva de Castelão-, Abraira e a sua mulher, junto de Manuel Puente, Rodolfo Prada, Perfeito López, Luís Seco e outros, tivérom sempre o cuidado do bem-estar do ilustre matrimónio. Mortos Puente e Prada, Abraira foi recolhendo com zelo quanta documentaçom do Guieiro topou com o intuito de restituí-la à Terra. O Museu de Ponte-Vedra dispom hoje dum importante fundo da obra de Castelão mercê da constância teimuda do nosso infatigável “Tavão”. Rematando este seu labor de verdadeiro testamenteiro, em Junho de 1984 acompanhou a repatriaçom dos restos do prócer. Viajou do seu pecúlio, enquanto os que em vida lha figeram impossível fôrom com passagem oficial pagada à conta do povo galego. Deu Abraira assim, mais ua vez, cumprimento à sua obriga de lealdade a Castelão e à Galiza.

Extenso e afervorado foi o seu labor patriótico do Tavão. Ao criar-se em 1941 as Irmandades Galegas, instrumento da política galeguista de Castelão, entom presidida por Antom Alonso Rios, Abraira é seu secretário e como tal organiza as de Mendoça, Rosário e Montevideu. Aqui vemos ua constante de toda a sua vida: nunca figura adiante, sempre trabalha num segundo plano como verdadeiro motor. Pudera pensar-se que por nom ter estudos superiores lho coutava, mas equivocaríamos a análise. Por um lado, era homem de muita leitura e grande conhecimento do mundo e da política, que frequentara pessoas do maior nível intelectual; por outro, palpitava nele a paixom da eficácia estratégica e ua entrega aos ideais que reflectia fielmente a que vira em Castelão, entrega que apurou de todo qualquer rasto da vaidade pessoal, que no fundo deveu de ter mas que reprimiu.

No período 54-58, em merecido reconhecimento pola tarefa desenvolvida no seio da colectividade, integrou como vocal a Honorável Junta Directiva do Centro Galego de Buenos Aires, colaborando na comissom de cultura e acçom social. No ‘56, coincidindo com o centenário do histórico “Banquete de Conjo”, celebrou-se em Buenos Aires o Primeiro Congresso da Emigraçom Galega em América. Assistírom, entre os delegados vindos de todo o continente, Emílio Gonçález Lôpez, por Nova Iorque; Gerardo Álvarez e Maximiliano Matalobos, por Cuba; Marcial Fernández e Francisco Comessanha, por México; José Velo Mosqueira, pola Venezuela; Luís Tovio, Canaval, Meilám e Martínez Castro, por Montevideu; e Ramom Suárez Picalho, polo Chile, além de inúmeras e importantes representações da colectividade galega da Argentina. Deste congresso, presidido por Manuel Puente, Abraira também foi secretário.
Em 1968 celebrárom-se nesta cidade os “Jogos Florais do Idioma Galego”, aos que assistírom, entre outros escritores argentinos de importância, Jorge Luís Borges e Francisco Luís Bernárdez, de antepassados galego-portugueses. Abraira participou da sua organizaçom, sempre de atrás, ainda que apareça como secretário de actas.

Apaixonado, generoso e às vezes desmesurado, o seu amor à Galiza era total e irrestrito. Impulsou com Manuel Pedreira o periódico reintegracionista Pátria Galega, cujo primeiro número apareceu em Abril de 1982. Nesse mesmo ano, assina o manifesto reintegracionista que ADIGAL vem de reproduzir no seu número 4, como antecedente histórico desse movimento. Aqui quadra novamente precisar que ele era o promotor, o autor da ideia, o que punha a trabalhar os que deviam redigi-lo, assiná-lo, enfim, o que na penumbra imaginava, concebia, juntava, aguilhoava. Sua foi a ideia dos “Simpósios Internacionais da Língua Galego-Portuguesa” organizados em Buenos Aires polos Amigos do Idioma Galego, que entom eram alunos dos cursos reintegracionistas, daquela sem outra estrutura orgânica que o seu cérebro febril. O primeiro reuniu-se na Biblioteca do Centro Galego de Buenos Aires, os dias 12 e 13 de Agosto de 1983, com assistência de linguistas da Galiza, área luso-brasileira, Catalunha e a Argentina, e com a presença especial da doutora Maria do Carmo Henríquez Salido, presidenta da AGAL. O segundo Simpósio, em memória de Rosalia no centenário do seu passamento, celebrou-se no mesmo âmbito, os dias 22, 23 e 24 de Agosto de 1985, com a presidência de honra da doutora Henríquez Salido e do insigne professor doutor Ricardo Carvalho Calero. Repitamos o que já se dixo desses acontecimentos: “Cúmpre salientar que tanto nua como noutra ocasiom a organizaçom dos actos contou com a animaçom de José Bieito Abraira, o Tavão, sempre aguilhoante, às vezes enfadonho mas nunca claudicante”.

O sábado, 5 de Setembro de 1987, já convalescido dua intervençom cirúrgica, estivo como sempre nas aulas de galego reintegrado, entom ditadas fora do Instituto a causa da atitude prevalente. Sente-se mal, concorre ao Centro Galego e, ingressado, morre às dez e trinta do dia seguinte. Em 1983, ante a presidência da AGAL, predixera que antes de cinco anos teria de reunir-se com os que se adiantaram a partir. Muitos som os que lembrando as suas palavras desses momentos tenhem a convicçom de que ua percepçom quase extra-sensorial dos acontecimentos políticos que na Galiza estavam para produzir-se deitou a gota que transbordou a copa da sua tristeza e o levou a deixar-se morrer. Que a paz esteja com ele, que tempos melhores virám e o seu espírito estará presente.

Poema de Ernesto Guerra da Cal

@s amig@s da Fundaçom Artábria cumprem seis anos, e vam-no celebrar com umha magnífica grelha de actos. Nom deixedes de consultar a sua página. Para eles e elas, vai este poema de um poeta de por alí, um ferrolano que morou durante muitos anos em Lisboa.


SETEMBRO

O azul do mar
Está indolente e velo

A luz do ar
Se espalha enternecida

Agonia
De
Veludo amarelo
Num
Verdor e calor já decadentes
E um
Rodopio de folhas em fugida

Os
Pássaros emflor
(de Mallarmé)
murchando-se de amor
despedem o veräo
que
já näo é
mais que um vago fulgor
pela outonia crescente
esmorecida
e o
plangente arrebol
do
frágil
sol

segunda-feira, setembro 06, 2004

Desporto e identidades nacionais

Hoje quero reflectir sobre um assunto “doméstico”. Concretamente quixera reflectir sobre um assunto que a muitos lhes parecerá trivial, mas que a nível cultural e simbólico tem a sua importáncia, e mais num país cuja sociedade necessita referentes sólidos para reforçar a sua auto-estima colectiva.

Venhem de se clausurar recentemente os Jogos Olímpicos de Atenas, e os méios de comunicaçom radicados na Galiza derom um bombo considerável às medalhas obtidas em piragüismo polos palistas galegos Teresa Portela e David Cal. Os méios fieis a Espanha é lógico que o fagam, porque som hostís a qualquer intento de que o desporto galego tenha voz própria em competiçons internacionais. Segundo o seu discurso, os desportistas galegos ao máximo ao que podem aspirar é a representar a Espanha em eventos como as Olimpíadas, campionatos mundiais ou europeus. Mas parece-me um erro de plano por parte de méios que se dim nacionalistas apresentar estas medalhas como um logro do desporto galego ou para a Galiza. Nom digo que as medalhas careçam de mérito, e até me pode parecer lógico que o Concelho de Cangas receba com honores ao David Cal. A mim os desportistas que compitem em disciplinas individuais, som os que mais admiraçom me merecem, pola força de vontade e sacrifício dos que tenhem que fazer acópio. Mas estes desportistas, igual que o triatleta Iván Raña e outros dos que se destacava desde méios leais a Espanha as suas raízes galegas, nom competirom baixo outra bandeira que nom for a espanhola. Quando sobirom ao pódio, o que soou foi o hino da Espanha. No ránquin das medalhas, a medalha foi assignada a Espanha e, em qualquer caso desfilarom na cerimónia inaugural com a equipa olímpica espanhola. É lógico aliás que Espanha se atribua o éxito dessas medalhas, já que a fim de contas estes desportistas forom formados por Espanha. Outra cousa é que se denuncie o latrocínio de desportistas formados noutros países para que engrossem o palmarés do olimpismo espanhol.

O tema das medalhas da representaçom espanhola, algumhas conseguidas por atletas galegos, trouxo-me à memória um velho debate que de quando em vez reverdece, o debate sobre o direito das consideradas nacionalidades históricas a têr selecçons desportivas próprias. Estám-se desde há anos a dar passos no caminho de que Catalunya e Euskadi poidam concorrer com selecçons próprias nas competiçons oficiais de certos desportos. O primeiro passo já se deu há muitos anos; as selecçons basca e catalana de futebol existem ainda que nom poidam por enquanto participar em nengumha competiçom, e a sua actividade se limite a um jogo amigável ao ano. Também Andaluzia tem selecçom própria, junto com Cantábria, La Rioja...e nom sei se algumha Comunidade Autónoma mais. Galiza nom tem, pola falta de vontade política do governo autonómico, sobre tudo. Quiçá também por falta de pressom social neste tema. A cúpula federativa do futebol galego foge do tema como do demo, ao espanholismo a ideia lhe provoca umha ira mal disimulada e os directivos dos clubes nom estám dispostos a apoiar a demanda, polo menos no caso dos grandes, o Celta e o Deportivo. A reivindicaçom surgiu do sector mais jovem da afeiçom galega, principalmente de sectores juvenís das torzidas do Celta e do Deportivo.

Pouco se pede. Apenas que Galiza tenha umha selecçom de futebol própria que poida desputar um jogo ao ano, como fam as outras. Claro que os espanholistas nom som parvos. Sabem que esta reivindicaçom do sector mais nacionalista tem a ver com umha falta de identificaçom com os símbolos da “naçom espanhola”. Sabem também que umha selecçom galega de futebol, com o peso que tem o futebol na sociedade galega, seria aginha um elemento identitário que poderia ser “aproveitado” politicamente por quem pretende incutir na populaçom sentimentos que nada tenhem a ver com o patrioteirismo espanhol. Que se poderia criar umha certa fidelidade entorno a umha instituiçom que nom necessariamente iria associada à bandeira espanhola. O sentimento nacionalista galego teria um ponto de apoio num campo que nom lhe é propício normalmente, porque os senhores do futebol estám inequivocamente com Espanha. Esse é o problema; um problema político e por isso há que o plantejar em termos políticos. Nom deve causar nengum pudor que se nos risque de “meter política no futebol” quando as motivaçons para empecer umha selecçom galega som puramente políticas.

Nom devemos negá-lo; quem defendemos umha selecçom galega de futebol, quem defendemos umha lei de selecçons desportivas para Galiza, é com a esperança de um dia ver aos e às nossas desportistas a competir em eventos internacionais de carácter oficial baixo a bandeira galega. É precissamente a perspectiva, ainda que for remotíssima, da Galiza enfrentando-se à Espanha, com todo o que isso poderia significar, o que provoca o rejeitamento visceral de um espanholismo que responde sempre que há problemas muito mais importantes que resolver, mas que nom poupa beligeráncia a respeito da ideia. Adoita-se dizer que na Galiza nom há jogadores de qualidade, que umha selecçom galega faria o ridículo...mas nom pode ser esse o problema; se assim fosse quê problema haveria? Tendo em conta que essa selecçom galega nom lhe havia furtar jogadores à selecçom espanhola, nem às duas equipas galegas mais grandes...o único que realmente preocupa é o cenário de umha Galiza enfrentando-se à Espanha cá na Galiza, com um sector da afeiçom que torzesse por Galiza e, o que é pior para eles, que se alegrasse da derrota da Espanha, ou que nom ficara contente com a sua vitória. Esse e nom outro é o problema. Nom é um problema de calendário para os clubes, nem um problema de compatibilidade com a selecçom espanhola. Nem sequer um problema de viavilidade desportiva. Eu estou absolutamente seguro de que há jogadores galegos na terceira divisom espanhola que estariam encantadíssimos de jogar numha selecçom galega. Mas, repito, o problema é político. Que os que mandam agora na Galiza tenham que assistir a que o futebol se converta num fenómeno de massas inassumível para eles, onde nas bancadas apareça essa bandeira à que eles lhe tenhem tanto ódio e tanto medo ondeando de forma massiva, é a pior desgraça que lhes pode sobrevir.

domingo, setembro 05, 2004

Apontamentos sobre a guerra do Iraque

Hoje estou com as sequelas de umha noite selvagem, em Carral, a poucos quilómetros de cá, onde houvo um concerto de Sugarless. Nom tenho muita vontade de escrever, de facto deveria estar na cama, pouco dormim. Mas sinto como umha espécie de obriga moral para com aquelas pessoas que sei que visitam o blog, ainda que nom sempre deixem comentários.

Há umha cousa que quixera comentar. Para meados de Outubro está prevista umha grande marcha de trabalhadores e trabalhadoras sobre as ruas da cidade de Washington. Parece que a sociedade norte-americana está a baixar da nuvem, e porfim se está a opôr de maneira maioritária à guerra imperialista do Iraque. Isto nom acontece desde o Viet-Name. Naquela altura os ianques sofriram umha derrota militar sem precedentes. Agora, pode que afinal consigam aniquilar a resistência iraquiana, mas a derrota política já está cantada. George Walker Bush, o fascista e megalómano ditador estadounidense, passará à história com a vergonha de ser o presidente norte-americano que mais unanimidade criou entorno à causa anti-belicista. Mas é especialmente significativo o facto de que nos Estados Unidos se produza umha movilizaçom operária com umha motivaçom tam claramente política. Que os sindicatos operários se movilicem nos USA contra a guerra, significa que até que enfim se está a pôr o debate sobre a guerra do Iraque no plano exacto...esta nom é umha guerra contra o terrorismo, nem para libertar ao povo iraquiano da ditadura de Saddam; esta é umha guerra que necessitavam declarar as multi-nacionais do petróleo. Que eu venha descobrir isto nesta altura, resulta ridículo, mas note-se que falo dos USA. Que o grau de demencialidade de George W. Bush lograsse quebrar o forte sentimento patriótico dos norte-americanos e que apareça umha fenda na sociedade ianque entorno a um tema de política exterior como este, quando as diferenças no que di respeito da política exterior entre os dous grandes partidos dos USA som de matiz e pouco mais, e que a causa anti-belicista nos USA cobre este cariz de classe num país onde a vanguarda dos protestos contra qualquer guerra é exclussiva de organizaçons pro-direitos humanos e pacifistas, significa que esta crise está num novo chanço.

Para mim é motivo de esperança o facto de que o tema tome este cariz no próprio coraçom do império, mas é pena que no Iraque nom seja assim. Pouco ou nengúm protagonismo tem a esquerda na resistência patriótica iraquiana. Som grupos islámicos os que estám a protagonizar esta justa luita, o que nom deixa de ser umha realidade que reflicte os resultados de um trabalho prévio, por parte do império, de extermínio de qualquer esperança revolucionária neste país. Para isso sobiu ao poder Saddam, para aniquilar a esquerda. Isto nom significa que no Iraque nom haja comitês operários que organizam a auto-defesa nos bairros populares ou que tomam fábricas, confrontando-se praticamente por igual aos ocupantes e aos grupos islámicos. Mas a sua presença é praticamente marginal em comparaçom com os islamistas. A queda da URSS empece que se fagam fortes grupos revolucionários na regiom, por carecer estes dos méios dos que disponhem os grupos islámicos. Nom há umha potência amiga que arme a estes grupos. Por contra, sim há quem arme aos islamistas. Isto fai com que muita gente dos bairros operários acabe somando-se a grupos islámicos, ainda que nom comungue ideologicamente com eles. Eu acho esta realidade dramática. Se bem creio que se pode forjar em Ocidente, entorno à experiência da luita anti-belicista, a base para umha nova resistência anti-capitalista, é bastante preocupante que a guerra do Iraque se dirima principalmente entre os ocupantes por um lado e os partidários de um estado islámico polo outro. O horizonte nom é nada esperançador no Iraque, e por cima a guerra vai para longo...

sábado, setembro 04, 2004

Sobre a falsa alternativa de Camilo Nogueira

Calculado confusionismo ou intencionada ambigüidade
Carlos Morais
As delirantes declaraçons que a redacçom do mensal Novas da Galiza destaca como manchete da entrevista realizada no número de Agosto a Camilo Nogueira nom podem passar despercibidas para a esquerda independentista. Afirma o ex-candidato do BNG ao Parlamento Europeu que "O nacionalismo galego deve oferecer um projecto radical a partir da esquerda". A estas alturas, com um BNG em profunda crise interna, -cuja último episódio fôrom as demissons de dous vereadores de Ferrol-, carente de liderato, com um discurso esgotado e sem credibilidade, situado ideologicamente em parámetros centristas, com propostas e acçons de governo claramente de direita, agindo em muitas ocasions ao serviço do grande capital, resulta esperpêntico que umha das caras mais conhecidas desta força política realize afirmaçons deste calibre, mais próprias dos sensacionalistas programas televisivos que o Capital emprega para aprofundar na alienaçom de massas, do que de um dirigente político que se considera e tem fama de sério e rigoroso.
O senhor Nogueira, que tem o "mérito" de defender ideologicamente as posiçons autonomistas e social-democratas há mais de duas décadas, nom pode afirmar com tal descaramento que o movimento nacionalista que ele contribuiu para domesticar e encarreirar como força que nem questiona Espanha, nem a divisom em classes, deve ofertar propostas radicais a partir da esquerda. Ou bem o jornal nom recolheu com exactidom as suas declaraçons, o qual nom seria surpreendente, ou procura lançar um serôdio desafio a Quintana e a quem dirige o Bloco, ou entom a deturpaçom do revisionismo que professa considera que a esquerda radical som esses tam na moda foros de Porto Alegre financiados pola Internacional Socialista, os governos europeus, a Igreja Católica e o PT de Lula.
Mas dom Camilo tivo bastantes ocasions, primeiro como pretendente a líder do BNG no processo assemblear em que nom atingiu os suficientes apoios para ser o candidato à presidência da Junta da Galiza, e posteriormente na campanha do 13J, para expor e desenvolver com luxo de detalhes em que consiste o seu projecto radical a partir da esquerda para o nacionalismo.
O que sim é certo é que este tipo de entrevistas, como a orientaçom das notícias que o NGZ realiza, semelham procurar o desconcerto e a perplexidade entre os sectores operários e populares que nos últimos anos venhem pondo em andamento o novo independentismo galego, -este sim como projecto radical a partir da esquerda-, mais do que contribuir para fortalecer umha massa crítica afastada das falsas promessas com que o reformismo autonomista continua a enganar, afortunadamente cada vez menos, trabalhadoras/es, jovens e mulheres.
Umha outra hipótese que nom devemos descartar, e que as leitoras/es poderám já ter avaliado, é que, com a sua dilatada experiência e veterania, Camilo Nogueira tenha aproveitado a entrevista nesse meio para sementar contradiçons no processo político aberto neste Dia da Pátria polas forças independentistas e socialistas galegas. Embora consideremos improvável esta possibilidade, sim é umha evidência que Camilo Nogueira pretende adulterar a realidade.
No crepuscular deste mês de Agosto, é responsabilidade da militáncia comunista desmascarar todas as políticas conciliadoras que anacrónicos e milenaristas discursos continuam a defender no seio do movimento revolucionário galego. Por muita radicalidade que semelhem exprimir, por muitos apelos a "gloriosos e maquilhados passados", estas práticas que evitam realizar umha demarcaçom clara entre as posiçons de classe do soberanismo e o interclassismo do autonomismo, tam só pretendem que a nova esquerda independentista continue a ser a versom a cores do autonomismo, um mero satélite do parlamentarismo frentista. Mas hoje o cordom umbilical de que se resistem a desprender-se foi seccionado pola praxe política de centenas de experiências e luitas, polo combate intrasigente de quem sabe que, para construir um mundo novo, para levantar essa Galiza vermelha, lilás e soberana, nom servem ferramentas oxidadas e emprestadas.
Hoje, o novo independentismo socialista sabe que os dirigentes do BNG e da CIG se vendêrom ao grande capital, que Paco Rodrigues e Suso Seixo optárom por apoiar os interesses de Tojeiro na instalaçom da planta de gás de Reganosa. Que preferem defender Pescanova, Inditex ou Froiz que as condiçons de vida do povo trabalhador desempregado, precarizado, com salários em atraso, sem direitos laborais.
Viu o 11 de Março Quintana e os dirigentes do BNG e da CIG abraçados a Fraga e ao fascismo, defendendo a unidade de Espanha e a Constituiçom emanada do franquismo. Opujo-se à aplicaçom das receitas neoliberais que privatizárom serviços públicos nas cidades que governárom com o PSOE. Nom se surpreendeu quando o BNG optou por aderir à normativa isolacionista que combatera durante décadas. Segue com atençom as propostas de reforma estatutária que o BNG propugna para regenerar Espanha após ter constatado mil e umha vezes como renunciou a defender a reivindicaçom de autodeterminaçom, agora relegada para que aprendizes de burocratas profissionais a saquem de passeio na processom laica que ainda convocam nas ruas de Compostela cada 25 de Julho. Aprendeu que esse obssessivo e doentio fetichismo pola defesa da ordem social vigorante, -chame-se Monarquia, Costituiçom, Perejil, ou Democracia espanhola-, que atravessa o conjunto do nacionalismo galego, tam só constata que o prédio sobre o qual se levanta está completamente apodrecido.
O BNG ainda nom adoptou decisom algumha sobre que fazer, que posiçom adoptar, no referendo sobre a Constituiçom Europeia, a da Europa do Capital, os Estados, o Patriarcado e a Guerra.
Nom queremos participar em nengumha cerimónia da consfusom. Na Galiza, as propostas emancipadoras, libertadoras, ou seja, o projecto radical a partir de esquerda, só é defendido pola esquerda independentista. Todo o mais som excessos dialécticos provocados pola canícula; inofensivos contos de Verao.
Galiza, 30 de Agosto de 2004

Cita em Combarro

POETAS NA RÚA 2004
III Festival Popular de Poesía, Poetas na Rúa 2004.
Domingo, 19 de setembro de 2004
Promove: Concello de Poio.
Presenta o acto central a escritora Marica Campo.
Participan no recital:
ALBERTE MOMÁN
BRAIS GONZÁLEZ
CARLOS FUENTES
CLAUDIA CASTRO
CRUZ MARTÍNEZ
DIEGO TABOADA
FERNANDO RODRÍGUEZ
IAGO CASTRO
NANA COROMOTO
RAMIRO VIDAL
Programa:
12.30. Praza da Chousa (Combarro). Inicio da acción poética "Poesía para a vida" de homenaxe a Xela Arias e Luísa Villalta. Consistirá na creación dun poema colectivo con participación de toda persoa interesada que queira deixar uns versos propios ou alleos sobre un papel de varios metros estirado sobre o chan da praza.
17.30/18.30. Praza da Chousa (Combarro). Participación na acción poética de homenaxe dos/as poetas convidados/as.
18.30. Praza de San Roque (Combarro). Recital poético-musical. Presentación a cargo de Marica Campo. Recital poético dos/as poetas participantes. Actuación musical.
(ás/aos que estamos "no allo" o concello convídanos despois a uns petiscos e uns viños no propio local do ateneo, na praza de San Roque, que a poesía pode resultar indixesta e sempre é mellor dixerila cuns grolos de bo viño palleta abaixo, ou de boa auga -para as/os que somos máis amigas/os das rás que dos mosquitos-)
Vémonos en Combarro o 19. Que ninguén falte.

quinta-feira, setembro 02, 2004

Mais informaçom sobre a Galiza

Para pessoal especialmente interessado na Galiza, vou recomendar algumhas ligaçons de diversas temáticas. Mas para começar, quem quixer saber mais de mim e das cousas que me arrodeiam, pode visitar as seguintes webs:

Quem quixer saber do concelho onde nascim:

www.ferrol-concello.es

quem quixer saber do concelho onde moro:

www.oleiros.org

quem quixer saber da organizaçom política na que milito:

www.nosgaliza.org

sobre a música do meu país, a seguir relaciono os seguintes endereços de bandas que executam música tradicional galega adereçada com arranjos actuais, às vezes próximos ao jazz ou ao rock, e também nalgum caso fussionando com músicas de outros países:

www.berroguetto.com

www.susanaseivane.com

www.luarnalubre.com

www.oscempes.com

www.xosemanuelbudino.com


facilito-vos também webs de informaçom cultural:

www.andar21.fiestras.com

www.ghastaspista.com

www.abretedeorellas.com

www.culturagalega.org

www.agal-gz.org

www.lusografia.org

www.bvg.udc.es

www.redesescarlata.org




Outras páginas de informaçom geral:

www.galizalivre.org

www.vieiros.com

www.anosaterra.com

www.radiogaliza.net

Bom periplo pola Galiza internética!!!

Esse estranho país...

Venho de digitar no “Google”, o pesquisador mais prestigioso da internet, a palavra “Galiza”, que nesta altura já umha boa parte de vós sabedes que é o nome do meu país. Num princípio, quando comecei a contactar com pessoas ante tudo do Brasil, era freqüente que os meus interlocutores nom souveram onde era que se encontrava esse estranho país, ou regiom, ou paragem, ou o que for, onde aparentemente se falava português, ou umha cousa parecida, mas que ninguém sabia ubicar no mapa. Claro, teria sido muito mais singelo passar por cima de disquisiçons de tipo político, e simplesmente dizer “sou da Espanha”. Mas, vam-me desculpar, a mim essa soluiçom resulta-me incómoda. Porque se digo que “sou da Espanha”, provavelmente, tendo em conta os clichés que por aí circulam da Espanha, me malinterpretem. Eu nom som andaluz, nom gosto de flamenco, nem de touradas...e nom falo espanhol. Sei-no falar, mas nom falo normalmente espanhol.

A minha terra, a minha pátria, bebe de herdanças culturais bem diferentes do que outros povos da Península Ibérica. A Loba, foi a primeira que se mostrou surpreendida do descobrimento que para ela supunha a literatura galega. A poesia em galego...às vezes manifestada como poesia em português, com a aportaçom dos matizes próprios do “galego”, se se quer fazer algumha distinçom entre o que falamos cá e o que se fala noutras terras de fala portuguesa. Com essa ortografia às vezes espanholizada, com essas extrvagáncias gramaticais, mas com palavras tam portuguesas como “cadeira”, “coelho”, “marinheiro”, “borralha”, “névoa”...

apenas o Bernardes tinha certa familiariedade com a literatura galega, conhecia a Rosalia de Castro (Dezia e suponho que seguirá a dizer Chicco Buarque, que se orgulhava de cantar na língua de Camöes e Rosalia...) de resto, o pessoal mostrava perplexidade, perguntava onde era que estávamos e resultava-lhe ainda mais espantoso ouvir falar num território baixo administraçom espanhola onde se dá a circunstancia que nasceu a língua que eles falam.

Recomendo-vos que digitedes no mesmo pesquisador ao que eu recorrim a palavra “Galiza”. Aparecerám 639.000 (639.000!!!) resultados que incluim essa palavra. Será um pequeno exercício de investigaçom, que mesmo pode resultar divertido. No entanto, eu agradeço aos meus visitantes habituais; Karla, Déia, Debinha, Loba, Mónica, Antônio, Bernardes, Sônia...que tenham tam infinita paciencia comigo, e que sejam tam amáveis. Quê boa é a gente brasileira, polo menos a que vou conhecendo. Também agradecer que algumhas destas pessoas me incluiram nas ligaçons do seu blog. Oxalá isto serva para que aí, ao outro lado do Atlántico, conheçam o nosso país...

quarta-feira, setembro 01, 2004

Estas cousas acontecem...

A minha amiga Sónia pede-me que divulgue esta história de violaçom sistemática de direitos fundamentais. É no Brasil, num centro de ensino, mas aquí nom estamos livres de que aconteçam cousas parecidas. De facto, pode que o que cá se conta, nom nos sone nem tam longíquo, nem tam estranho...

----- Original Message ----- From: "Sonia" <tlusty@uol.com.br>To: <andreamato@sp.gov.br>Sent: Thursday, August 26, 2004 2:05 PM
Subject: CARTA AO GOVERNADOR Sr Governador do Estado de SP. Geraldo Alckmin

Eu Sônia Furlanetto, conforme documentação abaixo venho por meio desta pedir ao V.S.as, que tome providências relacionada à Escola Estadual Antônio Francisco Redondo, à referida pertence à DIRETORIA NORTE I que não tem mais limites para coagir os alunos.

Minha filha Nicoli Presidente do Grêmio Estudantil deste estabelecimento pediu que Escola que mostrasse o livro caixa, a Direção da mesma se negou, alegando que não existe livro caixa, sendo que promoveu durante o primeiro semestre bailes cobrando dos alunos um valor R$ 3,00(três reais) que era destinado parte da verba para promover um campeonato realizado todos os anos nessa Escola. Bem como mantém os banheiros fechados e a sala de informática não pode ser utilizada pêlos alunos.

Por fim me ofendeu moralmente colocando em dúvida minha sanidade mental e a moral das minhas filhas. o que segue abaixo na documentação. Semana passada foi realizado nessa Instituição um Protesto frente as queixas, sendo que depois de uma semana na véspera das provas bimestrais minha filha foi suspensa por dois dias da aula com mais 59 alunos. Hoje as 13:00 quiseram promover um novo protesto agora por conta dos alunos que foram suspensos e a Diretora Prof. Lia, alegou a Milene que essa seria expulsa da Escola, ela também faz parte do Grêmio. Eu já não tenho mais à quem recorrer pesso à V.S.as., que leia todas as denúncias feitas. Lembrando ainda que sou Psicóloga e Professora e participei das Eleições 2000 como candidata à Vereadora pelo PV., tendo conhecido o Sr. pessoalmente, acredito que não deva se recordar visto que muitas pessoas passam por nossa vida política, mas acompanhei de perto o seu trabalho na ocasião e um dos encontros de campanha foi no SINTRACON, café da manhã realizado pelo Pres. Sr. Ramilho, onde por coincidencia o Sr. também conheceu a minha filha. Lembrando ainda que não faço parte dessa campanha.

Sem mais, Sônia Furlanetto>>> -----


Original Message ----- > From: "Sônia" <tlusty@uol.com.br>> To: "Ouvidoria" <Ouvidoria@edunet.sp.gov.br>> Sent: Wednesday, August 04, 2004 1:39 PM Subject: Re: Resposta Secretaria de Estado da Educação OUVIDORIA Tel: 3218-2129 Nome completo: .Sônia Helena Tlusty Furlanetto.................................................................. Email: .tlusty@uol.com.br.................................................... Escola onde o fato ocorreu: Escola Estadual Antônio Francisco Redondo..................................................................... ....... .... Diretoria de Ensino (ou Bairro): .NORTE I......................................................................... Descrição da reclamação:
Eu, venho reclamar à forma que fui recebida pela Diretora dessa Unidade que me expôs de maneira desagradável na reunião de HTPC, na frente dos professores e Coordenadora. Bem como essa Diretora pêlos poderes que lhe foi concedido pelas notas que minha filha recebeu no último semestre, disse que elegerá outro presidente para o Grêmio.

Alegando estar baseada naLDB (LEIS DE DIRETRIZES DE BASE) Fica claro vendo as provas que fez que sua nota ficou abaixo do que deveria em especial à matéria Química.

Ela como Presidente tem o direito de usar a sala de informática, mas os demais alunos, apenas alguns podem usa-la, mesmo quando ali têm professores. Os alunos que não dispõem da Internet, precisam pagar para fazer os trabalhos, como elas no ano de 2003.

Tem a questão dos bailes que foram promovidos nessa unidade e cobrado à entrada para os alunos de R$ 3,00 (três reais). Organizado e controlado pelo Prof. Eduardo vice-diretor e pela professora de Matemática Angelina.

Para fazer a todas essas queixas fui a Diretoria de Ensino Norte I e protocolei a minha queixa, conversando com a Prof. Regina supervisora da Escola, além de achar que estou equivocada me disse deveria tirar minhas filhas da Escola já que não estou contente com a escola referida.

E para encerrar à semana passada numa reunião que houve com alguns pais, o Prof. de Educação Física Renato e a Diretora falaram aos pais que minha filha Nicoli Tlusty Furlanetto do 2º G é uma líder negativa e manda na sala que é uma péssima influência para os colegas, bem fizeram uma acusação muito séria. E eu como mãe peço as devidas providências, visto que percebi uma certa conivência por parte da Diretoria é claro que pela maneira que fui recebida.

Sem mais agradeço à atenção dessa ouvidoria.................................................. ..................................................

Já fez esta reclamação anteriormente na Escola ou Diretoria de Ensino?
( ) sim (X ) não
Autoriza a divulgação do seu nome na reclamação? (X ) sim ( ) não